Dentro de Larissa residia uma fraqueza, um vício corroendo-a por inteira. E eu infelizmente não podia pará-lo. Passaram-se apenas dois dias... as mensagens e ligações dos seus "amigos" começaram a chegar, como do tipo: Qual foi? Porquê não apareceu ontem?. E nesse curto espaço de tempo, duradouro por dois dias, foi o período no qual a morena conseguiu segurar. A pressão era grande, tanto minha pedindo que ela não fizesse, quanto dos viciados como ela insistindo. Aflorando o desejo, e fazendo-a se afundar na escuridão e retornar ao vício novamente.
Aqueles sorrisos bobos e ar defensor, foram os últimos dos quais pude ver. Seu semblante mudou, agora após duas semanas, eram mais sérios. Ela não conseguia mais me olhar nos olhos, parecia sentir vergonha do fracasso... e o olhar de culpa que sentia, e refletia na família, agora era recebido por mim também. Ela sentia vergonha em demostrar esse vício pra família, e agora, pra mim também.
(...)
Após o jantar, a morena afastou o prato e saiu da mesa. Subiu as escadas e em poucos minutos voltou.
-Larissa: Vou sair... - ela disse baixo, com o olhar disperso quando tentei encara-la.
-Mauro: Tudo bem. - ele disse frustrado. Afinal não se pode lutar por alguém que não pede ajuda, de preferência profissional. - deixe a chave do carro, e peça um táxi.
Larissa apenas pegou a chave do carro e jogou sobre a mesa. Seu pai a encarou assentindo meio triste, e ela respirou fundo antes de sumir das nossas vistas. Eu sabia que aquilo não era fácil, pra nenhum ali. Quanto menos pra ela. Eu não queria que tudo caísse na rotina, eu não permitiria...
Me despedi de todos e subi para o quarto. Amanhã era sábado, então poderia dormir até mais tarde, pelo menos. Assim que entrei aproveitei pra tomar um banho frio e tentar tirar tudo isso da cabeça, mas foi em vão. Deitei na cama ainda frustrada e fiquei ali, parte da noite em claro...
(...)
Larissa:
Eu já estava bêbada, e nesse momento também drogada. Minha consciência era nula, e meus movimentos eram controlados pela cintura da morena que estava sobre meu colo. Eu beijava-a com sagacidade enquanto suas unhas arranhavam minha nuca...
Bryan e Bruno fumavam um baseado enquanto conversavam, e eu já mais alheia, nem dei tanta importância para suas presenças. Na boate mesmo paguei um quarto qualquer, usei e abusei do corpo de Greeicy, assim como ela me permitia quase todas as noites. Nos satisfazíamos sem contrato, ou combinados. Isso era bom.
Por volta das 4:13 da manhã eu retornei pra casa, o LSD ainda era forte me fazendo ter algumas alucinações auditivas. A voz doce de Ohana passeava pela minha mente dizendo insistentemente que eu não precisava disso... em vão pequena Ohana, eu estava sedenta e louca como um caçador em busca de sua presa, infelizmente essa presa era as drogas.
Com o cabelo meio bagunçado e o olhar cansado, eu cheguei em casa, fiquei minutos tentando abrir a fechadura, que parecia se dividir em três...
Ohana:
Eu não consegui dormir aquela noite, então fui pra sala assistir alguma coisa. E quase pela manhã, ouvi um barulho insistente na fechadura...
Era ela.
Seus cabelos castanhos com pontas parcialmente loiras se mostrava meio bagunçado. Seus lábios e pescoço marcados por um batom vermelho... e seus olhos dispersos, pela droga daquela noite.
-Ohana: Vem, Larissa... - eu chamei assim que abri a porta e a vi sentada na calçada, com as pernas encolhidas e a cabeça apoiada entre os joelhos.
Ela não conseguia olhar pra mim, então a ajudei sentar no sofá enquanto fechava a porta e apagava as luzes. A levei até o próprio quarto e fiz questão de fazer o mínimo barulho possível, afinal não queria que Miriam acordasse, como nas noites passadas.
-Larissa: Pode me ajudar a tirar a roupa? - ela questionou rouca, baixo, como uma súplica.
Eu assenti indo em sua direção, a ajudando retirar a blusa, depois a calça e por fim os tênis que ela mesmo tirou sozinha. Seu corpo estava parcialmente nu, na minha frente...
Segurei seu rosto com leveza, e ela por fim conseguiu me encarar, mesmo com as pupilas dilatadas.
-Larissa: Desculpa... Não existe o que se esperar de mim. - ela disse baixinho.
Eu sabia que não importasse o que acontecesse, ela não lembraria amanhã. Estava fraca e deplorável demais, seu corpo e alma pediam por descanso. Eu acariciei sua bochecha levemente e ela sorriu fraco, com as pupilas dilatadas e o olhar disperso.
-Ohana: Vou cuida de você, ok? - eu disse e ela assentiu. - Está tudo bem.
A levei pro banheiro e a ajudei entrar na banheira, séria mais fácil, já que ela quase não dava um passo sozinha. Ela conseguiu fazer o resto sozinha, mesmo que demorasse horas. Depois de algum tempo, levantei de sua cama e fui até o banheiro após ela me chamar, a ajudei sair da banheira e novamente estávamos no quarto.
Ela se tremia de frio e me olhava com uma carinha de cachorro abandonado. Parecia uma criança esperando pelas ordens da mãe... pelo menos ela me obedecia e assim como pedi, ela não saiu de cima do tapete para que não molhasse o chão do quarto. Peguei uma roupa quentinha e confortável...
Me aproximei dela e a ajudei se enxugar, percorrendo a toalha seca por todo seu corpo.
-Larissa: Você tem pegada... - ela disse rouca quando me ergui de frente ao seu rosto.
-Ohana: Sem gracinhas, Larissa. - eu disse sorrindo e ela por fim sorriu também.
A ajudei a vestir a roupa, e quando a vi nua, foi em vão tentar não observar seu corpo perfeito por inteiro. Ainda mais com ela dizendo coisas inapropriadas.
-Larissa: Se você quiser eu quero... - ela disse divertida. Seu humor era mudável, a qualquer segundo.
-Ohana: Você não tem estabilidade de ir até a cama. - eu finalizei séria.
-Larissa: Então é só porquê não estou estável? - ela questionou provocativa e eu de fim a conversa ao negar.
Ela tentou ir sozinha até a cama para me provar de que ainda podia fazer tal coisa se eu aceitasse. Por fim no último passo caindo entre os edredons.
-Larissa: É... eu acho que não consigo mesmo. - ela concluiu sorrindo com uma gargalhada gostosa.
Me aproximei novamente para cobri-la com os grossos edredons, mas antes que eu saísse ela segurou meu braço.
-Larissa: Me ajuda a dormir? - encarando, me pediu.
Sentei na ponta da cama e rapidamente ela deitou a cabeça em minhas pernas repousando a mão sobre elas também. Deslizei as unhas entre seus cabelos castanhos fazendo um leve carinho e as vezes minhas mãos iam até suas costas, adentrando o fino tecido preto em um carinho continuo.
Me vi então pensando em toda situação, por mais que ela não merecesse, eu estaria ali. Em questão de segundos organizei seu corpo sobre a cama e a cobri novamente. Impulsivamente beijei sua testa com carinho e sussurrei que tudo ficaria bem...
Apaguei o abajur e sai do seu quarto, onde agora aquele ser que vivia entre dores e agonias, descansava tranquilamente.
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𝕴𝖓𝖙𝖊𝖗𝖈â𝖒𝖇𝖎𝖔
FanfictionComo planejado, por Ohana lefundes, estava prestes a fazer seu intercâmbio diretamente para San Diego na Califórnia. Ficaria na casa de uma família que se dispôs a hospedá-la durante 2 anos, período do qual ficaria no curso de dança californiano...