Caminhos

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KATHERINE POV 

- Então Katherine, quer compartilhar algo na sessão de hoje? - assim que sentei, Lois, minha psicologa me olhou amorosamente na esperança de que eu me abrisse sobre o porque de eu ter pedido uma sessão de emergência. 

- Eu não sei se vou conseguir lidar com essa situação. Ontem dei uma carona para Dom, depois que saímos do estúdio, e quando estava lá, naquela casa que um dia foi nossa, ela resolveu me apresentar alguém. A namorada dela.- minha voz embargou e quase chorei com o fim da frase, tive que me conter.

- E como você se sente agora? Sabendo que poderia ter contado a verdade a ela sobre sua situação e está escondendo? Sabendo que ela está com uma nova pessoa? - Lois curvou seu corpo em minha direção me olhando por cima dos óculos. 

Lois era uma mulher muito bem apresentada. Deveria estar entre seus 40 , 45 anos. Usava um terninho de risca de giz cinza claro e uma calça da mesma cor, com uma camisa branca por baixo, acompanhado de um salto alto bico fino. Tinha um ar de inteligencia máxima e a aparência próxima a professora Mc Gonagall de Harry Potter.

- Não pensei que ela teria alguém tão cedo. Tudo que passamos, tudo que enfrentamos para estarmos juntas. Eu sinto como se tivesse perdido minhas forças, meu chão. Não consigo imagina como será encontrar com ela no set de filmagem indo buscar a Dom, ou quando eu for entregar a Lou e der de cara com elas duas. Eu não poderia contar a Dom porque sai de casa ou porque resolvi dar um tempo de tudo, ela se sentiria culpada e não seria justo. Ela não tem culpa. - soltei as palavras uma atrás da outra sem demora, ou não teria coragem de falar.

- Katherine, o estresse pós-traumático é comum entre pessoas que vivenciaram o que você vivenciou. Toda aquela violência, ter que aceitar uma gravidez que não estava nos seus planos e não foi uma decisão sua. Ambas passaram por momentos traumatizantes. Seria um milagre você não sair disso tudo com trauma. -  sua voz era doce e suave, e me acalmou por um momento.

- Eu entendo, mas depois de tudo aquilo? Dos pesadelos, das reações negativas, de perder a paciência quase sempre com as minhas meninas. De ficar vendo aquelas mulheres em cada esquina que eu ia. Não é justo fazer a Dom ou a Lou passar por isso. Essa dor é minha. - nesse ponto eu já estava chorando copiosamente. Reviver aqueles momentos horríveis me fazia soluçar. 

- E como você reagiu a apresentação ontem? Como tratou a nova namorada da Dominique? - parece que meu choro a fez mudar de assunto para que eu me acalmasse. Mas não adiantaria.

- Fui a mais educada possível. Apertei sua mão e me apresentei. Mas fugi assim que deu. Não sei se a Dom percebeu, mas eu me senti sufocada naquele momento.

- E como está se sentindo com a nova medicação? Como anda seu sono?

- Cada dia tento me adaptar a deitar na cama e não sentir a Dominique ou a Louise correndo e pulando sobre nós, mas estou tentando. Não tem sido meus melhores dias, e nem os piores, diria que estou na média. - sorri com a ultima palavra e minha psicologa também. 

Conversamos sobre mais algumas coisas relacionadas a trabalho e vida financeira, e quando dei por mim a sessão já estava no fim.

- Te espero na quarta que vem? - ela perguntou apertando minha mão enquanto me encaminhava a porta.

- Sim, sim. Espero não ter gravações tão extensas. - pedi licença e sai do consultório. Estava ansiosa para ver a Lou, que queria que eu fosse buscá-la na creche. Toda essa semana tinha sido muito pesada e encontra o meu neném era o que me trazia paz. 

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