Capítulo 3

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    Seth

O velho me espera sentado em uma mesa elegante do melhor restaurante da cidade, não por acaso, me atrasei cerca de vinte minutos, deixá-lo desconfortável e ansioso faz parte do jogo, escolher esse restaurante frio e caro é outra jogada, nenhum dos meus passos é despretensioso, não trabalho assim.

O homem leva a taça com água a boca e sinto suas mãos tremulas, quando está devolvendo a taça sobre a mesa é que me nota e tenta sorrir indeciso se fica ou não de pé para me receber.

Estendo a mão assim que me aproximo e ele decide por se erguer, ponto para mim, é o que eu esperava, um pouco de submissão para pressionar mais um pouco.

— Boa tarde, senhor Arnett. – Ele cumprimenta e sorrio placidamente, como se esse fosse um simples almoço entre amigos.

— Klaus, desculpe o atraso, fiquei preso em uma reunião.

— Eu entendo. – Ele diz voltando ao seu lugar e me acomodo diante dele, retiro o guardanapo de pano acetinado e deixo descansando sobre o colo.

—Um drinque antes do almoço? – Convido, mas ele balança a cabeça negando.

—Diabetes. Infelizmente eu fui proibido pelo médico.

—Uma pena. – Sorrio chamando o garçom, peço uma dose de uísque e enquanto espero seu retorno, encaro o homem de cabelos brancos e rosto cansado diante de mim. – Podemos pedir se quiser. – Ele balança a cabeça um tanto angustiado, enquanto eu pego o menu e ele faz o mesmo. Quando o garçom trás meu uísque, estamos prontos para pedir, ele fica com uma salada e peço um filé suculento. – Um carnívoro inveterado.

— Ah, eu já fui assim. – Ele garante tentando das um sorriso.

Levo o copo a boca e a bebida desce amarga, em seguida o sabor se espalha pela boca gerando uma pequena onda de prazer, dá para entender porque algumas pessoas simplesmente se entregam ao vício.

— Parece que teremos um inverno rigoroso. – Klaus está mesmo angustiado, de todos os assuntos que temos em comum, ele escolhe o tempo e acho bastante apropriado, não quero chegar direto no ponto em que vamos discutir a venda. Até porque sinto que essa inquietude disfarçada é porque ele tem a intenção de me dizer não.

Desavisado, ele não conhece minha fama? Seth Arnett não aceita não como resposta. Eu simplesmente não sei perder.

— O que é sempre complicado para os negócios, ano passado ficamos duas semanas sem produzir por conta de uma nevasca que destruiu o teto de uma das minhas instalações.

— Grandes perdas financeiras. – Ele comenta depois de mais um gole de água. Por uns minutos enquanto esperamos a comida, falamos sobre o tempo e tolices sociais.

O garçom nos serve e quando ficamos sozinhos mais uma vez, enquanto arrumo o guardanapo de linho no colo, aproveito para puxar mais um assunto corriqueiro.

— Soube que seus netos estão na cidade.

—Ah! Sim, vieram os dois de volta para casa, formados. Anos em Yale, nosso orgulho. – Os olhos do homem brilham.

—Tenho certeza que sim.

—Um médico e um arquiteto.

—Nenhum administrador? – Comento em um pequeno cutucão.

—Não, nenhum deles quis seguir meus passos ou os do pai.

—Uma pena, seu genro é um grande engenheiro. – Levo um pedaço do filé mal passado a boca, ele corta uma folha de alface e prende a um pedacinho de tomate.

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⏰ Última atualização: Aug 21, 2020 ⏰

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