Bom, depois de alguns meses lidando com problemas típicos do acampamento, como fraturas expostas, perfurações por lanças/espadas/facas, envenenamentos e concussões, acabei sendo informado que meu avô estava extremamente doente, e por conta disso acabei voltando para casa por um tempo para ajudar a cuidar dele, contudo ele já tinha 89 anos e algumas doenças pré-existentes, o máximo que eu podia fazer era amenizar seu sofrimento. Ele acabou falecendo 2 semanas após a minha chegada, o clima ficou extremamente pesado, fiquei muito triste, mas infelizmente já tinha acostumado a perder amigos muito próximos, a vida de um semideus é assim. Acabei ficando mais 1 semana com a minha família para acalmá-los e confortá-los o máximo que pudesse, o que também é uma habilidade que conquistei após trabalhar com feridos por um tanto tempo.
Diferente do que você deve estar imaginando, não eu não fui forçado a sair correndo de casa por estar sendo atacado por monstros, em parte, na realidade uma parte de minha família sabe que sou semideus, a parte confiável é claro, já a outra parte da família acredita que tenho algum retardo mental, eles insistem que já me ouviram "simulando uma conversa" em meu quarto, obviamente eu não sou louco, só estava atualizando meu namorado de toda a situação, logo depois desse incidente acabei parando de usar as mensagens de Íris para isso, só as uso em situações de emergência, eles também adoram falar que sou louco pois sempre vou nesse "acampamento de verão", o que na teoria é definitivamente algo normal. Já aceitei que eles me catalogaram como a ovelha negra da família, não me importo com isso, até porque as pessoas que eu realmente me importo me aceitam do jeito que sou.
Enfim, como estava dizendo, acabei fugindo por causa da parte chata da minha família, eles não me deixavam em paz nem por um segundo, então decidi voltar para minha segunda casa (ou primeira, depende da situação). Comprei minha passagem de ônibus de Austin até Lexington e lá eu compraria outra passagem até Nova Iorque, ou foi o que eu pensei que faria. Quando cheguei no Kentucky comecei a sentir que estava sendo observado, e assim, quando um semideus sente isso é porque ele provavelmente está sendo observado, então obviamente fiquei tenso considerando que eu ainda estava dentro de um ônibus cheio de humanos, então decidi tentar encontrar a ameaça, levantei e fui até o banheiro na parte traseira do veículo, observando todos os passageiros sem parecer um maníaco (aqui vai uma dica para você, semideus, SEMPRE que for andar de ônibus, trem, avião... Fique próximo a saída/entrada, assim você todos que entram e se a coisa ficar feia pode sair mais rápido). A princípio não encontrei ninguém que me parecesse estranho, então depois de entrar no banheiro contei 60s e voltei para a minha poltrona, no caminho observei um por um, disfarçadamente, e novamente não vi sinal de ameaça, sentei no assento duro e esperei até chegarmos no ponto final, Lexington.
Quando chegamos fui direto para a bilheteria garantir minha poltrona no próximo ônibus para Nova Iorque, comprei o assento mais a frente possível, logo atrás do motorista do lado do corredor, por sorte o ônibus saia em 15 minutos, então dei uma passada no banheiro e na loja de conveniencias, comprei um chiclete e uma água e entrei no ônibus. Ninguém ocupou o banco ao meu lado, então botei minha mochila ao lado e fiquei lendo meu livro recém comprado Anatomia Humana: Curiosidades e Capacidades, faltando um minuto para a hora da partida o motorista entrou no veículo, me deu um breve sorriso e sentou-se em frente ao volante. Assim que ele se virou para o assento do motorista levantei correndo, agarrei minha mochila e pulei para fora do ônibus bem na hora em que as portas estavam fechando, entendi naquele momento que aquilo era qualquer coisa, menos um homem. Após 2s parado em frente a porta fechada, voltei a mim e sai correndo, tinha que sair dali o mais rápido possível, tinha que me esconder, sair de vista.
Foi aí que eu decidi sair correndo pelas ruas da cidade, sempre em direção a Nova Iorque, sempre usando o sol como relógio. Parei algumas quadras depois em uma cafeteria, exausto. Sentei em uma das mesas ao fundo, longe das janelas, abri minha mochila e alcancei minha carteira, tinha o equivalente a 10 dólares. Decidi que não comeria nada por hora, apenas quando estivesse no meu limite. Descansei um pouco, pensando no que fazer em seguida, tomando alguns goles da água recém comprada, até que me levantei e fui até o balcão.
- Com licença, vocês tem algum mapa ou telefone que eu possa usar bem rapidinho?
- Apenas um telefone, fica ao lado do caixa, seja breve. - Disse a garçonete enquanto enchia a caneca de café de um homem robusto qualquer.
- Obrigado - Falei já indo em direção ao telefone.
A questão é, para quem eu ligaria? Minha mãe não teria como ir me salvar e meus amigos não tinham celulares, com exceção á Annabeth, então é isso. Disquei o número de orei a todos os deuses que ela atendesse, mas logo caiu ca caixa postal. Coloquei o telefone no gancho e me sentei na cadeira ao lado. Como eu chegaria a Nova Iorque com 10 dólares? Acredite se quiser, mas nem o google tem uma resposta, peguei minha mochila e fiz um inventário dos itens que eu tinha, roupas, um livro sobre anatomia, 10 dólares, uma garrafa d'água, uma adaga longa presente do meu namorado e... Pelos deuses, 2 dracmas de ouro. Corri até a rua a procura de um lava-car ou de um bebedouro, poderia mandar uma mensagem de íris para o acampamento, para Nico. Eu estava salvo.
Encontrei um museu de história e entrei, graças aos deuses estava quase vazio, segui as placas que levavam aos banheiros, arranquei uma das torneiras, coisa que NÃO faço normalmente e graças á janela, consegui criar um arco-íris.
- Oh Iris, deusa do arco-íris, por favor aceite minha oferta - Disse jogando um dracma de ouro no arco-íris - Mostre-me Nico di Ângelo.
Logo que eu disse seu nome, o reflexo de Nico apareceu em minha frente, ele estava com a usual calça e regata preta, suado, provavelmente havia ministrado alguma aula de defesa para os novos campistas.
- Nico!! Aqui!! - Disse enquanto chacoalhava meus braços para o alto
- Will??? - Respondeu Nico - O que foi? Onde você está?
- É uma longa história, mas estou em um museu em Lexington. Um monstro estava disfarçado de motorista de ônibus, não tenho dinheiro para mais passagens, você acha q consegue vir aqui?
- Eu nunca estive em Lexington... Não posso viajar para lugares que nunca fui, não propositalmente pelo menos. Vou falar com Quíron, encontre um lugar seguro e não saia da cidade, Percy chegou ontem vou perguntar se Blackjack aguenta a viagem.
- Obrigado! - Disse aliviado - Tentarei achar algum lugar, mas só tenho 10 dólares
- Você tem mais dracmas?
- Tenho 1
- Ok, te ligo de volta assim que falar com Quíron, não deve demorar, só use esse dracma em situação de EXTREMA emergência.
- Ok, obrigado de novo.. Eu estou morrendo de saudade
- Eu também, mas não se preocupe que daqui alguns....
Foi nesse momento em que eu percebi que abusei da sorte em ter me demorado tanto no museu. Um homem robusto estourou a porta do banheiro, entrou com ódio fervente nos olhos, me olhando como se eu fosse uma formiga numa folha de papel, ele tinha cabelos pretos e usava roupas gastas, claramente havia passado por maus bocados.
- Você.. - Disse o homem pouco antes de me atacar.
Acabei desviando, mas ele me interceptou e me jogou no espelho acima das pias. Antes de apagar completamente eu ouvi um grito de puro ódio, mas não fora o homem, que não era homem, que o fez, aquele som saíra da boca do meu namorado, que assistiu a cena toda sem poder fazer nada.
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Contos de um Semideus
FanfictionAqui vocês vão encontrar muitas cenas Solangelo, e como o livro ainda está em construção, é provável que Percabeth apareçam eventualmente. Enfim, para saber mais é só ler, os capítulos não são tão grandes assim, ok?