Minha luz no fim do túnel

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J I M I N

Ser invisível, na maioria das vezes, nem sempre é ruim. Vejamos pelo lado positivo: ninguém rouba seu lanche, nem te cobra "pedágio" quando passa pelos corredores, ou te faz ter uma desagradável visita a enfermaria caso enfrente "a lei da selva" que chamamos de colegial.

Nessa pirâmide inversa onde os músculos do grandalhão ganham da franqueza dos neurônios, amanhã há de ser só o empregado do nerd que tanto importunou e, adivinha? Ele não vai deixar você esquecer  — em nenhuma das fatídicas 40 horas de trabalhos semanais — o inferno que foi a vida dele na escola, por sua causa.

Todavia, mesmo sabendo que "o mundo da voltas", que "Deus castiga" e tanto a "lei do retorno nunca falha", continuei no meu papel de vilão. Fui o causador de algumas brigas, acabei retirando dinheiro de alguns "otários", mantive a minha fama de bad boy enquanto pude, afinal, era meu penúltimo ano no colegial. Só não esperava que a diretora cumprisse com a sua promessa de desmanchar o nosso trio.

Jackson foi colocado na sala mais distante possível da minha, enquanto Kyungsoo, foi ainda pior. Ele precisou fazer um acordo para não ter a ficha escolar manchada, literalmente, depois de ser pego pichando os muros da escola. A consequência foi pintar toda parede rabiscada sob o olhar furioso do pai. Soo, foi transferido para outra escola e nossa amizade sequelada, dita que por minha "má influência" quando fui apontando como o pivô da "alienação" do mesmo.

Ouvir aquelas palavras soava como se meu amigo nunca tivesse tido escolha, a não ser aceitar as regras ditadas. Então, por um segundo, me questionei se Kyungsoo fazia aquilo para nos agradar, se ele se aproximou de nós apenas para não ser a vítima da vez. Afinal, "se não puder com seus inimigos, junte-se a eles", certo?

Nunca perguntei ao mais velho como se sentia depois de enfrentar alguém ou xingar palavras sem nexos, só para extravasar um ódio descabido e, muitas vezes, sem explicação. Ele só fazia e ponto, sem reclamações. Pensando bem, existe sempre um motivo para tantos sentimentos ruins estravazarem e acabarmos descontando isso em outras pessoas. Sempre há algo oculto atrás das reações violentas: medo, solidão, dor.

Agora entendo o porquê de suas mãos trêmulas, após cada "missão" cumprida. Kyungsoo transparecia insegurança, mas não pude perceber na época. Assim como ele, não media meus atos e continuava distribuindo insultos, à torto e a direito, achando que por inferiorizar e apontar o defeito alheio, me tornaria melhor que eles.

Porém, a nossa farra teve um fim. Foram meses impunes, fazendo o que nos dava na telha, fora e dentro da escola até algum aluno arrumar provas suficientes de que fazíamos o tal de bullying. Já a pichação foi só o uma ideia extra de última hora.

Jackson ficou furioso, claro. Ele sempre foi o mais "estourado" entre nós, então queria fazer algum tipo de represália, mas, à essa altura, depois de ver a decepção nos olhos do meu pai, enfiei meu orgulho no bolso para conseguir esse bendito diploma e depois cair fora'.

No momento, o que eu tinha que fazer era manter minhas notas na média, me camuflando no meio dos alunos barulhentos que levantavam a mão para fazer mais uma pergunta. O que não sabia era que a tal de "luz no fim do túnel" realmente existia, e ela chegaria em uma forma implicitamente humana, com nome, olhos redondos, sorriso de coelho e que, por ocasião do destino, a partir daquele dia sentaria ao meu lado todos os dias.

— Com licença, professora Sun? — disse a diretora já entrando na sala. Ela estava  acompanhada de um garoto narigudo. Segurou os ombros tensos do mesmo e anunciou: — Este é o aluno que comentei hoje mais cedo. Classe, deem as boas-vindas para JungKook, ele é um aluno especial.

Anjo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora