Sabe aquelas cenas de filme ou novela onde o herói ou a mocinha se jogam na frente de uma bala pra salvar a vida de alguém que eles amam? Vi muitas cenas como essa nas novelas que minha avó assistia todas as noites. São cenas bonitas, né? O grande sacrifício pelo amor, só alguém que ama muito e de muito bom coração faria algo assim, um verdadeiro herói.
Pois é, vou te contar algumas coisas sobre isso:
A primeira coisa é que dói pra cacete, desculpe o palavrão mas é a verdade, um tiro assim a queima roupa não é nem um pouco legal. A dor é insuportável e te faz chorar como uma maricas.
Segundo, por um momento você pensa: "por que eu fui fazer isso!?" sim , uma partezinha do seu cérebro se questiona por que simplesmente não se olha para o outro lado e corre, corre muito até estar segura. Entenda não é que eu me arrependi e só que... Na verdade me arrependi um pouquinho, isso dói pra caramba.
Terceiro, aquele velho clichê que conta que sua vida passa diante dos seus olhos é verdade. Eu consigo ver minha história, lembrar de vários momentos da minha vida.
E a quarta é que mesmo que você esteja no calor intenso do Rio de janeiro é impossível não sentir o frio, meus amigos a morte por assassinato é gelada, eu não era muito boa em anatomia no colégio mas acho que isso tem alguma coisa a ver com a quantidade enorme de sangue que se perde.
E como eu sei de tudo isso? Eu acabei de levar dois tiros, sei que foram dois porque minha perna direta dói tanto quanto meu abdômen. Eu bravamente entrei na frente de uma arma e acabei recebendo os tiros que iriam acertar minha mãe, falando nela, posso sentir suas mãos apertando minha barriga provavelmente tentando conter o sangramento.
- Tereza filha, olhe pra mim, vai ficar tudo bem - os olhos da minha mãe se prendem aos meus e lembro que tenho que falar as palavras antes que seja tarde. -socorroooo, alguém ajuda ela.
Não consigo focar em seus olhos e as lembranças da minha vida continuam passando, lembro como fiquei surda, como fui abandonada por ela, minha traumática festa de quinze anos, a morte da minha avó. Mas não são só as coisas triste as felizes também estão presentes: como conheci meus irmão, que hoje são as paixões da minha vida, como conheci meu pai, meu primeiro dia em uma aula de balé, como é estar em cima de um palco me entregando a dança fazendo o que mais amo, como foram felizes meus dias dando aula para crianças pequenas e me lembro dele, tudo sobre ele como eu o amo e como eu gostaria de me desculpar antes de partir.
Não queria morrer deixando tantas coisas pendentes, não pedi perdão a ele, não disse a minha mãe que a amo, não contei ao mundo que sou filha do melhor homem que já existiu, não conheci a Espanha.
Tanta coisa pra fazer e eu aqui morrendo.
- Filha, por favor, não fecha os olhos está bem? A ajuda está aqui.
- Teresaaaaa - minha mente já esta me pregando peças, pois estou escutando a voz do amor - Teresa olha pra mim.
Com dificuldade abro meus olhos que vão diretamente de encontro aos seus, ele está mesmo aqui?
- Amor... me ..perdoa.. - falo pausadamente e sinto algo escorrer por meus lábios e um gosto ruim na boca. Isso não é uma coisa boa.
- Teresa não fala nada, vai ficar tudo bem. Eu te amo. Não me deixa.
Eu nunca o deixaria, ele que me deixou por minha culpa perdi o seu amor. Agora nas imagens da minha cabeça se passa a nossa história nossos momentos... De como encontramos o nosso ritmo, mas acabamos nos perdendo.
Como cheguei até aqui? Como deu tudo errado no final?
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Nosso Ritmo (DEGUSTAÇÃO)
RomanceA vida é dificil! Teresa aprendeu isso desde cedo. Abandonada pela mãe com apenas cinco anos foi cometida por uma enfermidade que deixou como consequência a surdez. Somente quando descobriu a dança ela voltou a ter esperanças. Sua família, sua dan...