Capítulo 2

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Finalmente!!!!!!!!!!!!!!!! Eu morri de saudade, foi importante esse tempo para outros trabalhos, mas tô de volta! 


    Angelina

Cory deixa as lágrimas correrem enquanto me assiste fechar a mala, as bochechas rodas e os olhos castanhos me encaram implorando por algo que não está em minhas mãos.

Ergo a mala sentindo que ela carrega o peso do mundo e das minhas incertezas.

— Vamos? – convido o garotinho abatido para deixar o quarto, não é um quarto ruim, os móveis são é claro, de segunda mão, mas é arejado, limpo, claro, nos raros dias de sol, uma luz suave repousa sobre a cama. Não sei quanta falta vou sentir saudade, não deveria, mas talvez eu sinta.

Empurro a mala em direção a sala e depois de acomodá-la na frente da porta, sempre seguida por Cory, eu me ajoelho diante dele.

— Amanhã a professora vai pedir meu trabalho de matemática e eu não terminei. – Ele me conta depois de deixar escapar um soluço.

— Tenho certeza de que sua mãe pode se sentar agora com você e terminar. – Digo a ele quase como uma vingança, o casal de pé abraçados uns metros de nós, assiste a cena sem uma única palavra.

— Não terminamos o livro do Peter Pan. – Ele insiste e eu o abraço me forçando a ficar firme quando tudo que gostaria era me debulhar em lágrimas com ele, não acho que alguém ame Cory mais do que eu, não nessa casa. Mantenho uma força que não existe em mim, mas é necessário fingir para acalmar o coração frágil do garotinho que criei.

— Eu sei, mas pode terminar sozinho essa noite, antes de dormir, são apenas umas cinco páginas, ou quem sabe o seu pai se senta essa noite a beira da sua cama e lê com você? – Olho para Kiefer Dobson, pai do pequeno Cory que não tem qualquer expressão no olhar, nem triste ou feliz, apenas distante e silencioso.

— Angelina, por que você quer ir embora? – Poderia dizer a verdade, eu nunca quis sair, fraca demais para pedir minha demissão da escravidão que foi viver os últimos dez anos nessa casa, mas Cory fica e eu não quero que ele cresça odiando os pais, magoado com eles.

— Você cresceu, meu anjo, não precisa de uma babá, é um rapazinho muito forte, vai ficar bem sozinho. – Pisco para anima-lo e o pequeno tenta secar o rosto coberto por lágrimas, ele é meu bebê, eu amo esse garotinho e por anos, achei que ele era tudo que eu tinha, mas não é, Cory não é meu e se não tenho esse pequeno, eu não tenho nada.

— Acho que prolongar as despedidas não ajuda em nada. – Elisha se aproxima puxando Cory para longe de mim, ele se solta dela e corre de volta me abraçando, quase caímos ao chão, o garoto está um tanto acima do peso graças a teimosia dos pais de não se preocupar com a sua alimentação.

—Tchau, eu ligo, prometo. Não chora, venho te ver em breve. – Beijo o rostinho fofo e me liberto do seu abraço apertado com algum esforço, minha garganta arde de dor enquanto eu busco conter minha raiva.

— Querido, leve ele para o quarto. – Elisha pede ao marido e assisto pai e filho quase indiferentes deixando a sala juntos. Quero acreditar que minha partida sirva ao menos para aproximá-los do garotinho, não que ache que essa gente tem algum coração, mas acredito que ao menos Cory tem um e pode ensiná-los. – Aqui está Angelina. – Ela me estende um envelope e aceito meio sem entender. – É uma ajuda para sua nova vida. – Abro para ver quanto ela acha que mereço pelos anos de dedicação. – É um dinheiro razoável, tenho certeza que logo vai encontrar trabalho e dá para se hospedar em algum lugar enquanto procura.

Olhos de Aço(DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora