Your Son • Muke

Capítulo 3

Esse capítulo contém: citações breves de abandono

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Voltando para sua casa, Luke estava fazendo um breve resumo mental de tudo que havia acontecido em pouco mais que meia hora. Ele havia: fugido de casa sem mais nem menos, confirmado um namoro falso com Michael, piorado o ódio que Calum tinha sobre si e beijado alguém que achou que nunca ia beijar na vida.

Como que sua vida havia ido de costurar as mesmas roupas todo dia por 10 horas para tudo isso? Aquilo era uma das maiores dúvidas do loiro.

Outra grande dúvida que Luke tinha era: como sua mãe iria reagir quando chegasse em casa? Iria dar um sermão? Deixar o jovem adulto de castigo? Aceitar que seu filho já tem 21 e parar de tratá-lo como se tivesse 11? O loiro pessoalmente desejava que fosse o último, mas conhecendo Liz, ele sabia que a maior chance era que fosse os dois primeiros.

A mente caótica e ansiosa era o completo oposto que as coisas em sua volta retratavam. Poucos carros e pedestres estavam andando, mesmo que fosse quase 5 da tarde, horário de pico da cidade. Ninguém estava buzinando, pedindo socorro por entrar em um acidente, ou sequer reclamando da temperatura estar "quente demais" para seu gosto. Luke desejava ter um estado mental tão calmo quanto as ruas em momentos como esse, mas ele somente podia desejar e esperar que sua ansiedade diminuísse normalmente, já que sua mãe não acreditava em psicólogas e, segundo as palavras da mesma, "nenhum Hemmings se renderia para ir a uma sessão de terapia, somos uma família forte que não precisa de coisas bobas como isso". Mal sabia ela que o maior desejo de seus filhos era ir falar com uma psicóloga assim que descobriram que as mesmas não eram psicopatas como Liz insistia que eram.

Falando na loira, o jovem viu a própria com a cara emburrada encostada na porta da casa deles olhando para o nada e contemplando alguma coisa. Não era todo dia que o alfaiate a via em situações como essa, então dizer que ele ficou confuso não seria surpresa.

"O que aconteceu, mãe?" disse Luke com receio após fechar a porta de seu carro.

"Hm? Ah, oi filho. Não é nada demais, mas precisamos conversar."

O mais novo revirou os olhos mentalmente ao ouvir isso. Claro que eles precisavam conversar, não é mesmo? Obviamente Ele era uma criança que não sabia nada sobre nada e precisa fugir do mundo porque é um lugar cruel só que ele não sabia disso.  jeito que sua mãe era a única pessoa que parecia não ver o ódio contido em seu corpo, algo que ele usava a seu favor sempre que tinha a oportunidade.

A  vontade que ele tinha era fugir daquela casa e daquela mulher para sempre, mas  ele não queria parecer um, segundo sua mãe, "garotinho ingrato que não pensa nos sentimentos de quem o trouxe a esse mundo"; então ele seguiu sua guardiã até o sofá preto na parede oposta da televisão se perguntando quando que aquilo iria acabar.

"Você sabe o que você fez, né?"

Luke odiava essa frase, o que a pessoa ganha falando isso? Por acaso ela quer que o loiro se auto castigue? Não faz sentido nenhum.

"Eu saí de casa sem sua permissão, não te falei sobre meu namoro, e te ignorei." Disse o alfaiate com a voz mais entediada possível.

"Já que você sabe o que fez e está colaborando comigo, vou pegar leve nesse castigo, mas nem pensa em fazer nada disso de novo, entendido? Agora vai pro seu quarto que hoje a janta vai ser macarrão com atum."

O adulto de olhos azuis detestava atum mais que tudo nesse mundo. Então esse era seu castigo? Ser forçado a comer algo que não quer ou passar fome? Isso era ridículo, embaraçoso até. E a única coisa que ele conseguia pensar era: "Será que Michael me trataria assim?", mas ele rapidamente retirou esse pensamento de sua mente e foi ao seu quarto trabalhar.

O vestido que estava fazendo não era complexo. Era um vestido de tubo preto simples com alguns detalhes decorativos, mas o costureiro demorou 5 horas para fazer aquela maldita vestimenta devido as constantes memórias do beijo que teve mais cedo. Aqueles cabelos secos haviam invadido sua mente e se recusavam a sair, e aquilo irritava profundamente o loiro porque ele não podia nem pensar em se apaixonar pelo youtuber; aquilo era uma relação puramente falsa.

Às 8:16 da noite, o celular de Luke o notificou que alguém havia mandado uma mensagem via Messenger, fazendo o mesmo levar um leve susto devido ao barulho alto, mas rapidamente ligou o aparelho. E podemos dizer que o coração do alfaiate acelerou ao ler o nome da pessoa em sua tela.

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Messenger

Jack Hemmings
Eu achei que você ia ficar animado com as notícias, mas aparentemente não.

Luke Hemmings
que notícias??? do que você tá falando??

Jack Hemmings
Que eu volto pra casa daqui uns cinco dias!

Luke Hemmings
qUE??? SÉRIO???????

Jack Hemmings
Te vejo logo, maninho!

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Luke ainda lembra o exato momento que eles fizeram esse plano que, até hoje, não tem nome. Cinco anos atrás, Jack estava prestes a sair de casa de vez para ir morar em Kansas City, Missouri com sua melhor amiga, que hoje em dia é noiva do mesmo, foi lindo e horrível ao mesmo tempo.

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"Lu, eu preciso fazer isso e nós dois sabemos o porquê. Não tem outra opção, eu não aguento ficar mais um dia dentro dessa casa."

"Me leva com você, Jay. O que pode dar errado? Eu prometo não ser um problema." a esse ponto, ambos estavam chorando, só que o mais novo era o que derramava mais lágrimas entre os dois.

"Tudo foi preparado pra duas pessoas e você sabe que eu não posso burlar a Sasha, ela tá tão animada quanto eu pra sair dessa cidade."

Luke sabia qual era o plano. William estava arranjando dinheiro o suficiente para conseguir pagar as contas da casa por cinco meses sabendo que ambos dos melhores amigos provavelmente não teriam um emprego até lá, era um plano decente com várias chances de dar errado, mas os três confiavam um no outro o suficiente para não desistirem apesar dos incontáveis problemas que já haviam se mostrado.

"E eu? O que eu vou fazer? Você sabe mais que ninguém que eu não aguento mais ficar aqui."

"Eu te juro de dedinho que eu volto para te buscar assim que você tiver idade para trabalhar e eu ter dinheiro o suficiente para alugar e sustentar uma casa por alguns meses. Eu nunca vou te abandonar, Lu. Confia em mim."

Os dois entrelaçaram dedinhos, formando um juramento que nunca mais podia ser quebrado. Os irmãos estavam sorrindo enquanto seus olhos derramavam mais e mais lágrimas. Era muito difícil aceitar e processar que aquilo realmente estava acontecendo, mas eles tinham que aguentar e seguir em frente.

"Eu vou voltar. Confia em mim."

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O jovem adulto confiou no irmão por cinco anos, e parece que ele manteve sua palavra. Dizer que ele não estava animado seria uma mentira, mas de vez em quando ele se questionava como sua mãe se sentiria quando notar que seus três filhos e seu marido a abandonaram sem mais nem menos; bom, aquilo não era hora de sentir pena de pessoas tóxicas, então ele só manteve o foco no fato que seu irmão estava por vir.

Os dias de glória estavam por vir.