RED DRESS ↯ noart

23 | MISUNDERSTANDING.

𝐒𝐈𝐍𝐀 𝐃𝐄𝐈𝐍𝐄𝐑𝐓
"Hey you with the red dress on"

Eu tinha apenas mais uma semana para entrar de férias e me desligar por alguns meses da rotina agitada da empresa. Eu gosto do meu trabalho, gosto mesmo, mas é estressante ter que lidar com autores ansiosos e prazos curtíssimos para cumprir. E por falar em autores ansiosos, um estava no meu pé desde o final de semana.

Scott McCain era o tipo de homem que não desistia tão facilmente, e não digo apenas da publicação do seu projeto de livro, mas da minha pessoa, porque o cara estava dando descaradamente em cima de mim. Hoje iríamos ter uma reunião com os setores de revisão e digitação com ele, o que me deixou receosa pois se Noah percebesse as secadas que Scott lançava em minha direção era capaz de ter um surto, mas mesmo assim ele iria saber disfarçar, apesar do incômodo.

Fui a primeira a chegar na sala de reuniões e me sentei em uma das cadeiras que davam a visão perfeita da movimentada Nova York a trinta metros de altura de onde eu estava. Os vidros abafavam o barulho constante de pessoas vivendo suas vidas normalmente, indo para lá e para cá em um fluxo interminável. Apesar de ser incrível, Nova York tinha o defeito de fazer com que as pessoas esquecessem de viver as vidas de uma boa maneira ao invés de estarem apenas focadas nos trabalhos.

Fui interrompida dos meus pensamentos ao notar Noah entrar na sala e vir andando em minha direção com seus cabelos castanhos escuros balançando conforme os passos que ele dava e os óculos que o deixava muito mais bonito. Ele sorriu para mim e me deu um selinho rápido.

— Bom dia, linda.

— Bom dia. — Respondi e arrumei os papéis que estavam na minha pasta. — Você sabe se os nossos superiores têm real interesse no projeto do livro do Scott?

Noah pegou a pasta que estava segurando e colocou sobre a enorme mesa, sentando-se na cadeira ao meu lado.

— Eu ouvi algumas coisas por alto, eles parecem interessados, mas não deram nenhuma resposta definitiva. — Ele disse e virou de lado para me encarar. — Você está muito linda hoje.

Senti as minhas bochechas corarem com o seu elogio.

— Obrigada. — Assim que terminei de falar, os chefes entraram com Scott atrás. Eu e Noah nos levantamos e os cumprimentamos.

— Bom dia, senhores. — O chefe geral da empresa nos cumprimentou. — E senhorita. — Fez questão de acrescentar e lançou um sorriso amigável na minha direção. Fiquei feliz por ele ter lembrado de me incluir. — Como já é de conhecimento de vocês, Scott McCain nos trouxe uma proposta de um livro que pode ser muito bem visto pela nossa clientela.

— Qual é o contexto, em si? — Noah perguntou e Scott ajeitou a postura na cadeira, preparando-se para falar.

— A história inicialmente conta a infância da protagonista e de todos os momentos bons que viveu com a sua família na pequena cidade em que moravam. — Ele começou falando apreensivo, mas depois de algum tempo foi ficando à vontade e ao terminar de falar, pareceu ter impressionado mais ainda o chefe. — Não quero fazer um final convencional, nada disso. Algo fora do comum, mas que não extravase muito o contexto da obra. Não quero que o casal termine junto no final. — E ao pronunciar a última frase, olhou de mim para Noah como se estivesse se referindo a nós dois.

— O que você pretende fazer? — O chefe da digitação perguntou.

— Acho que as pessoas estão acostumadas com a maioria dos livros terem finais felizes e óbvios. — Scott recomeçou. — Se fizermos com que o casal fique separado, vai ser um final diferente e algo que mesmo sendo fictício, pode fazer uma alusão à realidade.