Acordo com o ar frio circulando pelo quarto de Hotel. Um sorrisinho aparece no meu rosto, quando abro os olhos e a manhã de Sicília está sem sol, ao invés disso, foi substituído por pequenos flocos de neve. No Brasil, eu não via neve com tanta frequência, era quase raro, mas sem dúvidas meu clima favorito. Meus olhos abandonam a janela e procuram por Lorenzo. Nossa noite foi excepcional, eu estava pela primeira vez totalmente entregue à ele. Estava disposta a dar uma chance para gente. Minhas mãos tateiam o colchão macio, mas não encontro seu corpo. Viro, sonolenta, para achá-lo no quarto. Está vazio. Entro no banheiro, na cozinha, mas nada dele.
- Ele deve ter ido ao mercado. - tento convencer a mim mesmo
Sento na cama e espero paciente sua volta. Os minutos se transformam em uma hora, e eu encaro o teto tomada pela frustração. Pego meu celular e decido ligar para ele, mas então lembro que não tenho seu número. Bufo, irritada. Ele não pode ter me abandonado, seria cruel, até mesmo para ele. Espero mais algum tempo, e ninguém aparece, a não ser Zeus que sobe na cama ao meu lado com tanto sono quanto eu eu estava uma hora antes. Eu levanto e me rastejo novamente para o banheiro, abro o chuveiro quente e deixo que a água morna atinga o topo da minha cabeça, em seguida meu corpo dolorido da noite anterior. Minhas lembranças me arrastam para os momentos que tivemos na noite passada, e a única coisa que me faz saber que não estou louca, são as rosas vermelhas em um vaso com água ao lado da minha cama. Eu não as coloquei lá, o que me faz imaginar ele levantando sorrateiro antes do amanhecer, colocando minhas flores no vaso e indo embora. A raiva começa a borbulhar dentro de mim, respiro fundo para não chorar como uma criancinha. Decido confronta-lo. Era exatamente o que eu faria. Desliguei o chuveiro e fui até as minhas malas para pegar as primeiras roupas que visse. Escolhi uma calça jeans preta, rasgada nos joelhos, um moletom maior que eu da mesma cor, além de meus coturnos de salto alto. Saí pela porta sem me encarar no espelho, não me importei com meus cabelos bagunçados e meus olhos inchados, apenas saí.
- Bom dia. - a moça da recepção disse toda animada ao me ver
- Bom dia. - respondi de forma seca demais, me dando um pouco de remorso, mas continuei até o lado de fora atrás de um Táxi.
A viagem não foi tão longa, logo estávamos no enorme portão da mansão de Lorenzo. Desci do carro e dei socos fortes no portão até que um de seus seguranças aparecesse. Ele me olhou desconfiado por cima dos óculos pretos.
- Me deixa entrar! - rosnei
- Precisa de autorização, senhora! - disse
Puxei a carteira de advogada do bolso e coloquei na frente do seu rosto.
- Advogada dele! Agora dá licença! - rosnei, empurrando seu corpo para o lado com algum esforço
Apressei o passo até a porta principal, com raiva. Não tinha certeza se o homem da portaria me seguiria ou não, mas não me importava. Abri abruptamente a porta e avistei Lorena e Victor no sofá, assistindo tu juntos. Os olhos de Lorena se animaram e ela saltou do sofá, mas seu sorriso diminuiu quando leu minha expressão.
- Estou tão feliz por ver você! - ela disse, ainda sorrindo
- Cadê o seu irmão? - controlei a voz
- Lá em cima, mas é melhor você n...
Passei direto até a escada e subi apressada. Procurei no quarto em que costumava ficar, mas estava vazio, em seguida fui ao quarto do lado, onde ele levava suas conquistas, mas também estava vazio. Procurei em outros quartos até encontrar uma porta fechada, eu abri da mesma forma que abri a da sala. Então, lá estava ele, em seu quarto cinza, com alguns quadros de obras de arte na parede, um enorme closet e sua enorme cama de casal. Estava de bruços, sem camisa, apenas com uma calça de moletom cinza, seu cabelo ondulado estava caindo sutilmente em seu rosto lindo, os olhos estavam fechados, o rosto contra a almofada. Tão lindo. Me peguei pensando, depois me esforcei para controlar meus pensamentos.
- Demorou! - Lorenzo falou, ainda com os olhos fechados
Me aproximei em silêncio, como uma predadora feroz prestes a pular em sua indefesa presa. Seus olhos se abriram devagar, eu sabia que não estava com sono, passavam das dez da manhã, e ele acordou cedo. Seus olhos percorreram meu rosto e depois minhas roupas, até chegar nos coturnos. Um sorriso divertido apareceu em seu rosto e ele sentou na cama.
- Sabe, linda? - ele começou - Gostei desse seu visual mais... dark.
Eu estreitei os olhos, e minha raiva gritava nos meus ouvidos. Meus dentes estavam cerrados e eu fitava seu rosto, fuzilando-o com o olhar.
- Você é um cretino! - cuspi as palavras
- Talvez! - ele deu de ombros
- Como você pôde? - minha voz estava tão controlada e assustadora
- O quê? - Lorenzo perguntou com cinismo
- Eu confiei em você! - minha voz saiu menos determinada do que eu queria
Ele abriu um sorriso.
- Desculpa, Lara. Eu só estava...
Avancei em cima dele querendo tirar o sorriso presunçoso do seu rosto. Empurrei seu peito repetidas vezes, surtando como uma maluca. Eu sabia que estava sendo patética, mas eu não conseguia me fazer parar. Meu ego estava tão ferido, eu estava magoada, e as lágrimas estavam ameaçando caírem pelo meu rosto. Lorenzo não parecia nem um pouco afetado por meus empurrões, mas o sorriso desapareceu momentaneamente. Ele segurou meus pulsos me impedindo de continuar, me esforcei para me soltar dele, mas sem nenhum sucesso.
- Me solta! - ordenei
- Se acalma, linda... - sua voz estava mais baixa
- Não me chama assim! - rosnei, encarando seus olhos castanhos
Ele ficou em silêncio, analisando minhas emoções estampadas em meu rosto. Tomei coragem e continuei.
- Foi tudo um jogo, não foi? - minha voz me traiu de vez
Seus olhos estavam ardendo contra os meus, concentrados demais. Seu rosto se aproximou do meu, enquanto eu me debatia sob seus braços. Sua boca tão familiar encontrou a minha, seus lábios macios estavam ansiosos pelos meus, sua língua implorava para encontrar a minha, mas minha boca estava fechada.
- Para! - balbuciei, minha voz demonstrava toda a minha incerteza na recusa
Sua mão subiu até a lateral do meu rosto, intensificando a forma como sua boca pressionava a minha, então fui incapaz de resistir. Eu não respondia por nada que estava fazendo, como em um transe, não tinha controle de mim mesmo. Eu o queria, queria muito. Naquele momento eu soube. Nossas línguas se encontraram e nos conectamos, nossos movimentos eram perfeitos, eu estava sem fôlego. Ele largou minhas mãos presas e agarrou minha cintura, pressionando seu corpo no meu, eu podia sentir uma ereção se formando. Ele me carregou e eu enlacei sua cintura com minhas pernas, os dois braços agarraram seu pescoço. Lorenzo me deitou em sua cama macia, de costas no colchão, enquanto ele deitava por cima de mim, ainda me beijando. Sua boca afastou-se abruptamente da minha de repente, e abriu novamente um sorriso genuíno, enquanto eu ainda tentava reorganizar meus pensamentos.
- Foi só um jogo! - confessou, saindo de cima de mim.
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Chefe - Inspirado em 365 dni
Fiksi PenggemarLara é uma brasileira que se mudou para a Itália depois que o noivo conseguiu um emprego por lá. O que ela não esperava é que seria traída poucas semanas depois. Sozinha em uma cidade nova, ela terá que procurar por trabalho para se sustentar, conhe...