O contrato

Capitulo 2- Pequena Emilly

É parte da cura o desejo de ser curado.

- Sêneca

Camille Narrando

Vou no quarto de Lexy, mas vejo que ela não está. Resolvo ir comprar uma água de coco e passear na praia. Ótima forma de viver uma folga: curando a ressaca.

Chego em casa, tomo um banho demorado, lavo meus cabelos e vou verificar meus e-mails, não possui nada sobre a clínica. Começo a estudar novos artigos que foram lançados sobre pediatria e acabo perdendo o horário.

Tomo um susto quando Lexy abre a porta de vez gritando e correndo para a minha cama.

- Você não sabe com quem passei a noite. - Diz ela toda animada.

- Com algum macho, suponho. - Respondo sem ânimo.

- Tive uma longa noite de sexo com o dono da festa, estou acabada. - Ela diz pensativa.

- Não sei como você consegue passar noites com pessoas que você não conhece, não tem medo de que nada te aconteça? - O tom de preocupação se destaca em minha fala.

- Não. - Lexy diz e sai desfilando para o quarto dela.

Continuo checando meus e-mails, quando de repente chega uma notificação no meu whatsapp de Ana, minha colega de trabalho:

"Meu primo viu sua foto e ficou apaixonado por você."

Questiono de onde ela poderia ter visto minha foto e deixo o celular para fazer algo para comer.

Quando volto ao quarto, olho meu celular e simplesmente fico pálida com o que leio:

"Sua foto está em todos os sites de fofoca com sua prima Alexia Figueiredo, a jovem que está inspirando vários estilistas."

Resolvo procurar no Google e tudo piora, vejo fotos minhas em TODOS os sites de fofoca, resolvo abrir um.

"Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado. Alexia Figueiredo chega em Nova York para a semana dos estilistas e em sua primeira noite a jovem vai a uma festa particular com sua prima nunca vista antes com a jovem, Camille Figueiredo, alguns convidados da festa nos informaram que Camille é uma médica de um dos maiores hospitais de Nova York, alguém pode nos passar mais informações sobre essa gata? A beleza está presente nessa família viu."

Leio apenas esse paragrafo e vou correndo no quarto de Alexia.

- Olha só a merda que você me faz passar Alexia, por sua causa o meu rosto está estampado em todos os sites de fofoca e o pior é que querem mais informações sobre mim. - A raiva se faz presente em mim.

- Priminha, não se estresse, esse ramo da fama é um ramo maravilhoso, temos que aproveitar as oportunidades que a vida nos dá – Diz na maior calmaria.

- A fama é boa para quem quer ter fama, eu não quero. - Digo.

Ela senta comigo e passamos o final da tarde conversando sobre vantagens e desvantagens da fama e acabo cedendo de que sairei com ela mais vezes. Olho no relógio e já passaram das 20 horas, resolvo pagar um jantar no restaurante do meu melhor amigo.

Quando chegamos no restaurante, escolhemos uma cadeira no canto do restaurante e Guilherme quando me ver vem até a minha mesa:

- Camille Figueiredo saindo? Só podia ser obra da Lexy mesmo. - Diz nos abraçando.

- Ainda bem que você me conhece. - Digo revirando o olho.

Pedimos o melhor prato e quando estávamos na sobremesa, Gui chega a nossa mesa com um sorriso no rosto.

- Amiga, meu melhor cliente não tira o olho de você – Ele diz apontando.

Olho o rapaz e ele possui um charme interessante, mas rapidamente lembro do hospital e informo que eu não tenho interesse e continuo com a noite tranquilamente.

Muitas vezes me sinto sozinha, carente, mas lembro das inúmeras vezes que vi minhas amigas sofrendo por homem e simplesmente perco a vontade de ter um relacionamento. Homem é bom longe. Sei me satisfazer, possuo meus brinquedos, não preciso de homem.

No momento de pagar a conta, Guilherme nos informa que a conta já foi paga pelo bonitão, a raiva me domina e vou na mesa dele.

- Você é idiota ou o quê? Acha que não tenho dinheiro para pagar minhas contas? Que vai conquistar as mulheres mostrando que você tem dinheiro? Desculpe idiota, mas você achou isso com a mulher errada. Grito e saio do estabelecimento com Alexia correndo atrás de mim. Entro no meu carro e aguardo Lexy entrar, ela vem sorrindo e pergunta porque fiquei estressadinha com o ato do "nobre" rapaz.

- Ele achou que eu não tinha dinheiro? Homem tem que parar com isso, eu já tinha dito a ele que eu não tinha interesse. - Digo bufando raiva.

- Prima, tem homens que acham que o "não tenho interesse" é puro charme, entendo que não é não e que ele não deveria ter pago nossa conta, mas existe alguns homens que acham que vai fixar alguém pelo bolso, dá raiva sim, mas você não pode explodir sempre que isso acontecer. - Ela me explica.

Chegamos em casa, criei a minha planilha para a semana toda, fiz minhas higienes e acabo adormecendo.

***

Acordo antes do despertador tocar, faço minhas higienes, verifico meu e-mail e vou para o carro. Confirmo se o jaleco novo está no banco traseiro e dou partida para o hospital.

- O quadro clínico da paciente do quarto 320 se agravou – A enfermeira me passa assim que chego ao hospital.

Emily, tem 4 anos e perdeu seus pais em um acidente de carro e então se internou no hospital com pequenas queimaduras, desde então tem feito o tratamento, porém por conta do internamento no hospital se tornou uma paciente vulnerável e seu quadro se agravou e acabou adquirindo pneumonia, já que seu pulmão já estava afetado pela inalação da fumaça da explosão. Sua tia veio do Brasil para poder cuidar da pequena e da papelada de óbito dos pais de Emily.

Entro no quarto e ela já abre um sorrisão para mim e como sempre meu coração sempre amolece.

- Minha pequena, como está se sentindo?

- Titia Mile, estou com minha cabeça doendo e dor quando eu tusso. - Responde com a voz fraca.

Verifico os sinais vitais de Emily e solicito alguns exames médicos que serão realizados no hospital mesmo.

Saio da sala olhando meu celular que não para de apitar, ALEXIA. Até que me esbarro em alguém e meu celular voa metros para longe de mim.

- Não olha por onde anda não? - Uma voz grossa soa em meus ouvidos.

- Você que não olha para onde vai, esse é um hospital que requer atenção. - O tom de raiva se faz presente em minha fala.

Quando levanto a cabeça fico pálida e engulo seco. É o rapaz do restaurante da noite anterior. E ele está de jaleco.