O sol brilhava fraco, tentando resistir bravamente. A primavera finlandesa podia oferecer o que havia de mais belo: flores, sabores, cores. Até mesmo borboletas e encontros de negócios a céu aberto. Mas era outono e as flores agora davam lugar as folhagens que caíam, se preparando para o inverno.
Ville ouvira falar da talentosa jovem através de um amigo em comum. Queria mesmo descobrir algo novo no ramo e não custava nada dar uma chance. Ela era boa no que fazia, foi o que disseram.
Logo que se viram, ambos já se reconheceram: ela era uma figura que não passaria despercebida. Com seu look completamente preto, contrastando com o vermelho vibrante de seus lábios e o tom pálido de sua pele. Os óculos escuros eram de longe o modelo mais exótico que Ville já tinha visto na vida. Os braços a mostra revelavam os traços de tinta cobrindo quase toda a pele. Tudo nela parecia estar em harmonia. Até mesmo o cabelo incrivelmente preto, num corte reto próximo ao queixo.
Ela deixava bem claro que era uma mulher empoderada. O que logo fez Ville sentir uma óbvia e desconhecida vontade de conhecer um pouco mais sobre a jovem que riscaria sua pele.
Kat Von D.
Era assim que se chamava, segundo o amigo havia informado. Naquele momento, Ville achou um absurdo ele não ter comentado sobre quão interessante a garota era.
-"Sou a Kat." - Falou, estendendo a mão.
Ville logo imitou o gesto, cumprimentando a jovem. Se sentiu estranhamente sem jeito quando ela retirou o óculos.
Seus olhos tinham um tom de castanho escuro belíssimo. O delineador forte apenas ressaltava seu olhar. Ville não pôde deixar de reparar na constelação que havia em sua têmpora. Era como se fosse uma extensão de seu olhar tão penetrante. Estrelas tatuadas no rosto. Aquilo era no mínimo, um modo de dizer "sou minha própria dona". Mas para Ville, as estrelinhas tiveram um efeito contrário: achou a "constelação Kat" incrivelmente fofa.
Sentiu uma leve ansiedade e estranhou não saber de onde isso vinha. Permaneceu quieto, sorrindo sem perceber.
-"Você deve ser o Ville." - Ela também sorriu.
-"Ah, sim, sim. Claro, sou eu. Podemos sentar?" - Falou num sobressalto.
Sentaram a mesa e logo um garçom veio atendê-los. Ambos pediram café. Preto. Sem açúcar. Ville sorriu da coincidência. Geralmente as pessoas o achavam louco por gostar de café sem açúcar. Ao menos isso, ela parecia entender. E apreciar.
Ville acompanhava atentamente cada movimento da moça, cada mínimo detalhe, cada sobe e desce de sua garganta ao engolir a bebida. Tudo nela o deixava fascinado.
O olhar sereno, a curva do pescoço, o cantinho da boca se erguendo em cada sorriso. E céus! Que boca aquela... A simples visão daqueles lábios fazia as glândulas salivares de Ville trabalharem: davam água na boca.
Acabara de conhecer a moça. Iria precisar de seus trabalhos como tatuadora e como ela morava em Los Angeles, era difícil manter contato. Mas o destino parecia querer ajudar os dois: ela havia ido até Helsinki, por indicação do amigo em comum. E porque não fechar um trabalho? Não havia nada de errado nisso.
Já ouvira falar sobre os encantos do moço de olhos tão belos e sorriso estonteante. Ville era, de fato, uma daquelas pessoas com personalidade marcante que você tem certeza que nunca mais conhecerá alguém parecido na vida. E ele era inegavelmente bonito. Dono de uma beleza hipnotizante e quase surreal.
-"Conte-me mais sobre você." - Ela disse, quebrando o silêncio.
-"Sobre mim?" - Ele sorriu gentilmente.
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Chapters 1 To The 13
Fiksi Penggemar"[...] Nunca imaginei que cada música seria preenchida com mensagens diretas para mim. Coloquei o álbum e a música saiu correndo dos alto-falantes e encheu minha casa. Sua voz soou ao redor, chegando ao âmago do meu coração com cada palavra que ele...