Muito Prazer

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Calebh Alcazar:

       Após uma rápida checada nos arredores da casa onde ficaríamos por um tempo, decidi entrar e me preparar para o jantar que seria servido no Salão Principal, segundo um dos empregados da casa.

      Tomei um banho rápido e vesti a primeira roupa que peguei, uma calça social preta, uma camisa também preta e um terno da mesma cor. Que se dane a gravata!

      Eu poderia ter recusado o convite especial feito a mim e a meus homens, mas tudo ali era novo e eu precisava saber onde estava pisando e com quem estava lidando. A expressão preocupada no rosto de cada um dos membros do Conselho me deu a certeza de que tinha algo fora do comum acontecendo e eu precisava descobrir depressa. Odiava esse tipo de surpresa.

      Encontrei alguns soldados na entrada da casa e fomos juntos para o bendito jantar. O salão principal ficava há alguns metros e meus homens queriam caminhar pela cidade na esperança de checar se haviam mulheres agradáveis por ali. Ninguém tinha dito uma só palavra sobre isso desde que havíamos chegado, mas eu os conhecia.

      Caminhamos por uma estrada bem cuidada e arborizada até chegarmos a única praça que havia ali. Era uma cidade pequena, mas notava-se que estava sendo bem cuidada. O que me deixou satisfeito. Atravessamos a praça e chegamos ao Salão Principal. Fomos bem recepcionados na entrada do Salão e logo meus homens estavam acomodados em uma mesa próxima ao balcão de bebidas.

      Me virei para subir à parte superior do salão e me acomodar em algum lugar onde pudesse observar melhor a movimentação e talvez encontrar algo para distrair minha mente cansada. Mas fui surpreendido por um corpo pequeno que bateu sem jeito em meu peito e teria caído sem graça e elegância no chão se meus reflexos não tivessem sido bons e rápidos o suficiente para segurá-la antes que chegasse ao seu vergonhoso destino.

- Me desculpe. Eu... - A voz dela sumiu quando levantou os olhos e me viu. A palidez e o pânico eram evidentes em seu lindo rosto.

      Ainda segurando-a pela cintura pude notar o quão pequena e perfeita ela era. Tinha uma pele muito clara, os cabelos estavam presos em um penteado desleixado e sexy, o vestido havia sido planejado para chamar atenção, talvez dos pais, e os lábios vermelhos a deixavam incrivelmente desejável, apesar do olhar inocente estampado em seu rosto. Algo nela me parecia familiar... Aquele perfume doce estava me embriagando e confundindo meus sentidos...

- Numa próxima ocasião deveria prestar mais atenção, senhorita. - Disse com um sorriso torto. - Mas devo confessar que tudo isso me deixa um tanto...

- Guarde suas emoções precipitadas para você mesmo, senhor! - Interrompeu ela me empurrando e se recompondo. Alisou o vestido nervosamente, empinou o nariz e tentou sorrir. - Admito que não estou surpresa em encontrá-lo aqui, porém as circunstâncias exigem um pouco de sagacidade e não vou disfarçar meu desespero em vê-lo. Por favor....

- Jas! - Óliver falou cauteloso ao se aproximar. Meneou a cabeça em uma reverência muda. - Senhor...! - A semelhança entre eles era gritante. Olhou para os dois juntos e sorriu ao vê-lo puxar o braço dela com cuidado. A tensão era evidente em cada movimento dele. Não iria julgá-lo. Ele era um dos meus melhores homens, não esperava menos. A família era algo valioso. - Pode nos dá licença, senhor?

- Claro! - Encarei ela por alguns segundos, sorri de lado mais uma vez e continuei meu caminho.

      Aquilo seria interessante!  

                                                                                        

                                                                                             ***

                                                                              

                                                                              Jasmine Stuart:

      Meu coração parecia que sairia pela boca a qualquer instante e eu nem tive a oportunidade de pedir do jeito correto que guardasse o nosso segredo, pelo menos por um tempo. Só implorava ao universo silenciosamente para que ele não tivesse reportado aos seus superiores tão rápido assim.

- Não sei sobre o que conversavam, mas acredito que aquele é um homem que precisa ser evitado, pequena. - Óliver parecia tenso.

       Algo naquilo o deixava desconfortável. E isso era novidade. Rondar como um abutre à minha volta era o papel de Cristian, ele era o rabugento certinho de nós três e não perdia uma oportunidade para nos mostrar o quão superior ele era. Algo ali não estava batendo.

- Aí estão vocês! - Disse papai andando em nossa direção. Ele parecia nervoso. Tinha alguma coisa errada. Ele mal olhou para nós. - Vamos subir. Precisamos começar!

      Nos posicionamos como sempre fazíamos todos os anos e subimos com nosso pai para a parte superior do salão. Ele tomou o seu lugar próximo à bancada pequena com um microfone e nós ficamos um passo recuado à esquerda dele com sempre fazíamos. Não era uma posição confortável, uma vez que toda a cidade prestaria atenção em nós e eu não precisava de mais atenção naquele momento, foi uma péssima ideia se vestir daquele jeito.

      Eu estava preocupada com tudo o que aconteceu durante todo aquele dia e não consegui prestar atenção no discurso bonito que papai passou horas escrevendo.

      O leve aperto de Óliver na minha mão direita me trouxe de volta a realidade. Eu era uma Stuart e nós éramos objetivos, não colocávamos preocupações aleatórias antes do que de fato importava. Pensaria com calma sobre tudo aquilo depois que conversasse com as meninas.

      Meu pai falou por mais alguns minutos e aos poucos minha atenção foi voltando para o que estava acontecendo. Todos começaram aplaudir algo que ele havia dito e nós três fizemos o mesmo.

      Ele virou para a direita e estendeu a mão para alguém que estava se aproximando e eu não havia notado. O cara do Lago vinha vindo na nossa direção como se fosse o dono daquele lugar.

      Em uma outra ocasião eu teria o achado lindo, mas isso não vinha ao caso agora. Meu coração acelerou e o medo começou a dominar meu corpo. Ele contaria a papai o que havia visto na frente de toda a cidade, eu seria a vergonha do século.

      Passei o olhar rápido entre a multidão que nos observava e vi as meninas juntas, todas de mãos dadas esperando o pior. Bárbara estava meio pálida e seus olhos pareciam que iam saltar a qualquer instante. Era isso que ela queria me dizer. Aquele seria o nosso fim.

- ...Eu, minha família e toda a cidade damos as boas vindas ao nosso Imperador. Seja bem vindo, meu senhor! - Mais aplausos e todos começaram a reverenciar.

      Meu pescoço virou devagar e eu pude notar o leve sorriso presunçoso no rosto dele ao cumprimentar meu pai com um aperto de mãos e olhar em volta devagar. Seu olhar parou em mim e aquilo me fez perder os sentidos por alguns segundos.

      Ele era o Imperador Alcazar!?


"Estamos indo atrás de você
Nenhum lugar pra correr
Estamos indo atrás de você
Esta é a caça
Esta é a caça!"🎶
This is the hunt, Ruelle

                                                                             ***

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   Mil beijinhos! 😘
 Jo May 🍃

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