CAPÍTULO 34

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ELTON
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Enquanto eu tentava recuperar minha sanidade mental e controlar meu corpo que estava em chamas , senti meu celular vibrar no bolso.

Tirei o aparelho do bolso enquanto Vanessa abria a porta do apartamento. O nome da Cristina brilhava no ecrã e carreguei no botão para ignorar a chamada.

" O que se passa?'' Ouvi Vanessa perguntar e olhei para ela.

" Ninguém importante."Falei  e a segui para o interior do apartamento.

O lugar estava estranho sem o Enzo. Vanessa o havia deixado aos cuidados da Stela para que pudéssemos estar juntos hoje. 

Senti o celular vibrar novamente e desta vez nem me dei ao trabalho de ver quem ligava. Tinha certeza que era Cristina novamente. Aquela mulher não sabe quando parar.

Mas em seguida o som do celular de Vanessa chamou nossa atenção. Ela tirou o aparelho da bolsa  e atendeu em seguida.

"Ola Stela. Como está o meu menino?" Vanessa falou ao atender.

O silêncio que se seguiu me deixou preocupado. E a expressão em seu rosto me dizia que algo grave havia acontecido.  No instante seguinte ela caiu, desfalecida , em meus braços.

"Vanessa?!" Gritei assustado . 

A carreguei até ao sofá e tentei acorda-la. Quando ele recuperou os sentidos procurei  o seu celular no chão. Vi que Stela continuava em linha. Logo meu coração se apertou. 

Enzo...

Peguei no celular de Vanessa , pois precisava de respostas.

"Stela? "

"Quem fala?" ela perguntou em seguida

"Elton. Passa-se algo com o Enzo?" Perguntei aflito.

" Vanessa? Onde está Vanessa."

"Ela perdeu os sentidos, mas estou aqui com ela. Responda a minha pergunta por favor" Insisti.

Houve uma breve pausa e ouvi sua respiração acelerada do outro lado da linha.

" A Rosa estava com o Enzo no jardim. Não sabe o que aconteceu, ela diz que sentiu  uma pancada forte na cabeça e depois disso tudo ficou preto. Quando recuperou os sentidos não havia sinais do Enzo. Procuramos por todo lado... " Ela parou de falar e ouvi alguns soluços e um choro que tentava abafar.

Meu celular voltou a vibrar e eu tive certeza que havia dedo da Cristina no desaparecimento do meu filho.

Tirei o aparelho do bolso e confirmei que era mesmo ela. Me despedi de Stela  e atendi a chamada de Cristina.

" Meu amor, adivinha quem está aqui comigo? " ela falou em tom de deboche.

"Nem te atrevas a tocar num fio de cabelo do meu filho." Falei furioso e vi Vanessa olhar para mim mais aflita.

" Querido, não devias ameaçar-me . Tu és inteligente e sabes que isso só irá prejudicar o bastardinho."

"Ele é só um bebé, Cristina. Não tem culpa dos meus erros. Teu problema é comigo, deixa o Enzo fora disto."

Ouvi a gargalhada histérica de Cristina e meus dedos se apertaram num punho. Mas precisava me controlar pois a vida do meu filho dependia disso.

" Ouve, eu só quero o que é meu de direito. Uma compensação pelo tempo que perdi contigo. O dinheiro da conta conjunta , Elton. Não preciso daquela casa para nada, venda-a se quiseres. Estou a cobrar bem barato até."

" Tu não podes estar a falar a sério." 

" Falo muito sério.  Se não tiver o dinheiro na minha conta até ao por-do-sol de hoje irei vender o bebé no mercador negro. Acho que consigo um bom dinheiro por ele."

"Não! Por favor, não.  O que me garante que me entregarás o Enzo depois que te der o dinheiro?"

" Terás que confiar em mim. Até ao final da tarde , Elton. Ou diz adeus ao teu precioso Enzo. "

Ela desligou a chamada sem me dar mais tempo para convence-la a desistir da loucura. Deixei  o celular e virei minha atenção para Vanessa que já estava com o rosto banhado em lágrimas.

" Eu quero o meu filho."Ela falou soluçando.

Eu sentei do seu lado e a abracei. 

" Ele voltará para nós, Nessa. Eu te prometo."  Sussurrei para ela.

Depois que ela ficou calma, me afastei para fazer duas chamadas. Uma para o meu pai informando o que estava a passar e outra para um amigo meu da policia.

Confesso que estava inclinado a dar-lhe o dinheiro, mas depois de algum tempo pensei melhor.  Nada me garante que ela me entregue o Enzo, e Cristina nunca foi confiável. Só eu não via, mas não cometerei esse erro novamente.

Depois de explicar a situação ao Diogo, o meu amigo polícia, voltei para o lado de Vanessa. Em pouco tempo o apartamento ficava cheio de familiares nossos.As horas passavam e eu ficava mais nervoso, mas precisava manter a calma por Vanessa.  Ela havia conseguido dormir depois de várias horas a chorar.

"Tenho certeza que o Diogo vai encontrar aquela bandida." Jonas falou tentando me tranquilizar.

" Ele já devia ter dado notícias . Eu devia ter pago." Falei aflito.

"Não. Tu fizeste a coisa certa. Deixe a polícia trabalhar." Meu pai falou em seguida.

Meu celular começou a tocar e quando vi o nome do Diogo atendi esperançoso.

" Por favor diga que tens o meu filho"  

" Conseguimos localizar a Cristina. A encurralamos em uma antiga casa nos arredores da cidade. Ela exigiu a tua presença aqui. Diz que só entrega o bebé nas tuas mãos."

" Eu vou já para ai. Me explique como chegar."

" Elton calma, para onde vais?" Ouvi Jonas perguntar enquanto eu caminhava para a porta.

Terminei a chamada com Diogo e abri a porta para sair.

"Elton!" 

A voz de Vanessa me fez parar no mesmo instante. Virei e a vi aproximar-se.

" Eu vou buscar o nosso filho."Falei determinado.

"Eu também vou."Ela falou  e todos a olharam.

"É meu filho que está nas mãos daquela louca. Não vou ficar aqui sentada a imaginar o que se passa.

" Meu amor, eu preciso que fiques aqui e sejas forte. Enzo vai precisar de ti  para superar este dia . tens que estar calma para recebe-lo e ajuda-lo a voltar a normalidade." falei tentando convence-la a mudar de ideias.

"Elton..." Ela começou a protestar mas eu a cortei

"Confia em mim. Eu trarei nosso filho."

Ela abraçou-me e era tudo que precisava para me encher de coragem. Seu amor era como um alimento para a minha alma, me fortalecia e me dava esperanças que tudo terminaria bem.

" Volta logo "Ela sussurrou e depois afastou-se.

"Eu vou contigo."  Jonas falou em seguida

"Eu também vou." Ouvi o Leandro gritar e caminhar em minha direcção.

Ambos saíram sem me dar tempo de protestar. Dei um beijo rápido na Vanessa e os segui.

Não sabia o que me esperava quando chegasse ao local onde Cristina mantinha meu filho cativo. Mas minha vontade era mata-la com minhas próprias mãos.  E ela estava a pedi-las, exigindo que eu fosse lá.

Seja como for, eu de lá não saio sem meu filho.



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