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Na manhã seguinte as janelas das casas em Jackson estão embaçadas pelo gelo. Tudo úmido e congelante.

Joel acorda cedo como de costume, ele esquenta o leite sonolento se apoiando nas muletas, seu corpo alto e forte pesa sobre uma perna.

Se pergunta se Ellie está bem, se ela chegou da patrulha ontem e se lembrou de comer antes de dormir.

Antes do ocorrido que o levou a perder uma perna eles haviam conversado sobre o delicado assunto dos Vaga-lumes e a procura pela cura dos Vaga-lumes. Foi uma conversa de cortar o coração. Ellie estava com raiva e se sentindo mal por causa da escolha de Joel em salvar sua vida e não deixar que eles a matassem em prol da ciência. Ela queria se arriscar para salvar todos, sua vida teria um propósito. O fato dela ser imune teria um propósito. E Joel escolheu por ela. Foi mesmo uma conversa dolorosa.

O leite borbulha na caneca e ele desliga o fogo elétrico. Despeja o leite em uma caneca e o toma se aquecendo. O inverno está perto do fim, esse ano nevou mais do que o normal em Jackson, se manter quente tem sido difícil.

Ele escuta algumas batidas na porta que lhe contam o pensamento. Ellie entra na casa chegando na cozinha com rapidez. Ela usa roupas limpas, um blusão grosso azul e suas calças e botas de sempre. - Ei, bom dia. - A ruiva fala o encarando da porta, Joel toma o leite mais uma vez desanimado, tem ficado meio deprimido na última semana.

- Olá garota. Vem aqui se aquecer. - Ellie vai até o fogão, ambos são meio travados e contidos um com o outro. Ela não sabe como ajuda-lo a se sentir melhor e ele tem medo se ser um peso morto.

Joel serve um pouco de leite da caneca quente em uma xícara para ela. Ele repara na mão enfaixada e na arma que Ellie carrega na parte da frente da calça. Tem andado armada o tempo todo dentro de casa desde o ataque. Joel se sente mal por ela estar insegura e com medo. Jackson é um lar seguro, mas a ruiva tem ficado paranóica com a segurança.

- Como se machucou? - Ele pergunta sendo observador como sempre, ela pega a xícara o encarando, e toma um pouco de leite. - Hãa, foi na patrulha, nada de mais, uns infectados idiotas cercaram eu e Jessie e acabei me machucando usando o facão. - Ela responde tentando não assustar Joel, ele fica preocupado demais com as patrulhas. - Tem que tomar mais cuidado Ellie, se não der pra enfrentar corra, não tem que provar que mata eles, só corre e se salve. - Ele diz aumentando a voz. - Ela suspira tentando não se irritar. - Joel, eu me cuido, não vamo falar disso, foi cansativo ontem. - Ele desvia o olhar coçando a barba grisalha. Não consegue pensar em perder Ellie, odeia o fato de não poder proteger ela. - Não quero que nada aconteça com vc. - Ele sussurra, sua voz grave sai trêmula, tem sido difícil aceitar sua nova vida, sempre se sentiu capaz de erguer um carro para salvar Ellie, e agora não pode nem correr. - Eu sei... - Um silêncio pesado cobre a cozinha, eles terminam o leite incomodados.

A ruiva começa a mexer na próxima orelha inquieta. Sempre faz isso quando está ansiosa.

- Eu tirei o dia de folga, pensei em acender a lareira. - Joel fica feliz em ouvir isso, no verão passado ele cortou bastante lenha e estocou, se aquecer no inverno é difícil hoje em dia. - É uma boa ideia. - Ela concorda com a cabeça colocando a xícara na pia.

- Vou lá fora pegar a lenha, tá precisando de alguma coisa? - Joel pensa sobre, mas Maria e Tommy tem ajudado a manter as coisas em ordem. - Não, eu vou preparar a sala. - Ela sai da casa pelos fundos e recolhe a lenha.

Joel e Ellie preparam a lenha ao lado da lareira de cimento da sala. A casa de Joel é grande, com quartos espaçosos e móveis de madeira tão sólidos quanto carvalho. Ele tem dormido no andar de baixo por conta da perna... Sua cama e alguns móveis foram realocados.

The Last of Us Parte II - (PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora