Único: Adeus, papai

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Essa é a releitura de uma oneshot que escrevi em collab com meu bebê, @AkabaneYato, para o @KatsukiProject, no Spirit. Agradeço também à xFlamme pela capa e o banner perfeitos! Essa nenê tem um talento incrível para capista/design, e sou cadelinha dela sim! ♡ 

A temática é sobre abandono paternal, e esperamos que vocês gostem!

Boa leitura! ♡

Deitado confortavelmente em sua cama, Akira olhava preguiçosamente pela janela os flocos de neve que caíam do lado de fora

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Deitado confortavelmente em sua cama, Akira olhava preguiçosamente pela janela os flocos de neve que caíam do lado de fora. Infelizmente, por causa deste infortúnio acontecimento, a comemoração do dia havia ficado somente entre ele e seu papai; devido a forte nevasca que acometia aquele inverno no bairro onde moravam.

Obviamente que o empecilho climático não tinha desanimado Akira, claro que não! Ele amava o inverno, principalmente quando o papai Eiji' levava-o para patinar no lago congelado que ficava próximo da casa onde residiam, ou quando faziam um estiloso e desengonçado boneco de neve no quintal; e até mesmo quando seus amiguinhos da vizinhança juntavam-se consigo numa divertida guerra com bolas de neve. A parte chata era quando a nevasca tomava proporções enormes e os deixavam presos dentro de casa, porém, até mesmo nesses momentos de reclusão, o ruivo fazia um delicioso chocolate quente com marshmallow e ambos dormiam juntinhos na espaçosa cama de casal do mais velho após assistirem algum filme infantil.

Apesar da comemoração simplista entre pai e filho naquele ano, era visível o quanto o garoto também sentia falta de seu outro pai adotivo: Bakugou Katsuki. Não entendia o porquê do loiro não ter ido vê-lo durante os últimos meses já que havia prometido — através de mais uma ligação — buscá-lo para passarem juntos um final de semana, com direito a sorvete antes do jantar. Lembrava-se vagamente do último encontro que tiveram, um pouco antes do aniversário do papai 'Suki, onde passou alguns dias em companhia do homem e dos avós, Masaru e Mitsuki, na época. Havia sido tão divertido... No entanto, fazia o quê? Um? Dois? Três anos? O pequeno moreno aguardava até hoje, com um gosto deveras amargo na boca, pelo final de semana prometido que ainda não havia sido cumprido.

Enxugando com o dorso da mão as teimosas lágrimas que escorriam por sua face, Akira levantou-se, fungando baixinho enquanto calçava as excêntricas pantufas de pata de dinossauro T-Rex, saindo do quarto e seguindo pelo corredor em direção à voz exaltada do pai ruivo que reverberava pela casa que, até então, era abafada pela porta fechada do quarto.

"Então, você lembrou que tem um filho?"

Mesmo de onde estava, conseguia saber que ele se encontrava com uma das mãos na cintura, apertando a mesma com força para que não quebrasse de vez o celular.

"Oh, me poupe de mais uma de suas desculpas esfarrapadas para não aparecer aqui, Katsuki!"

Andando de cabeça baixa, Akira parou antes de chegar na sala, ouvindo escondido mais uma discussão — em partes — entre seus pais. Todo ano era assim... ele nunca aparecia, apenas ligava e raramente encontravam-se. Estava ficando cada vez mais difícil recordar-se da aparência do pai loiro. A única coisa que ainda o ligava ao outro homem era o sobrenome que possuía na certidão de nascimento.

"Você deveria ter mais consideração e amor ao nosso filho. Eu não estou pedindo nada além disso, Katsuki... Faça-me o favor!"

"Quando foi a última vez que você o viu pessoalmente?"

Doía tanto a ausência que o outro fazia em sua vida... Akira nunca conseguiu levar o papai 'Suki nas festinhas comemorativas da escola, e muito menos entregar algum presente para ele. Sentia inveja ao ver seus amiguinhos sendo buscados por seus progenitores, e como desejava, pelo menos uma vez, uma única vez, ter seu pai loiro ali no portão lhe esperando ao sair.

"Foda-se! Estou cansado disso! Cansado do seu descaso em relação ao Akira. O menino não merece o que você tem feito com ele. Não é justo!"

Sua voz aumentava à medida que seu ódio também. Mesmo que não quisesse falar alto para, supostamente, o filho não poder ouvi-lo. Contudo, Eijirou estava cansado e deveras irritado com tamanha negligência por parte do ex-marido para com Akira. Desde quando tinham assinado a papelada do divórcio, há alguns anos atrás, que Katsuki vinha mudando significativamente o comportamento em relação a guarda compartilhada que ambos possuíam do pequeno Akira Kirishima Bakugou.

"Ele precisa do outro pai também, e não somente da merda do dinheiro que manda todo mês. Akira está crescendo e começando a entender as coisas, Katsuki... Arrume. Tempo. Para. Vê-lo!"

De punhos cerrados, respirou fundo, entrando na sala fazendo-se ser notado por seu pai. Eijirou sorriu amavelmente para si, chamando-o com a mão para dar-lhe um abraço desajeitado enquanto segurava o celular, revirando os olhos e bufando com as respostas que o filho não conseguia ouvir.

Afastando do ouvido e abafando o aparelho no ombro, o ruivo comunicou:

— Seu pai quer falar com você, bebê. — Levando a mão livre até os fios negros da criança, Kirishima afagava a cabeça encostada em seu quadril. — Sabe que se não quiser, não precisa falar com ele, né?

Acenando positivamente, Akira deu um sorriso com alguns dentinhos faltando ao confirmar que falaria com o outro pai. O ruivo deixou um beijo carinhosamente no topo de sua cabeça depois de lhe entregar o celular dizendo que estaria na cozinha, saindo do cômodo para dar um pouco de privacidade ao filho.

— Oi, papai.

"Feliz aniversário, meu filho!"

— Obrigado — sussurrando envergonhado ao ouvir a voz grave através da ligação, o menino pergunta inocentemente com o coração acelerado. — Quando você vem me ver, papai?

"Akira, você sabe que o papai é muito ocupado, então, não sei quando terei tem-"

Observando o crepitar da lareira, o garotinho deixava os pensamentos irem longe abafando gradativamente mais uma negativa de seu papai 'Suki. Akira ainda era uma criança, porém, conforme o tempo ia passando, ficava cada vez mais explícito o desinteresse e a ausência proposital de Katsuki em sua vida. Não sabia o que havia feito de errado para que seu papai loiro não o quisesse por perto; aquilo doía de maneira inexplicável muitas vezes.

Assim como, em datas específicas, era fácil encontrar o menininho melancólico pela saudade excessiva. Todavia, em compensação para esses momentos dolorosos e todos os outros dias, tinha seu papai Eiji' — além de suas avós — que fazia de tudo para vê-lo feliz, e sentir-se amado.

Encerrando a ligação, as lágrimas escorriam livremente por seu rosto, e enquanto era aquecido pelo calor da lareira a gás da sala, Akira fez uma promessa a si mesmo: daquele dia em diante, nunca mais iria esperar por seu papai.

Inóspita Ligação | KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora