Conta a lenda, que antes dos homens do outro lado pisarem na terra vermelha daqui, havia uma tribo indígena cuja bravura de seus homens e mulheres fizeram um novo mundo. E lá no fundo da Floresta Amazônica uma história começou quando uma menininha chamada Iara nasceu.
Assim que Iara nasceu, o pajé, pai de Iara, apresentou a indiazinha à Jaci, lua em tupi-guarani. Iara cresceu sob o olhar de Jaci e o pajé se orgulhava da filha.
Iara tinha dois irmãos. Eles eram muito temidos na aldeia. O Pajé sempre fazia suas orações à Tupã para que os seus filhos seguissem o seu caminho.
Iara brincava com os seus irmãos. Ela corria pelas matas , era amiga dos animais e com eles se comunicava. Sob o olhar de Jaci, Iara crescia e se transformava em uma habilidosa guerreira.
Iara gostava de imitar seus irmãos. Eles eram mais velhos. Mas, eles zombavam porque ela não se comportava como as outras meninas da aldeia. Iara adorava caçar, lutar no barro, atirar com arco e flecha, remar, nadar. Ela corria mais rápido do que qualquer menino na aldeia. Mas, o comportamento dos seus irmãos a entristecia.
O pajé os repreendia:
- Acauã! Cauré! Iara é protegida de Jaci, não façam nada que a fira e a desagrade.
Os irmãos de Iara davam gargalhadas e corriam por toda a aldeia gritando:
- Não pai, Iara é nossa irmã, nós cuidaremos dela.
Num dia de lua cheia, como uma demonstração de bravura, Acauã e Cauré decidiram sair para trazer ao pajé os pelos de uma onça. Iara não esperou ser chamada, ela sabia que seus irmãos não a deixariam ir. Então os seguiu sem que a notassem. Eles adentraram nas profundezas da floresta.
Após uma hora de caminhada, Iara sem titubear os alcançou.
- Também quero tosar uma onça. Vou exibir como um troféu e todos na aldeia deixarão de dar conta de suas troças comigo – disse Iara ao se aproximar dos seus irmãos.
Acauã e Cauré não acreditaram ao ouvir a vozinha de Iara. Como puderam vir tão longe sem se dar conta da presença de Iara? E agora? O que fazer?
Já era quase noite, dificilmente chegariam até a aldeia sem topar com algum perigo. Resolveram descansar sobre uma gigante folha de Coccoloba.
Ao amanhecer os dois irmãos se deram conta que Iara já não estava mais ali. Uma pequena serpente se arrastava sobre a folha de Coccoloba onde Iara tinha dormido. Onde estaria Iara?
Acauã e Cauré saíram gritando por Iara.
Nada. Nenhuma resposta. Somente o som da floresta que despertava.
Cauré era um exímio rastreador. Saiu perseguindo os rastros de sua irmã, ainda, frescos.
Correram! Correram! Correram! Correram! Pararam.
Os rastros de Iara diziam que ela havia escorregado e caído em um barranco. Profundo. Mas, Cauré e Acauã não viam mais sinais de Iara. Desceram pelo barranco e avistaram um enorme buraco coberto por pequenas plantas que pulsavam pelas encostas. Não viram nada. As plantas eram densas e o fundo escuro.
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Short StoryContos para crianças, pré-adolescentes e adolescentes. Contos para autoleitura e leitura acompanhada. Contos para dar asas à imaginação.