▪ Boletins.

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𝐼𝒢𝒯𝐻𝒮.𝐿𝐼𝒢𝒯𝐻𝒮

O som do sino se espalhou pelos corredores da Escola Derry, um grande prédio de tijolos na rua Jackson, e ao som dele as crianças da turma de quinto ano de Ben Hanscom deram um grito espontâneo, e a sra. Douglas, normalmente a professora das mais rígidas, não fez esforço
nenhum para calá-las. Talvez soubesse que seria impossível.

— Crianças! — gritou ela quando a comemoração morreu. — Posso ter sua atenção por um momento final?

Agora uma barulheira de falas excitadas, misturada com alguns gemidos, surgiu na sala de aula. A sra. Douglas estava com os boletins de todos na mão.

— Espero que eu passe! — disse Sally Mueller em um trinado para Bev Marsh, que se sentava na fileira ao lado. Sally era inteligente, bonita, vivaz.

Bev também era bonita, mas não havia nada de vivaz nela naquela tarde, sendo ou não o último dia de aula.

Ela estava sentada olhando com mau humor para os mocassins. Havia um hematoma amarelo em uma das
bochechas dela.

— Não ligo merda nenhuma se passei ou não — disse Bev.

Sally torceu o nariz. Damas não usam essa linguagem, dizia o gesto. Ela então se virou para Greta Bowie.

Devia ser apenas a empolgação do sino que sinalizava o fim de outro ano letivo que fez Sally escorregar e falar com Beverly, pensou Ben.

Sally Mueller e Greta Bowie vinham de famílias ricas com casas na West Broadway, enquanto Bev vinha de um dos prédios pobres na rua Lower Main.

A rua Lower Main e a West Broadway eram separadas por apenas 2,5 quilômetros, mas até uma criança como Ben sabia que a verdadeira distância era como a distância entre a Terra e Plutão.

Tudo que você precisava fazer era olhar para o suéter barato de Beverly Marsh, para a saia grande demais que provavelmente veio da caixa de doações do Exército da Salvação e para os mocassins surrados para saber o quanto uma estava distante da outra.

Mas Ben ainda gostava mais de Beverly, muito mais. Sally e Greta
tinham roupas bonitas, e ele achava que elas deviam fazer permanente ou ondulações no cabelo ou alguma coisa assim todos os meses, mas achava que isso não mudava os fatos básicos em nada.

Elas podiam fazer permanente no cabelo todos os dias e ainda seriam duas arrogantes convencidas.

Ele achava Beverly mais legal… e muito mais bonita, apesar de jamais em um milhão de anos ousar dizer uma coisa dessas para ela.

Mas às vezes, no coração do inverno, quando a luz lá fora ficava amarelada e sonolenta como um gato encolhido em um sofá, quando a sra. Douglas estava falando tediosamente sobre matemática (como fazer divisões mais longas ou como encontrar o denominador comum de duas frações para poder adicioná-las) ou lendo as
perguntas do livro Shining Bridges ou falando sobre depósitos de metais no Paraguai, naqueles dias em que parecia que a escola não ia terminar nunca e não importava se terminaria
porque o mundo todo lá fora era lama pura… nesses dias, Ben às vezes olhava de lado para Beverly, observava furtivamente o rosto dela, e seu coração doía desesperadamente e de alguma forma brilhava com mais intensidade ao mesmo tempo.

𝐵𝐿𝐼𝒩𝒟𝐼𝒩𝒢 𝐿𝐼𝒢𝒯𝐻𝒮 . "𝐸 𝒰Onde histórias criam vida. Descubra agora