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     Não havia sido uma surpresa receber aquela carta.

     Jones sabia que aquele momento iria chegar, fora deixado claríssimo por seus queridos pais: Duas semanas, nada mais.

     E já não adiantava se lamentar. Ele estava completamente encurralado. Poderia estar tranquilo naquele momento se tivesse tido a decência de participar da temporada de 1865... Mas há um ano, ele não pensava nisso nem mesmo em seus sonhos.

     E agora sua cabeça não esquecia.

     Era casar-se ou perder tudo. E, como ele não estava disposto a ser submetido à segunda opção, teria de ser a primeira.

     Ele nem pensara direito antes de pedir que Will, o mordomo, chamasse Laura. O que ele diria a ela? Não poderia pedi-la em casamento, não havia a cortejado de maneira apropriada e, mesmo que houvesse o feito, seria negado. Ele estava desesperado, inquestionavelmente.

     Mas antes que pudesse terminar seu copo de conhaque e ensaiar um discurso, Laura já havia entrado. E, o que não era uma surpresa, trocava farpas com o mordomo.

     Jones não poderia culpá-la.

     — Não me empurre! — Rosnou ela.

     O duque se empertigou repousando o copo em sua mesa, forçou um sorriso e agradeceu o mordomo. Ele fez uma reverência e saiu.

     — Bom dia, querida — disse Jones, sorrindo. — Tenho algo a lhe falar, mas não sei precisamente como — começou o duque.

     Laura arqueou uma das sobrancelhas. Primeiramente por ele ter a chamado de "querida". Tinha certeza de que era a primeira vez. E ele estava com uma cara nada boa, o conhaque em sua mesa dava a entender que não estava tendo um bom dia. E que o assunto era sério.

     — Diga — pediu. Embora aquilo soasse como uma ordem.

     O duque se levantou, sentindo as pernas instáveis, e caminhou até ela. Manteve-se em uma distância suficientemente respeitosa, enquanto seus olhos a encaravam com apreensão.

     — Serei rápido.

     — Por favor.

     Ele respirou fundo, unindo toda a sua coragem, e fechou os olhos por um segundo antes de dizer, de supetão:

     — Quer casar comigo?

     Ele prendeu a respiração enquanto a observava. Seu coração estava batendo em suas orelhas, suas mãos formigavam e sua visão estava turva. Pelo lado bom, Laura não parecia prestes a matá-lo.

     Porém Laura estava prestes a matá-lo. Logo sua expressão calma foi tomada por uma incredulidade tão grande que seus lábios se entreabriram. Sua mente girou e ela lembrou-se de quando era pequena e dizia que iria amar ser pedida em casamento por um príncipe bonito.

     Jones não era príncipe, e sim duque, mas era bonito.

     E direto demais.

     Laura nem mesmo pensou antes de erguer a mão e dar um tapa em seu rosto. Com força.

     — Está louco? — Perguntou ela com a voz soando alta e esganiçada.

     Ele recuou sentindo a bochecha arder.

     — Deixe-me explicar...

     — Não quero ouvir nenhuma explicação! — Ela o interrompeu. — Eu não me casarei com o senhor! — Laura parou, dando um passo para trás, como se de repente houvesse lhe ocorrido algo importante. — Você está bêbado?

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