Capítulo 1.2 - Hwan-yeonghabnida! (Bem-vinda!)

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Dia 1 de maio de 2024 - Seul (Coréia do Sul)

Coloquei meu par de tênis em solo sul-coreano. Eu mal podia conter minha animação! Eu finalmente estou respirando oxigênio puro vindo de Seul — OK não é um ar tão puro assim —. Ao chegar no Aeroporto Internacional de Incheon, um dos mais movimentados do mundo, pude perceber que factualmente o Google estava correto: aquele lugar parecia um formigueiro humano e eu fazia parte dele agora.

É completamente insano. Eu estou aqui, fazendo parte desse vai-e-vem de pessoas de todas as etnias entrando e saindo de seus voos, cada qual com seus objetivos e interesses. É uma sensação de êxtase maravilhosamente boa. Sinto-me viva.

Peguei um táxi que irá me levar até o distrito de Gwanak-gu, um dos 25 gu de Seul. Enquanto observava as ruas da capital da Coréia do Sul pelas janelas do carro extremamente limpo e higienizado, pensava no quanto aquele país era singular.
Antes de vir parar neste sonho turístico, tive que pesquisar bastante sobre a geografia local e tenho de dizer que fiz várias descobertas. Primeiramente, a divisão administrativa desse país é diferente da do Brasil, assemelhando-se mais às divisões administrativas de países da Europa. Em resumo, são três níveis de governança: nível provincial, nível municipal e nível submunicipal.

Seul é uma cidade especial, segundo a classificação e é dividida em 25 distritos, os famosos gu. O mais interessante das minhas descobertas é que cada uma dessas 25 divisões de Seul possui seu próprio conselho legislativo e prefeito. São quase como pequenas cidades dentro de uma cidade.

Segundo pesquisas populacionais da ONU, em 2017, Seul teria 9,776 milhões de habitantes e acredite, mesmo que a grande cidade de São Paulo sozinha tenha 13 milhões de habitantes, esse número é enorme para uma só localidade da península sul-coreana.

O distrito para onde eu estou indo está no limite de Anyang, cidade da Província de Gyeonggi. Um cume escarpado — uma espécie de penhasco — chamado Gwanaksan é o ponto de fronteira entre as duas cidades. Escolhi esse distrito pelo conforto e a acessibilidade. A Larianne fez os cálculos e me disse que a Universidade Nacional de Seul ficava a uns 21 minutos em um trajeto de ônibus.

— Senhorita, chegamos ao seu destino — o taxista disse quebrando minha linha de pensamentos.

— Ah, sim. Obrigada.

O taxista me ajuda a tirar as minhas bagagens, que são, basicamente: uma mala de rodinhas, uma mochila e uma necessaire. Logo em seguida, pago alguns wons para o taxista.

Eu estou em frente ao Hasukjip que será minha habitação por dois anos. A arquitetura é bem diferenciada ao mesmo tempo em que não é. Sinto traços da arquitetura ocidental ao olhar.
Há uma escada com três largos degraus, um portão branco de grades elaboradas e ao lado um alambrado de madeira onde está localizado o interfone.

Toquei o interfone e esperei por alguns instantes até que apareceu uma ajumma apressada e robusta abrindo o portão.

Aigoo! Esse interfone não está funcionando há alguns dias, mocinha. Já chamei o imprestável do Jung So para arrumar essa geringonça, mas ele não veio até hoje — a ajumma disse enquanto batia as mãos no interfone, se a situação não fosse tão estranha, provavelmente eu estaria rindo — Oh, que deselegância a minha, qual é o seu nome, minha jovem? Nunca a vi por aqui — Ela terminou sua sentença parecendo finalmente notar minha figura desnorteada ali.

— Meu nome é Laís, eu conversei com uma moça chamada... mhm... (como era mesmo?)

— Ah!! Deve ser a Hyo Joo. E você deve ser uma das nossas novas hóspedes. Seja bem-vinda ao lar das mulheres da senhora Kim! Oh, como isso é maravilhoso. Venha, venha. Entre! — a ajumma disse enquanto me puxava junto com a minha bagagem.

A mulher me arrastou portão adentro até chegarmos no que parecia ser a recepção, onde havia uma sapateira para colocar os sapatos antes de entrar. A ajumma retira os sapatos e eu repito o ato dela com o meu par de tênis.

— Eu sou Kim Soo Min, a matriarca da casa. Aquele é o Jeong-wonsa e aquela é a ajudante aprendiz Hyo Joo — a Sra. Kim me arrastava e falava. Durante esse tempo pude escutar um som meio alto que saia do fone de ouvido da tal Hyo Joo, parecia que ela estava ouvindo Black Swan. — Espero que você também não ouça música nessa altura. Já cansei de alertar essa fedelha sobre a probabilidade de ela ficar surda, mas é claro que não me ouve. Oh, tenho que procurar seu contrato!

A Sra. Kim se afasta e vai até um armário procurar o contrato entre os papéis da bancada. Aproveito o momento para analisar o espaço ao meu redor. O lugar cheira à erva doce e é mais formidável do que parecia nas fotos. A luz do sol irradia no local, deixando uma cor amarelada no ambiente. O interior é decorado em grande parte por objetos de madeira e outros de cor amadeirada. Há uma grande mesa no centro do cômodo com objetos e vasos de flores em cima. Um grande lustre pende no teto acima da grande mesa. Em um extremo do cômodo está um aquário retangular que contêm peixes da espécie Carassius auratus — mais conhecido como peixinho-dourado — e no outro extremo se localiza o balcão, os armários da recepção e uma porta de vidro que leva para um aparente jardim.

Distraí-me tanto durante minha análise da decoração local que nem percebi um rosto conhecido aproximar-se dizendo meu nome:

— Laís? Não acredito.

•••

Ajumma: Senhora mais velha
Aigoo: Expressão de espanto ou surpresa
Hasukjip: Espécie de pensão para estudantes
Jeong-wonsa: Jardineiro

Como é o local:

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⏰ Última atualização: Jul 30 ⏰

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