CAPÍTULO 1

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VANESSA
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Os raios de sol que espreitavam pela cortina do meu quarto anunciavam um novo dia. Abri meus olhos e um sorriso se formou , acompanhado de um bocejo. Saltei da cama cheia de energia e fui tomar meu banho e preparar-me para o meu primeiro dia de trabalho.

Em meia hora estava pronta . Olhei para o relógio e faltava mais de uma hora para as oito da manhã. Sai de casa pois não aguentava mais a ansiedade de chegar ao lugar onde seria a partir de hoje meu local de trabalho.

Quando atravessei as portas do edifício onde funcionava a sede da empresa senti um frio na barriga. Caminhei até a recepção e me apresentei.

"Peço que aguarde um instante. Logo virá alguém para atende-la." A recepcionista informou-me com um sorriso digno de um anuncio de pasta de dentes.

Agradeci e sentei nos pequenos sofás ,elegantemente colocados a disposição dos visitantes. Eu havia chegado cedo demais então sabia que esperaria por um bocado. Peguei em uma das revistas e comecei a folhear. Mas minha mente não estava ali.

" Senhorita Vanessa?"

Larguei a revista e levantei-me logo que ouvi meu nome. Uma mulher se aproximava de mim e estendeu a mão para cumprimentar-me.

"Bom dia. Me desculpe por deixa-la a espera. Ainda não estávamos preparados para recebe-la. Meu nome é Luísa, queira me acompanhar."

Eu assim o fiz. Atravessamos umas portas de correr que separavam a recepção do resto do edifício. Entramos em um elevador e fizemos a viagem em silencio até ao quarto andar.

" Irei apresenta-la as outras colegas e indicar-lhe o seu lugar." Luísa falou enquanto saímos do elevador.

Eu olhava em redor, deslumbrada pelo lugar. A decoração com cores neutras, candeeiros lindos ae as portas , fechadas , das salas por onde passamos bem trabalhadas e de muito bom gosto. Entramos em uma sala onde havia quatro mesas e duas delas estavam ocupadas.

" Neila e Ruth, esta é a Vanessa, a nova assistente."

" Bem vinda." Uma delas falou.

" Obrigada." Respondi em seguida.

Luísa conduziu-me até a mesa que iria ocupar e logo que me instalei começou a explicar-me quais seriam as minhas tarefas diárias. Ouvi tudo com o máximo de atenção possível. Quando terminou ela saiu da sala deixando-me com as outras duas.

" Agora que a chefinha saiu podemos dar-te as boas vindas como deve ser." A mais sorridente das duas falou com um olhar malandro.

" A Luísa é nossa chefe??" perguntei

" Em teoria somos todas assistentes de direção. Mas Luísa é que manda. Ela é que distribuí as tarefas, coordena nossas actividades e nos avalia. Ela já está na empresa há muitos anos e conhece isto de trás para frente." A outra clarificou.

" Oh , entendo." Respondi mas a conversa foi interrompida pela entrada de Luísa.

" Vanessa, venha comigo." Ela falou num tom autoritário.

" Boa sorte." Murmurou a Ruth.

Esbocei um meio sorriso e segui Luísa.

" Senhorita Vanessa, esperamos que tenha um comportamento exemplar e ético. Nós que trabalhamos diretamente com o centro de poder na empresa somos o espelho para os outros funcionários. Já tive problemas no passado com algumas assistentes que não conheciam o seu lugar. Espero que isso não aconteça consigo." Luísa falava enquanto caminhávamos em direção a duas enormes portas de madeira.

Paramos em frente a porta e Luísa bateu de leve.

" Alguns directores são mais simpáticos que outros, uns mais brincalhões e outros mais sérios e exigentes. Logo saberá diferenciar. Mas em todos os casos seja sempre profissional e cortês. Não sorria em demasia nem se deixe levar pelas brincadeiras. Paciência e respeito sempre." Luísa terminou o discurso logo que nos foi dado o comando pra entrar.

Fui apresentada primeiro ao director geral, que era um homem acima de cinquenta anos mas bem divertido e simpático. Seguiram-se os outros directores e quase todos eram da mesma faixa etária do primeiro. Chegamos a última sala e Luísa respirou fundo antes de bater.

Tive a impressão que ela deixou este para último de propósito. Ouvimos a ordem pra entrar e Luísa abriu a porta.

" Bom dia Elton. Não lhe vamos roubar muito tempo. Apenas vim apresentar a nova assistente de direção. Chama-se Vanessa ."

O homem sentado a minha frente afastou o rosto do ecrã do computador e olhou-me da cabeça aos pés. Nunca me senti tão intimidada como naquele momento.

" O que aconteceu as outras?" ele perguntou voltando sua atenção ao que fazia antes.

" Nada. Apenas sentimos necessidade de ter mais alguém." Luísa justificou.

Ele murmurou algo imperceptivel.

" Vamos deixa-lo trabalhar." Luísa falou e saímos da sala.

" Não te deixes intimidar pelo Elton. Ele é um caracter difícil mas muito competente e inteligente. É dos mais exigentes em termos de trabalho, não se esqueça disso se queres manter este emprego por muito tempo."

" Sim, senhora."

" Luísa, trate-me por Luísa. Nós não usamos muitas formalidades, como já deves ter percebido. "

Regressamos a nossa sala e logo que sentamos o telefone de mesa da Luísa tocou. Ela atendeu e eu fui sentar-me e comecei a familiarizar-me com o trabalho. Luísa saiu da sala depois da chamada.

" Então , como foi? " Neila perguntou.

" Foram todo s muito simpáticos." Respondi sem dar muitos detalhes.

" Até Elton ?" Ruth perguntou franzido a testa.

" Ele não disse muito, mas pareceu-me ocupado . E também era só uma apresentação formal." Respondi num tom casual.

Mas a verdade é que aquele homem apesar de ser dos mais jovens no quadro directivo, era o que mais me deixou preocupada. Só podia rezar pra ele preferisse trabalhar com as assistentes mais antigas.

" Tenho quase certeza que ele olhou-te da cabeça aos pés com aquele olhar de quem procura uma falha sua. Deus, o que aquele homem tem de bonito tem em igual proporção em mau humor. " Ruth falou e Neila riu-se.

" Olha só quem fala. Lembro-me que quando começaste a trabalhar aqui tiveste uma paixão por ele , Ruth." Neila falou entre risos

" Felizmente passou. Por que decididamente aquele homem tem uma pedra de gelo no lugar do coração. O que lhe custa sorrir de vez em quando? " Ruth desabafou e eu divertia-me com a conversa.

" Sem sorrir tu já estavas de quatro pelo homem, imagina o estrago que seria se ele abrisse um sorriso de orelha a orelha."

Ruth abanou a cabeça e eu e Neila não conseguimos conter a gargalhada. Ao menos as minhas colegas eram simpáticas e divertidas.

Acho que vou gostar de trabalhar neste lugar.

UMA SEGUNDA CHANCEOnde histórias criam vida. Descubra agora