Meu Primeiro Amor

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Olha quem apareceu?
Queria ter att no dia 02 de Abril, dia mundial do autista, mas estava na ansiedade para concluir outra fanfic, então estou postando agora, sorry.
A partir daqui, a história será contada de como os dois se conheceram. Sem muitas espectativas, não sei se ficou bom...

J U N G K O O K

notou que a maioria das pessoas odeiam rotinas? Fazer as mesmas coisas diariamente se tornam tarefas enfadonhas, lhes deixando entediadas, apáticas com toda aquela monotonia.

Mas como sabem, sou diferente. Então preciso acordar todos os dias e sentir o cheiro singular do meu amaciante favorito impregnado nos lençóis, me esticar todo, dos dedos das mãos à pontinha do pés sobre a minha cama de solteiro, quando os primeiros raios de sol invadirem a pequena janela  como um despertador natural. Gosto de dar bom dia ao peixe vermelho que batizei de Nemo, levantar, fazer minha higiene matinal, descer as escadas já uniformizado com minha desgastada mochila do Homem de Ferro nas costas.

Preciso entrar na cozinha, ouvir a voz sonolenta da mamãe pedindo para comer devagar enquanto a mesma senta ao meu lado e me dá um beijo no rosto, com o hálito quente do café recém tomado. Preciso ver meu pai piscar o olho para mim por detrás dos óculos redondo e, só depois, voltar a ler seu jornal reclamando do preço absurdo da gasolina. Como previsto, logo perder sua postura de bravo para ter um semblante agoniado, prometendo parar de fumar ao começar a tossir novamente.

Algo fora desse padrão me deixaria inseguro, irritado, pois foi esse o ritual que vivi por mais de uma década, até nos murdamos para essa cidade há alguns dias atrás. Por isso preciso descontar minha frustração e ansiedade em algo, enquanto remexo no banco inquieto, começo a dar beliscões em meu braço esquerdo, esperando mamãe fechar o portão da garagem e entrar no carro.

— Coloque o cinto e pare com isso, assim irá se machucar, meu amor! — diz, tirando gentilmente minhas mãos para beijar as marcas avermelhadas, deixando escapar um suspiro audível, após dar a partida.

— E se eles não g-gostarem de mim? E se eu não conseguir ter a-amigos, como eu tive na outra escola?

Ela abre um sorriso, mas sei que é só para me acalmar, porque ao tamboricar os dedos no volante esperando o sinal abrir, demonstra que está tão nervosa quanto eu.

— Impossível alguém não gostar de você, meu solzinho. Vai ficar tudo bem, como te falei, a diretora é uma antiga amiga da mamãe. Além disso, é a melhor instituição da região e fica a poucos quarteirões da nossa casa, olha que maravilha! — troca a marcha, aproveitando para me olhar pelo cantinho dos seus olhos castanhos, acariciando minha perna. Mamãe é assim, sempre demonstra carinho com gestos e toques simples. Isso, na maioria das vezes, me acalma. — Não faça essa carinha, querido. Você estará seguro lá, não te farão mal algum, eu prometo!

Mas estou com medo.

— Não pode prometer que p-pessoas estranhas me tratem bem. — meus olhos ardem pelo choro contido, porém, não quero parecer fraco na frente dela.

Hoje não.

— Você tem razão, infelizmente, eu não posso. O mundo é cruel demais e alguns descontam as suas frustrações pessoais em quem não têm culpa. Não posso te privar de tudo, nem de encontrar ao longo da sua vida com pessoas assim. Apenas posso te dizer que você já é perfeito, filho. Sério, sou uma mulher melhor hoje por Deus ter me permitido ter você... Aigoo, estou sensível esses dias, não posso borrar a maquiagem. — mamãe é uma tagarela.

Anjo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora