1. Beginning

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Seoul, Friday, 09 am.

Ouço um ruído baixo e uma voz fininha chamar por mim. Era Jeongsan, me chamando pela vigésima vez naquela manhã fria.
O céu estava escuro, e o tempo bem chuvoso. Tudo favorável para ficar debaixo das cobertas aproveitando a ressaca do dia anterior, mas o garotinho impaciente insistia em tentar me acordar.

- Mamãe, acordaaaaaaa. Está morta?- perguntou.

Insisto em ficar de olhos fechados até o meu corpo começar a ter forças para levantar. Mas não demorou um minuto se quer, para que ele começasse a querer soluçar, me fazendo abrir os olhos e abraça-lo fortemente, afim de acalmá-lo.

-Bom dia, gatinho. Dormiu bem?- perguntei com olhos fechados de sono.

- Onde você foi ontem??- perguntou, me olhando desconfiado.

-Mas você não estava quase chorando?- digo soltando-o e sentando na beirada da cama.

- Ontem você chegou maluquinha. A Hwa noona te deitou e você mimiu. Daí ela me levou pra minha cama, me fez nanar e foi embora.

Fui me lembrando dos momentos da noite de ontem, e meus amigos... Que coisa mais feia! Me lembro da Mya e do Hobi se pegando dentro do banheiro da balada, e eu tenho quase certeza que estava para transar com o Max também. A bebida humilha.

- Pra lugar nenhum. A mamãe só teve que voltar a trabalhar um pouquinho mais. - MENTIROSAAAA.

- Você fez igual um bebezinho, sabia?- o olhei preocupada, e senti um frio na barriga.

- Como assim, filho? - o puxei para o meu colo olhando atenta.

- Você vomitou - olhei com os olhos arregalados de vergonha.

-Tá com fome? Que tal tomarmos um chocolate quentinho?- mudei de assunto.

- Sim, noona.

-Já conversamos sobre isso, é mamãe, filho. Não sou a Hwa, eu sou a sua mãe.- digo.

- E papai? Quero um papai também.- disse entusiasmado.

- Pensei que já tivéssemos conversado sobre isso, Jeongsan.- Digo séria me levantando da cama.                                                                                                                 Eu teria respostas para todas as perguntas que esse garotinho curioso fazia, menos para esse assunto em específico. Sempre evito falar sobre o Jeon, pois é um assunto extremamente delicado para mim.

- Mas você não fala de papai nunca. Eu só queria tanto ter um papai, como os meus amiguinhos da escola.- disse cruzando seus pequenos bracinhos.

Não era primeira vez e nem seria a ultima que ele faria aquele mesmo comentário. Aquela situação me deixou tão incomodada, que essa sutil resposta fez com que eu perdesse toda a paciência. Nem pensei, um segundo sequer, em medir as palavras para um garotinho de 3 anos.

- Acho que já conversei com você, não é? Entenda de uma vez, não quero falar do seu pai! - exclamei alto.
Quando me dei conta, ele já estava assustado, com os olhos cheios de lágrimas e um beicinho se formava.
Oh não, ele provavelmente começaria a chorar.

Respirei bem fundo, e antes que eu começasse a falar, ele desce da minha cama, pega seu ursinho do chão e vai para seu quarto.

Me acalmei e me levantei indo em direção ao seu quartinho. Quando abri a porta cinza, me deparei com o garotinho sentado no cantinho do quarto, abraçado com seu ursinho. Me aproximei e a cada passo que eu dava, mais ele fechava a carinha pra mim.

- Você desculpa a mamãe por ter gritado?- perguntei me abaixando e olhando em seus olhinhos. Mas aparentemente ele não queria conversa.

- Não quero te olhar- disse desviando o olhar.

-Que coisa feia, não pode virar os rosto assim pra mamãe. Me desculpa, neném.

- Não sou neném. Já sou um moço grande, ó - disse e levantou os bracinhos jurando que era musculoso.
"Talvez ele tenha esquecido" pensei, mas durou pouco, pois ele logo virou a cara novamente.

-Ok. Quer ficar sozinho com o Tutti, aqui no quartinho?- Perguntei me levantando. O pequeno olhou para mim e assentiu.- Tudo bem, mamãe vai te dar seu espaço. Se precisar de mim, estarei na cozinha.

Me levantei e saí do quarto de Jeongsan, e como eu já imaginava, o garotinho de apenas 3 anos, que ele havia acabado de completar, iria fazer manha e bancar o filho rebelde. Sei bem que ele é um grande malcriado quando quer, vou deixar ele fazer a birra que quiser.
    O tempo foi passando e continuamos  sem nos falar. Ele decidiu ir até a sala e se deitou no sofá e agora, assistia seus desenhos em silêncio, sem dar um "piu" enquanto eu tentava a todo custo ligar para o Hoseok, mas sem sucesso.
Minha atenção é roubada quando Jeongsan vem até a mim e diz:

- Mãe, eu acho que quero dormir. -disse coçando os olhinhos.

- Primeiro vamos tomar um banho quentinho, e enquanto você descansa, eu vejo o que a gente pode comer na janta, tudo bem?- O pequeno apenas assentiu e levantou os bracinhos pedindo colo. Agora sim ele tinha esquecido. O peguei e seguimos para o banheiro.

.Quebra de tempo.

Jeongsan brincava com as bolhas que o shampoo lhe proporcionava e eu me mantinha sentada dentro da banheira, contemplando sua beleza. Esse garotinho é igual ao pai.
Os olhinhos grandes e puxados, o narizinho, a boca desenhadinha, acompanhada com a pintinha embaixo do lábio. Era a coisinha mais fofa que existia. Para ser sincera, a pele mais escura era a única coisa que ele havia puxado de mim. Era de fato, uma cópia do pai.  Mesmo com toda a situação conturbada com Jeon, sei separar as coisas e posso assumir que ele é o homem mais bonito que já vi. Me deu um filho lindo, é única coisa pela qual sinto gratidão, vindo dele.

Amo tudo em Jeongsan, e a cada dia que passa, o admiro mais pela sua fofura, bondade e alegria. Nunca pensei que essa criança poderia me trazer tanta felicidade. Mesmo sendo um tremendo manhoso esquentadinho, ele tinha um coração gigantesco.
Saí dos meus devaneios, quando o vi pousar a cabeça no meu peito, cansadinho de tanto brincar.

-Acho que chega de banho por hoje.- digo puxando nossos roupões e vestindo-nos. Já no quarto, coloquei o pijama em Jeongsan, deitando-o na cama com o ursinho de pelúcia.

- Mamãe, eu te amo muito.- Disse fechando os olhinhos de vez. Sorri e beijei sua testa. Saindo do quarto, ouvi meu celular vibrar mais de uma vez em cima da cômoda do meu quarto. Corri e atendi.

Ligação On.

- 31 ligações? Caralho Ari, eu tava dormindo - diz reclamando.

-Ahh, a culpa não é minha se você não atende o telefone. Cadê a Mya?

- Tá dormindo ué.

-Vcs fizeram o que eu tô pensando? - digo esperando a resposta ansiosa.

- A gente transou, Arianna.

- O queeee???- gritei de surpresa.

- Ai, para de gritar. Tô morrendo de dor de cabeça. Que ressaca dos infernos.

Okay, mas quero saber como ela est...- Ótimo, a ligação havia caído.

Achei melhor nem ligar mais, capaz dele me dar detalhes que eu não quero saber. Me deitei na cama e pensei em algum passatempo para mim e Jeongsan no dia de amanhã, e lembrei que haviam anunciado um show de Luzes no centro da cidade. Tenho certeza que ele vai amar!

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