r o m a e m- ê d

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Ela teve o seu coração roubado muito jovem
Quando a inocência de uma criança
Ainda floria em sua alma
E os virgens lábios, à palidez da noite
Sorriam em direção às estrelas.

Ela conheceu um garoto mal
Que tragava amores como cigarros
Oh, ele a entoxicou com um pseudoamor
E arrancou o seu coração
E para exibi-lo como um prêmio
Na sua estante
No meio de centenas de outros,
Tão foscos e vazios de vida...

Ela se tornou incapaz de amar
Gritando em meio ao silêncio sem eco
Do seu caos interno
Tentando salvar a sua alma
Mas por que ninguém parecia ouvi-la?
Por que ninguém percebia que estava com dor?

Casais bonitos deslizavam pelo frio asfalto
Trocando carícias à luz da noite tão sombria
Mas ela não servia para aquilo
Oh, não
Ela tinha desejo de destruição
Era atraída pela ventania, deleitava-se com o caos.

Mas ela estava em destroços
À deriva no mar, perdida em sua mente tão problemática.
Se afogando em álcool
E matando o seu coração
Tornando-se tóxica.

E tocavam a sua canção pelos bares.
Ela observava o seu brinquedo favorito
Uma escultura de madeira
Com um casal bonito
Eles dançavam
Como se nada mais importasse.
Dançavam sob a luz da lua
Em um sublime baile.

Em uma noite qualquer
De um dia qualquer
Asas rasgaram a sua pele
Asas de anjo
Anjo negro.

Ela foi para sua casa no último suspiro da noite
Pegou o casal de madeira
E moldou uma flecha
Uma flecha eterna
E saiu pelas ruas
Espetando pessoas
Formando casais
Casais errados.

Estava andando por um campo minado
Brincando com corações
Matando o amor
Matando-se.

Rodando pelos bares
Pelas festas
Ela apunhalava pessoas pelas costas
E sorria ao vê-las se apaixonando
Sucumbindo ao seu veneno
Apaixonando-se por pessoas erradas
Vivendo um amor errado
Ela era o cupido negro.

Dançava sob as luzes fluorescentes
De olhos fechados
Deslizando as mãos pelo ar
Deleitando-se em volúpia
Deixando as notas musicais penetrarem os seus ossos
E movê-la como um fantoche.

Mas ela estava quebrando
Rasgando-se de dentro para fora
A dor era insuportável
Mas ela podia pará-la
Acabar com tudo
Acabar-se.

Oh, cupido negro gostava daquilo
Do sofrimento
E ela sofria
Em silêncio.

Até que um dia
Acabou-se de repente

Tudo.

Ela se desfez no ar como poeira
Poeira tóxica.

Debaixo de um teto
De luzes luminescentes
Jazia morta
Uma garota alada
Com uma flecha no pescoço
E o sangue escorria
Sem rumo
Colorindo o chão
De um amor esquecido.

Amor e Outros Sentimentos SuicidasOnde histórias criam vida. Descubra agora