Os Obscurière: A filha da Escuridão, livro 01

CAPÍTULO 02: UM JANTAR "NORMAL" EM FAMÍLIA

Uma semana depois e agora não mais no castelo em Paris, mas sim no castelo em Magicae, as coisas estavam agitadas, porém na mansão ao lado tudo também estava em polvorosa. Primeiro havia o início do equinócio de primavera que era celebrado no dia seguinte pelas fadas e pelas bruxas, depois havia a chegada de sua irmã, que viria finalmente morar com seu pai, Saphira não sabia como se sentir com isso, ela era sua irmã, certo? Não tinha o que se preocupar.

Suspirou enquanto terminava o arco de flores que seria abençoado no próximo sábado. Ela ainda não participava do culto por não ter idade para ser iniciada, isso só ocorria aos quinze anos, quando ela então começaria a envelhecer mais devagar até atingir uma idade consideravelmente adulta, porém Natasha a deixava participar de alguns preparativos.

- O que tanto se passa nessa cabecinha? - Levantou os olhos para sua tia sorrindo.

-Estou preocupada com a chegada de Valérie. - Confessou, sabia que mentir não ajudaria em nada, principalmente que nunca conseguia esconder nada de ninguém daquela casa.

-Sua irmã é um pé no saco. - Bufou a tia, fazendo a loirinha rir. - Mas ela vai ter que superar, afinal é a sua própria forma de ser marrenta que a está impedindo de participar oficialmente dos cultos.

-Como assim? - Ela sabia que sua irmã já deveria ter entrado para o culto às deusas e participar dos solstícios e equinócios, porém ela nunca participou, estranhamente ela também já deveria estar com mais de quinze anos, mas ainda mantinha a mesma aparência de quatorze, tanto que iria ainda para a escola mortal junto com Saphira.

-Bom, seu pai vai me odiar, mas vamos lá. - Suspirou deixando os arcos de flores de lado. - Valérie está pagando um terrível pecado cometido contra as deusas, principalmente contra a deusa mãe, sua irmã a muito tempo atrás foi insolente não somente com Amara, como também com as deusas as ofendendo diretamente, minha mãe Elisa participou do esquema todo. Furiosa a deusa mãe lançou uma maldição em ambas, sua irmã não iria envelhecer enquanto não aprendesse o que é ser respeito e ela só seria iniciada quando aprendesse a lição. Enquanto isso, minha mãe, perdeu sua jovialidade e local no conselho de Elfland.

-Oh! - A pequena Saphira sussurrou arregalando os olhos, engolindo em seco. - Então isso quer dizer que eu posso ofender a deusa mãe? Eu não quero ofender ela, eu...

-Pequena Saphira, você jamais iria ofender a deusa mãe, não se preocupe, sua irmã e sua avó, que infelizmente vem a ser minha mãe foram as únicas em anos que conseguiram irritar assim a deusa mãe.

Após a pequena conversa entre tia e sobrinha o assunto se encerrou, principalmente por ter começado a chegar outras bruxas e fadas para a preparação dos arcos, roupas e outros rituais para aquele equinócio. A comemoração das bruxas vinha primeiro, com a participação apenas da líder das fadas, isso acontecia por ordem de respeito, elas cultuavam a mãe, não havia maldade ou ciúmes nesse acordo, afinal foram os próprios deuses que assim desejaram.

Em seguida, vinha a comemoração e o culto das fadas, com a participação da líder das bruxas, também como um culto de fortalecimento dos laços dos reinos. Apenas mulheres eram autorizadas a participar do ritual, pois elas eram as mais férteis, as mais fortes e melhores líderes, conseguindo muito mais energia vitae mágica do que homens. Elas compartilhavam as suas energias com os alimentos, eles eram consagrados para que os homens, crianças e jovens que ainda não iniciaram os rituais tivessem as energias renovadas.

-Melody querida, eu acho melhor você ir se alimentar. - Ouviu a voz de uma das anciãs, fazendo a jovem de olhos cor mel, assim como os cabelos de um castanho tão claro que poderia ser confundido com loiro assentiu se levantando.