Capítulo 5

961 93 29
                                    

POV LUDMILLA

- "Filha? Ludmilla, você bebeu?" - Emilly perguntou do outro lado da linha e em seguida soltou uma risadinha debochada, aquilo me irritou ainda mais. Qual é, o assunto é sério aqui eu não estou entendendo qual é a graça.

- Emilly, pelo amor de Deus eu estou falando sério. Eu tenho uma filha, e ela está bem aqui na minha frente comendo um patinho de borracha, será que da pra você parar de rir e vir pra cá, eu estou tentando falar sério aqui caramba. - Falei tudo em um fôlego só, completamente desesperada. Eu estava desesperada.

- "Ludmilla, você não vai me pegar nessa" - Soltou uma risadinha debochada e eu fechei os meus olhos respirando fundo me controlando para não xinga-la. Eu já teria desligado na cara dela se eu não precisasse tanto da minha amiga como agora. - "Você não está brincando?" - Perguntou ao notar o meu silêncio e eu suspirei sentindo um bolo formar em minha garganta.

- Claro que não Emilly, pelo amor de deus! Como que eu vou brincar com uma coisa dessa? - Respondi exaltada e arregalei os meus olhos olhando para a Jas que ainda estava sentada no tapete do chão da sala. Dei graças a deus por ela não chorar, e estar bem distraída com aquele patinho.

Um silêncio reinou do outro lado da linha e eu me mexi inquieta no sofá. Será que ela desmaiou?

- Emi? - Chamei receosa e no segundo seguinte eu me vi sendo obrigada a afastar o telefone de meu ouvido.

- "LUDMILLA, PELO AMOR DO MEU SENHOR JESUS CRISTO, ME FALA QUE VOCÊ ESTÁ BRINCANDO!" - Emilly berrou do outro lado da linha e eu suspirei. Eu queria muito falar que estava brincando. Mas então Jasmine soltou um gritinho agudo e jogou o patinho para longe, e em seguida saiu engatinhando atrás do patinho. Sorri com a fofura. - Isso foi um barulho de bebê? - Emilly perguntou e lá estava eu afastando o telefone do meu ouvido novamente. - "PUTA QUE PARIU OLIVEIRA, VOCÊ ESTÁ MESMO COM UMA BEBÊ AI!" - Revirei meus olhos e escutei uma movimentação do outro lado da linha. - "Não sai daí, eu estou chegando" - Foi o que ela disse e o telefone foi desligado, na minha cara.

- Eu não vou a lugar nenhum. - Respondi em meio a um suspiro e olhei para a pequena garotinha no meio da sala e sorri fraco.

As vezes eu queria voltar a ser criança, porque olhando para ela agora eu percebo o quanto uma criança é feliz. Ela não tem problemas, não tem com o que se preocupar. Digo, a mãe dela não está aqui e ela nem ao menos se importou, eu aqui desesperada e ela nem ao menos se importou, ela está ali, no mundinho dela, alheia a todos os problemas que lhe rodeiam, gargalhando e brincando sozinha. Vocês conseguem imaginar o quanto é bom ser criança? Bem que minha mãe me dizia que eu deveria aproveitar a minha infância. Olha onde estou agora? Olhei para minha vida. Namoro sem querer namorar, eu não consigo me ver presa em alguém e transando todo dia com a mesma pessoa, beijando a mesma pessoa, eu não sou assim e nem nunca vou ser. Ao mesmo tempo carrego a culpa de que sei que vou acabar a magoando um dia, parece que não, mas eu me importo sim com ela, Larissa é uma garota incrível e eu juro que tentei ser diferente, mas eu não consigo, eu não sou assim. Se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria dado encima de Larissa, talvez eu não precisasse passar por isso. Até hoje me lembro o quanto foi constrangedor a minha mãe entrando no quarto e me pegando com o pau enfiado na Larissa, eu queria poder apagar essa cena da mente de minha mãe, porque foi só por esse maldito flagra que me meti nessa encrenca. Já não basta minha mãe espalhar para todos incluindo o Itamar Carvalho que estávamos namorando, ela idolatra Larissa, como ela diz: " Minha norinha preferida, só você para colocar juízo na Ludmilla", mal sabe ela. E pra completar o desastre da minha vida, eu tenho uma filha. Vocês têm noção disso? Uma garota, de 18 anos com a vida pela frente, faculdade para entrar, festas para curtir, ter uma filha. Uma filha.

The Girlfriend Of My Friend - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora