Serendipity || Jikook

2. Jimin

Nesse momento eu estou um misto de ansiedade, medo, insegurança e angústia.

Desde que eu perdi meus pais, minha vida se tornou um inferno. Eu e meu irmão passamos o resto da adolescência na casa dos nossos tios, que nunca se importaram muito com a gente. E desde então eu sonhei todos os dias em me mudar, em sair daqui e viver minha vida, em seguir meu sonho.

E hoje é o grande dia, o dia em que estou me mudando para Seul em busca disso, é tudo ou nada. Eu posso me dar muito bem lá ou simplesmente fracassar, mas eu não sou o tipo de pessoa que tem muito a perder. Eu já não tenho nada.

Eu vivo andando por aí esboçando milhares de sorrisos acreditando que isso vai mudar meu dia, as vezes ajuda, mas eu nunca fui de fato feliz. Mas isso não importa, importa as pessoas acreditarem que eu estou bem, afinal elas não se importam com o que você sente ou pensa. São todas vazias e cansadas, e as vezes é possível enxergar isso no olhar de cada uma delas.

Meu irmão me acompanhou até o Aeroporto, ele vai continuar com meus tios por um tempo até achar um aluguel barato para pagar, eu o chamei para vir comigo a Seul mas ele ainda tem medo de arriscar tudo na capital. Eu entendo, ele tem uma namorada em Busan, alguém que ele ama e quer por perto, tem amigos, ele tem algo.

- Toma cuidado Jimin. Promete que vai me ligar todo dia, tudo bem?

- Prometo. - Eu estendo o dedo mindinho para ele, promessas de mindinho não podem ser quebradas.

Desde que nos tornamos só nós dois acabamos nos aproximando muito, na falta dos nossos pais eu era quem dava tudo ao meu irmão, por ser mais velho e começar a trabalhar mais cedo.

Ele me conhece bem, mas não o suficiente. Eu sei que ele aceitaria qualquer coisa que eu dissesse, mas eu também sei o quão traumático foi para ele perder os pais aos 10 anos de idade, eu sei que ele tem muitos medos e sentimentos guardados. Então não seria justo da minha parte despejar tudo nele só porque ele é a única pessoa que eu tenho.

Então eu sorrio e finjo estar bem, ele precisou desse apoio para se tornar o que é hoje. Não poderíamos ser duas pessoas machucadas.

- Eu vou sentir sua falta. - Eu digo o abraçando.

- Eu também.

Então depois de um longo abraço eu embarco no avião, colocando meus fones de ouvido para tentar diminuir a ansiedade.

🎵

Assim que desembarco em Seul, é tudo muito diferente. Nunca saí de Busan antes, então estar em uma cidade movimentada me deixa um pouco confuso logo de cara.

Mas peço um Uber que me leva até o apartamento que aluguei.

Eu trouxe somente uma mala com algumas roupas, então já aluguei ele mobiliado. E depois de pegar a chave com o síndico eu já me sinto mais aliviado.

É extremamente pequeno, mas aconchegante. Tem apenas um sofá pequeno na sala, uma TV mediana, a cozinha também é bem estreita, mas pelo menos o quarto é bem espaçoso.

Depois de dar uma organizada nas coisas e tirar o pó dos móveis eu saio para comer e dar uma volta na cidade.

Eu ainda estou meio perdido aqui, mas encontro com facilidade um restaurante por perto, mas antes de entrar percebo que poucos metros à frente se encontra a Escola de Música e Artes Cênicas de Seul, onde tenho um teste na semana que vem.

Se tudo der certo e eu passar, isso pode mudar minha vida, posso me tornar um instrutor de dança e ficar mais próximo do meu sonho. Caso contrário eu não tenho outra opção, não tenho para onde voltar.