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[18.06.2016]

Naquele dia eu estava mais animado que nunca. Iria fazer minha primeira entrevista de emprego.
Vesti a roupa mais casual possível, e devo ter passado o vidro inteiro de perfume pois o cheiro ficou pela casa toda, arrumei o cabelo e sai de casa em direção a estação de metrô.

Lembro claramente que o metrô chegou no horário certo, mas antes de entrar chequei se estava tudo dentro de minha pasta e se não estava a esquecer algo.
Estava tudo ali, entrei no metrô e ele seguiu caminho, apesar do horário, estava vazio, então foi fácil achar um lugar pra sentar.

Já na estação 23, meu coração estava prestes a sair pela boca quando desci do metrô.
Em passos rápidos e agonizantes sai da estação. Dando de cara com o sol ardente e o céu limpo, aquele dia estava perfeito, nada poderia estragar.

Dez minutos depois estava sentado na cadeira em frente ao avaliador, respondendo suas perguntas, tentando não demonstrar o quanto estava ancioso.
No final da entrevista, ele me informou que meu perfil era ótimo e que seria o que eles estavam a procurar em um novo funcionário, mas seria preciso passar meu perfil para os superiores. E que levaria média uma semana até a resposta final, apenas concordei e agradeci pela atenção, apertamos as mãos e sai da sala.

Felicidade era pouca que continha em mim, final do semestre da faculdade e já empregado na área, quem não sonharia?

Como estava um dia ensolarado resolvi almoçar em um dos meus restaurantes favoritos.
Perdido em meus pensamentos, e em minha comida. Nem percebia o que acontecia em meu arredor. Até um menino de cabelos azuis sentar na minha frente.

- Você sabe que eu adoro esse lugar, porquê não me chamou? - Levanta a mão chamando o garçom.

- Achei que estava na faculdade Taehyung - Dá de ombros.

- Sai mais cedo hoje, só fui entregar um trabalho.

- Você não tem jeito né - Fala rindo

Enquanto conversávamos, os olhos castanhos me olhando fixamente me deixava com borboletas no estômago. Enquanto ele sorria eu o admirava.

Voltamos juntos para casa, enquanto ele comprimentava todos pela rua eu andava de cabeça baixa.
Em passos lentos um do lado do outro seguimos nosso caminho. Não me importava se estivéssemos em silêncio pois não era desconfortável.

Sempre tivemos o costume de dizer te amo um para o outro, mas esse te amo começou a significar mais para mim. Mesmo sabendo que não deveria.

Em suspiros me despedi de Taehyung, apesar de ter passado um bom tempo com ele, não era suficiente. Enquanto se afastava ele acenava sorridente.

- Te amo Jeon Jungkook!! - Taehyung gritou no meio da rua.

- Eu também te amo

Ao soltar essas palavras, senti minhas bochechas queimarem, por sorte ele estava longe, se não teria percebido.
Cheguei em casa com um sorriso enorme, minha mãe até estranhou. Pois fazia tempo que ela não me via assim.

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Desenvolvi depressão no ano em que meu pai faleceu, éramos muito próximos.
Todas as noites eu abria minha janela e ficava a olhar as estrelas, pensando que ele estaria me vendo de lá. Gostava de pensar que ele havia se tornado um anjo e me que me protegia sempre.
Minha mãe, a qual sempre foi apaixonada por seu marido ainda andava cabisbaixa pela casa. E eu, fazia o máximo para deixá-la feliz.

Estava tratando bem minha depressão, ia no psicólogo toda a semana isso me ajudava bastante.
A pessoa que me animava era Yoongi, ele estava sempre do meu lado me dando forças, Taehyung, por outro lado não era do tipo que demonstra estar preocupado. Ele sempre foi bem reservado com seus sentimentos. Mas eu sei que quando ele me ligava no meio da madrugada era pra certificar que eu estava bem e seguro.

Mais uma vez havia deitado em minha cama e em meio ao turbilhão de pensamentos adormeci.

Um sonho estranho que se passava no meio da noite, lá estava eu sentado na cadeira de um bar com uma pessoa do meu lado, ela me olhava com olhos serrados e preocupados, dizia que precisava me falar algo, mais não era pra me assustar.
Com cuidado falou que eu ia passar por um momento muito doloroso, mais era pra aguentar firme. Deixou um papel em minha mão e saiu a passos apressados. Lembro que no papel havia uma data, porém estava embaçada e não consegui ler.

Naquela manhã acordei perturbado, o que significava aquele sonho? Quem era aquela pessoa? Qual era a data? Pensamentos assim iam e vinham na minha cabeça. Não pude deixar de ficar com um sentimento estranho pelo resto do dia.

Dias depois não lembrava mais do tal sonho, estava preocupado com o a ligação da empresa. A cada cinco minutos olhava o celular com medo do mesmo estar no silencioso e ter perdido alguma ligação. Nunca havia ficado tão ancioso.

O celular tocou, em passos rápidos e com a mão tremendo, atendi, certificando de usar as palavras certas.

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