E então, ela partiu.

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19 de janeiro de 2019. SP - Brasil.

Por que, Mari? Por que vai me deixar? — Perguntei, já atordoado.

— Pedro, eu não te amo mais. Me desculpe, já te deixei claro isso. — Quase berrou, jogando todas as roupas dentro da mala.

Tentei a impedir fechando a mala, o que não adiantou, Mariana só me empurrou para o lado e continuou a jogar as roupas do guarda-roupa para a mala azul turquesa.

— Mariana, você me amava até ontem, o que te deu agora? — Perguntei ofegante. Ela parou o que estava fazendo e me encarou. Colocou uma mecha da franja, de fios dourados, que soltava do rabo-de-cavalo atrás da orelha.

— Isso não vai dar certo, Pedro. Nos precipitamos e olha só — Esticou o braço, mostrando o nosso redor e soltou uma risada seca. — Não, não vai dar, Pedro. Não podemos. — Soluçou, fechou a mala, pegou tudo que restava e saiu apressada do quarto.

Saiu de casa, da minha vida.

E eu não impedi.

Onde eu errei? O que nos faltou? Por que diabos não daríamos certo? Eu fiz de tudo. De tudo mesmo.

Talvez ela não me amasse mais? Ou talvez ela tenha outro? Não, não quero cogitar essa ideia.

Olhei para o quadro na cômoda do quarto, uma moldura com uma foto nossa.

Peguei a chave na cômoda e deitei o maldito quadro, impossibilitando que eu o visse.

Saí batendo a porta e tranquei o portão, andaria pela cidade até que encontrasse algum bar aberto.
As ruas de São Paulo, como sempre movimentadas, o trânsito me irrita mais do que deveria. Talvez fosse a tristeza, ou então o aperto em meu peito.
Buzinei para que o cara da frente fosse mais rápido, mas parece que tudo está contra mim hoje.
Quase dei graças aos céus quando o carro atravessou no sinal verde e eu saí do maldito engarrafamento logo atrás dele.

Segui quase sem rumo por horas por aí, só tentando encontrar um maldito motivo para que ela me deixasse.

E eu não encontrei.

~~~~~~‹ 🎶 🎶 ›~~~~~~

O forte cheiro de bebida me abraçou assim que eu entrei num bar. Nunca imaginei que diria isso, mas me senti familiarizado no lugar, que até então, é desconhecido pra mim.

Caminhei devagar até o balcão pouco velho de madeira e limpei a garganta para o cara já com boa idade que atendia, parecendo ocupado demais para prestar atenção em quem entra e saí do bar pequeno.

— An? Foi mal, o que quer? — Perguntou, depois de um tempo, me notando ali.

— Três doses da sua mais forte, por favor. — Ele me encarou com um sorrisinho de canto e abaixou para pegar a garrafa de sabe-se lá o que.

Virei o líquido transparente assim que ele me serviu, que desceu rasgando na minha garganta. Bati o copo americano no balcão e fiz o mesmo com as outras doses que ele colocou.

— O que é isso aí? — Perguntei, curioso pra saber o que tinha na bebida que além de me deixar mais leve, pareceu acalmar um pouco o meu coração doído.

— Aposto que você não vai querer saber, mas aposto também que tá sendo bom pra esse teu coração partido, cara. — Me olhou e eu o encarei, surpreso.

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