▪ Boas férias de verão.

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𝐿𝐼𝒢𝒯𝐻𝒮.𝐿𝐼𝒢𝒯𝐻𝒮

Ben pegou o boletim e fugiu, grato a quaisquer deuses que existam para garotos gordos de 11 anos por Henry não ter, devido à ordem alfabética,
tido permissão de fugir da sala primeiro para poder esperar por Ben lá fora.

Ele não correu pelo corredor como as outras crianças. Era capaz de correr, e bem rápido para um garoto do tamanho dele, mas estava muito ciente do quanto ficava engraçado quando corria.

Mas ele andou rápido e saiu do corredor frio com cheiro de livros no sol intenso de junho. Ficou com o rosto virado para o sol por um momento, grato pelo calor e pela liberdade.

Setembro estava a milhões de anos. O calendário podia dizer uma coisa diferente, mas o que o calendário dizia era mentira.

O verão seria bem mais longo do que a soma dos seus dias, e pertencia a ele. Ele se sentia tão alto quanto a Torre de Água e tão amplo quanto a cidade
toda.

Alguém esbarrou nele, e esbarrou com força. Pensamentos agradáveis do verão à frente foram arrancados da mente de Ben enquanto ele cambaleava loucamente em busca de
equilíbrio na beirada da escada de pedra.

Ele segurou o corrimão de ferro bem na hora de se salvar de uma queda horrível.

— Sai do meu caminho, pudim de banha. — Era Victor Criss, com o cabelo penteado para trás em uma imitação de Elvis que cintilava de tanta brilhantina.

Ele desceu os degraus e seguiu o muro até o portão da frente com as mãos nos bolsos da calça jeans, colarinho da camisa levantado e a placa de metal nas solas das botas arrastadas e fazendo barulho.

Ben, ainda com o coração batendo rapidamente do susto, viu que Arroto Huggins estava do outro lado da rua fumando uma guimba de cigarro.

Ele levantou uma das mãos e passou o cigarro para Victor quando ele chegou. Victor tragou, devolveu para Arroto e apontou para onde Ben estava, agora na metade da escada.

Ele disse alguma coisa e os dois se separaram. O rosto de Ben ficou quente. Eles sempre pegam você. Era coisa do destino.

— Você gosta tanto daqui que vai ficar aqui o dia todo? — disse uma voz atrás do cotovelo dele.

Ben se virou e seu rosto ficou ainda mais quente. Era Beverly Marsh, com o cabelo ruivo como uma nuvem deslumbrante ao redor da cabeça e sobre os ombros, os olhos de um
adorável verde-acinzentado.

O suéter dela, puxado até os cotovelos, estava puído no pescoço
e era quase tão largo quanto o moletom de Ben.

Grande demais para dar para perceber se os peitos estavam despontando, mas Ben não se importava; quando o amor chega antes da puberdade, ele pode vir em ondas tão claras e poderosas que ninguém consegue ir contra seu
simples imperativo, e Ben não fez esforço nenhum para isso agora.

Ele apenas cedeu. Sentiu-se tolo e exaltado ao mesmo tempo, e mais constrangido do que em qualquer momento da vida… mas indubitavelmente abençoado.

Essas emoções desesperadoras se misturaram de forma tão estonteante que ele ficou se sentindo enjoado e eufórico ao mesmo tempo.

— Não — disse ele com voz rouca. — Não mesmo. — Um sorriso largo se espalhou em seu rosto.

Ele sabia o quanto devia parecer idiota, mas não conseguia fazê-lo sumir.

— Ah, que bom. Porque estamos de férias, sabe. Graças a Deus.

— Boas… — A voz saiu rouca de novo. Ele precisou limpar a garganta, e ficou ainda mais vermelho. — Boas férias, Beverly.

— Pra você também, Ben. Te vejo ano que vem.

Ela desceu a escada rapidamente, e Ben viu tudo com seu olhar apaixonado: o xadrez intenso da saia, o balanço do cabelo ruivo nas costas do suéter, a pele clara, um pequeno corte cicatrizado atrás de uma das panturrilhas e (por algum motivo essa última coisa fez outra onda de sentimento tomar conta dele com tanta força que ele precisou se segurar no corrimão de novo; o sentimento foi enorme, inarticulado, felizmente breve; talvez um pré-sinal sexual, sem significado para o corpo dele, onde as glândulas endócrinas ainda estavam adormecidas quase
sem sonhar, mas ao mesmo tempo intensas como relâmpagos de verão) uma tornozeleira dourada cintilante que ela usava acima do mocassim direito, que brilhava no sol em pequenos flashes.

Um som, algum tipo de som, saiu da garganta dele. Ele desceu a escada como um homem idoso e febril e ficou parado embaixo, observando até ela virar à esquerda e desaparecer atrás
da cerca viva alta que separava o pátio da escola da calçada.

𝐵𝐿𝐼𝒩𝒟𝐼𝒩𝒢 𝐿𝐼𝒢𝒯𝐻𝒮 . "𝐸 𝒰Onde histórias criam vida. Descubra agora