Chefe - Inspirado em 365 dni

Marido e Mulher

O restaurante que Lorenzo escolheu é elegante e bonito. Há poucas pessoas, em mesas distantes da nossa, a música é ambiente e o ar condicionado me causa pequenos arrepios de frio. Lorenzo percebe e levanta de sua cadeira para cobrir meus ombros com sua jaqueta jeans. Ele senta novamente na cadeira em frente à minha e abre um sorriso fofo.
- Obrigada, amor. - digo
Antonella ficou em casa com Lorena e Victor. Eles também viriam, mas minha melhor amiga passou mal e eles preferiram ficar em casa e pedir algo. Aliás, Lorenzo e eu precisamos de um momento sozinhos.
- Você está linda com esse vestido, Lara.
Seus olhos descem para meu vestido branco, tubinho, no estilo anos 70. Meus cabelos estão presos em um rabo de cavalo alto e minha maquiagem é básica. Seus olhos castanhos tem o mesmo fascínio a qual eu já estava acostumada, isso me faz corar.
- Você também está.
Lorenzo está vestindo uma calça jeans preta e uma camisa da mesma cor, de algodão. Seu sorriso abre ainda mais e somos interrompidos pelo garçom que pergunta o que vamos comer. Lorenzo escolhe seu prato e eu o meu, em seguida pede um espumante. Seu francês é impecável e me pergunto quantas línguas ele domina. A escolha por Paris foi minha, eu a acho linda e nunca tive oportunidade de conhecê-la. Quando dei a ideia para Lorenzo, ele adorou e Lorena entrou em êxtase. Ele estende a mão na mesa com a palma virada para cima e eu coloco a minha por cima da sua. Seus olhos vão até o anel em meu dedo, cintilando contra a luz fraca.
- Eu adoraria ter te recebido naquele altar.
Sua expressão está, de repente, bastante triste.
- Ainda podemos fazer isso.
Quando ele me olha, seus olhos recuperaram o brilho de antes e sua boca se abre sutilmente. Surpreso.
- Você ainda quer?
- É claro.
Lorenzo abre outro sorriso de tirar o fôlego e leva minha mão até os lábios, prolongando o seu beijo quente lá. Ignoro a agitação no meio das minhas pernas.
- Então nós vamos! - diz - Pode ser daqui a um mês, e...
- Eu quero que seja hoje. - interrompo-o
Seus castanhos arregalam-se e ele está novamente surpreso.
- Mas... não temos nada... convidados, buffet.
- Só preciso de você, e das três pessoas que estão naquele apartamento.
Não há nenhum sinal de dúvida em minha voz, eu nunca estive tão certa de algo. Lorenzo percebe isso e abre outro sorriso, incrédulo.
- Onde?
- Essa cidade deve ter alguma igreja aberta.
Lorenzo balança a cabeça algumas vezes e nossas comidas chegam. Jantamos enquanto ele me pergunta sobre meus planos. Ele ri quase sempre, começando a aderir minha maluquice.
- Então, você quer levar Lorena, Victor e Antonella até alguma igreja e casar durante a noite?
- É exatamente o que eu quero.
- Com uma condição.
- Qual?
Ele coloca a última garfada na boca, com um sorriso presunçoso.
- Você tem que me dar outro filho.

Lorenzo bate na porta alta de madeira, que está fechada. Depois de várias tentativas, um homem jovem nos atende. Ele está usando um roupão e seus olhos estão inchados de sono. No meu relógio, passam da meia noite.
- Posso ajudar? - indaga
- Na verdade, pode sim. Nós precisamos casar.
- Desculpa? - o homem parece confuso
- Eles dois precisam se casar hoje! - Lorena diz, massageando a barriga
- A igreja está fechada, não há nenhum padre desse ramo disponível, então...
- Você não é... padre? - pergunto
- Bom, sou, mas nunca fiz isso e... eu não sei.
- Somos só nós cinco. Só queremos casar oficialmente e ir embora. - peço
O homem olha pra Lorena grávida, para Antonella dormindo no colo de Lorenzo e para nossas mãos dadas. Ele suspira.
- Vocês estão muito apaixonados para não poderem esperar até amanhã, né?
Abrimos um sorriso e o homem abre a portada igreja  para que entremos. O lugar está vazio, e é muito bonito.
- Vou colocar minha batina. Comecem a ensaiar suas posições.
O padre some em uma porta e Lorena me puxa até próximo da porta, enquanto Victor, Lorenzo e Antonella de distanciam em direção ao altar. Ele olha para mim por cima do ombro e abre um sorriso encorajador.
- Eu amo você. - ele sussurra
Quando estamos sozinhas, Lorena me entrega uma rosa vermelha, solitária. Segura meu rosto com as duas mãos minúsculas e abre um sorriso lindo que parece com o de seu irmão.
- Vai ser o momento mais feliz da sua vida!
- Já está sendo. Obrigada por estar comigo.
- Eu estou tão feliz por vocês!
Meus olhos enchem de lágrimas e os dela também. Seguro sua mão em meu rosto e olho no fundo dos seus olhos castanhos.
- Entra comigo?
- É claro. Amo você, amiga.
- Eu amo você, Lore.
Não abraçamos por um longo tempo e então ouvimos a voz do padre. Ele aparece com a batina e um grande livro. Respiro fundo e não largo a mão de Lorena. Estamos escondidas, perto da entrada da igreja.
- Está pronta? - pergunta
Solto a liga que prende meu cabelo em um rabo de cavalo e deixo meus cabelos caírem até a minha cintura.
- Sim. - digo com convicção
Lorena me puxa com sutileza até o corredor principal da igreja. O padre, Lorenzo e Victor com Antonella no colo, me aguardam no altar. Sinto meu coração mais acelerado do que nunca esteve antes, em todos os momentos felizes, perigosos e tristes, nunca me senti assim. Engulo o nó na garganta e me convenço a não chorar antes do casamento começar. Lorena enlaça seu braço no meu e nós caminhamos até eles. Tudo o que consigo me concentrar é em Lorenzo, com as mãos cruzadas em frente ao corpo, com o sorriso mais lindo do mundo e aquele olhar de fascínio. A marcha nupcial toca em minha cabeça e eu imagino a igreja com meus familiares, o vestido que casaria em Roma, mas por algum motivo, casar da forma que estava casando parecia bem melhor. Simples. Particular. Único. O marco do começo de uma nova história e a oportunidade de ter a vida que sempre sonhei ao lado de Lorenzo e nossa filha. A cada passo, mais perto meu noivo ficava e a ansiedade me consumia. Há dois anos atrás eu nunca imaginaria que casaria com outro homem além de Felipe, que teria uma filha linda, uma melhor amiga e cunhada a quem era leal, e Victor, meu grande amigo. Minha vida mudou drasticamente e eu não sei o que seria de mim se não tivesse conhecido Lorenzo Salvatore. Agarro sua mão assim que Lorena passa-me para ele. Seus olhos estão marejados e eu abro um sorriso, ele limpa uma lágrima que escorre na lateral de seu rosto, e depois outra.
- Estamos aqui para unir esse casal em matrimônio... - o padre começa
Todo o rito é feito e meu coração não ficou nem um pouco menos agitado dentro do peito. Sua mão na minha me passa a tranquilidade necessária, e sinto que posso enfrentar qualquer coisa no mundo se ele estiver ao meu lado. Lorenzo e eu ocasionalmente nos entreolhamos e sei que está tão nervoso quanto eu. Victor e Lorena estão na lateral do altar, com Antonella que acompanha os pais casando com os pequenos olhos brilhando.
- Lorenzo Salvatore, você aceita Lara como sua legítima esposa?
- Eu, Lorenzo, aceito você, Lara, como minha legítima esposa e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto.
- Lara Medeiros, você aceita Lorenzo como seu legítimo esposo?
- Eu, Lara, aceito você, Lorenzo, como meu legítimo esposo e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe.
Victor se aproxima e entrega uma caixinha preta para Lorenzo, que a abre e tira duas alianças. Sinto todo o ar escapar dos meus pulmões e me esforço para não continuar chorando.
- Lara, receba essa aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade.
Lorenzo segura uma de minhas mãos e coloca a aliança de casamento com gentileza. Seus olhos deixam escapar mais algumas lágrimas e eu abro um sorriso, tentando controlar as minhas. Ele leva minha mão aos lábios, depositando um beijo rápido. Pego de dentro da caixinha, a aliança maior e seguro uma de suas mãos entre as minhas.
- Lorenzo, receba essa aliança como prova do meu amor e da minha fidelidade.
Repito seu gesto e beijo sua mão, demonstrando todo o meu carinho e afeto.
- Pelo poder a mim investido, eu vos declaro marido e mulher.
Nossas mãos estão juntas, recusando-se a deixarem-se. Seu sorriso está largo e seus olhos brilham, sinto que estou com a mesma impressão.
- Pode beijar a noiva.
Lorenzo puxa minha cintura e coloca a outra mão em meu rosto, me puxando para perto. Minhas mãos encostam em seu peito, posso sentir seu coração inquieto. Nossos lábios se tocam e sinto toda a tensão e ansiedade irem embora. Não sinto sua língua, apenas seus lábios macios contra os meus. Ouço gritos de comemoração que vem de trás de Lorenzo. Ele envolve minha cintura com os dois braços e eu o seu pescoço, meu marido me tira do chão e roda nossos corpos.