4 - Sentença

260 63 293
                                    

Então aquelas eram as famosas luzes da Capital

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Então aquelas eram as famosas luzes da Capital. As luzes que nunca se apagavam. Amália ouvira histórias sobre elas desde que era criança, sobre como brilhariam no dia em que o povo Héscol tomasse a Capital, o território que nos tempos antigos pertencera aos seus antepassados.

E, para falar a verdade, ela estava esperando por algo um pouco mais grandioso do que um acumulado de neon irritante aos olhos.

Amália se afastou da parede de vidro do corredor e continuou sua exploração pelo prédio da Global Octupus. Haviam conquistado o Complexo Octupus na noite anterior. Agora, ao amanhecer, os guardas e o bizarro exército criado por seu pai faziam a contagem dos prisioneiros.

Procurara por Aram e Isaac, e não os encontrara. Talvez tivessem fugido durante o confronto. Ela soltou o ar, sem deixar transparecer um resquício de alívio por seu semblante endurecido. Era melhor assim. Aram não seria poupado da ira do pai deles.

Também tentara localizar Eloane. Vários membros do grupo rebelde haviam sido atacados e capturados por aquele estranho homem chamado Gael, o qual sua avó insistia em reverenciar como um deus.

— Um deus... — murmurou, tão baixo quanto o gemido do vento.

Ela não teria acreditado naquilo se não tivesse visto a forma como o "homem" dos cabelos prateados derrotou quase todo o grupo rebelde. Ou na forma como os quatro estranhos objetos — entre eles o Cubo que um dia pertencera à sua família — brilharam nas mãos dele.

Apenas esperava que Eloane estivesse bem longe da Capital, sã e salva. Mesmo que isso significasse a dor amarga de nunca mais vê-la. Somente assim seu coração repousaria a cada ciclo do anoitecer.

Recolhendo os sentimentos para o vale profundo da sua alma, Amália endireitou os ombros, passou diante das falanges do exército Héscol, foi cumprimentada, não retribuiu o cumprimento e se dirigiu para o quarto onde os guardas de confiança haviam levado Altair.

A vida de seu irmão mais velho estava por um fio. Tudo por culpa de sua avó. Amália precisou se controlar para não confrontá-la.

Entrou no quarto. Altair estava deitado, e a mãe deles acariciava seus cabelos. O rosto do seu irmão, que um dia fora belo, se encontrava completamente desfigurado. Engoliu em seco. Sangue vertia do nariz e das orelhas. O preço por ter cruzado as barreiras magnéticas sem um colar octógono. Amália não conseguia — não queria — imaginar o que sua avó havia feito para que aquilo fosse possível.

"Bruxa", alguns ousavam dizer.

Aquela palavra não era dita há séculos, apenas mencionada em arquivos sobre os tempos antigos e as velhas religiões.

Era um termo perfeito para sua avó.

— Mãe? — Amália ergueu a voz, anunciando sua presença.

Nações de pedras e deuses | 3 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora