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Rodrigo sorriu para o nada ao lembrar da visita de Ana. Ela havia estado ali, por ele. Sabe quem tinha ido visitar Rodrigo desde a sua primeira internação? Ninguém.
Absolutamente ninguém!
E Ana havia ido. Alguém tinha lembrado que Rodrigo existia. Alguém que não tinha nenhum vínculo empregatício com a sua família, deixando claro, já que o advogado e o seu terapeuta tinham contato seguido com Rodrigo. Mas não importava, ele estava contente só pela visita de Ana. Era isso que importava.
Ela ficou até o final do horário de visita e Rodrigo a levou até o limite, como interno, que poderia para despedir-se. Meio sem jeito, os dois trocaram um abraço rápido e a palavra de Ana dizendo que voltaria no próximo dia de visita. Rodrigo agradeceu novamente a visita e voltou ao seu quarto individual, com um sorriso no rosto e carregando o seu presente que ela havia trazido.
Um presente que ele nem tinha aberto na sua presença. Ana pediu para que ele a esperasse ir embora para fazê-lo. Queria que sua reação fosse apenas dele e uma promessa que ela teria que voltar para saber o que ele achou do presente.
Rodrigo abriu o embrulho, que ela explicou que havia sido revistado e por isso estava mal feito o pacote. Ele não deu bola para isso. Era um presente e ele feliz por recebê-lo de qualquer forma. Até embrulhado em papel de pão mofado ele ficaria feliz. Viu o livro que ali estava, uma edição antiga e em inglês de Sherlock Holmes. Ana não poderia ter acertado mais no presente.
Abriu a primeira página e leu a dedicatória em inglês que ali estava, em uma caligrafia antiga, um pouco envelhecida pelo tempo e uma letra bem diferente da de Ana, ele já a conhecia de quando a ajudou com as traduções em sua casa.
— Into the light that brightens my surroundings, Ana. — Rodrigo leu com um inglês perfeito e traduzindo automaticamente em sua mente como algo perto de, para a luz que abrilhanta o meu redor.
Riu sozinho dentro do seu quarto, lembrando da explicação dela de que havia uma dedicatória, mas ela não sabia o que significava. Mais um ponto para a volta dela e descobrir o que aquilo significava, já que tradução era com Rodrigo e não com ela.
Rodrigo começou a ler o livro no mesmo instante. Queria já ter um resumo pronto para quando Ana voltasse. Isso se ela voltasse. Rodrigo não se espantaria nada se ela nunca mais retornasse, mas ao mesmo tempo, tinha uma grande esperança de que no próximo sábado ela aparecesse.
Ana chegou em casa e foi surpreendida por encontrar os pais na sala, olhando um programa de TV. E quando chegou ao seu quarto, suspirou aliviada por ter conseguido mentir com maestria quando os dois questionaram sobre seu estudo na casa de uma colega.
Jurou para si mesma que nunca deixaria seus filhos saírem de casa sem ela saber exatamente onde eles estavam. Se bem que até lá, provavelmente já teria sido desenvolvido algum tipo de dispositivo que daria a localização em tempo real das pessoas. Ana se garantiria que seus filhos o mantivessem ligado o tempo todo.
Mas enfim...
Ana havia passado algumas horas com Rodrigo e estava feliz com o resultado daquela visita. Conversaram sobre coisas amenas, Ana percebeu a hesitação de Rodrigo em comentar sobre a sua situação e ela não foi indelicada de questionar como ele foi parar ali e nem como estava sendo o seu tratamento.
Conversaram sobre o que Rodrigo fazia quando não estava em seus compromissos de recuperação, as oficinas de pintura, que ele era péssimo, a de música que ele frequentava de espectador e a de dança, a qual ele acompanhava de longe por não saber dar um passo de dança, mesmo com um professor presente. Falou do clube do livro que fazia parte e de seu trabalho como tradutor ainda da empresa da família, ao qual ele se dedicava todas às noites quando era liberado pós o jantar. A comida era boa, mas repetitiva, ele já conhecia o cardápio semanal de cor. E pelo visto era uma coisa que todos já sabiam e ansiavam pelas visitas e os alimentos que alguns familiares levaram. Ana fez uma anotação para si de que da próxima semana trazer alguma coisa especial para Rodrigo, poderia pedir para a sua mãe fazer um bolo de chocolate.
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Rodrigo e Ana
RomanceToda a história possui dois lados. Em Sol de Inverno, conhecemos a vida de Jonathan Ramiro Dering, um certo Professor Doutor em Química e Paula, a estudante de Arquitetura. Mas e Rodrigo, seu irmão? O viciado em drogas que Jonathan nunca mais viu...