-04- Get Something Out Of Your System

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Depois do trabalho, mesmo cansada por ter lavado o estabelecimento com Taehyung, me tranquei em meu quarto e esvaziei minha mochila escolar. Peguei um pijama violeta de cetim, minha escova de dentes e pasta, escova de cabelo, toalha de banho, roupa íntima, uma peça de roupa para o dia seguinte, meu carregador e fones de ouvido.

Minha barriga parece o polo norte, estou tão nervosa que me sinto tonta, por isso acabo me sentando na cama para me acalmar. É a primeira vez desde a infância que vou dormir na casa de Jennie novamente, agora com total conhecimento sobre o que sinto, mesmo com a nossa amizade meio estranha, a julgar pela forma peculiar como ela agiu comigo mais cedo.

Nós duas sabemos que nos afastamos, mesmo sendo vizinhas, mesmo estudando na mesma escola, e gosto de pensar que talvez o seu convite seja uma tentativa se reaproximar de mim. Eu sinto falta de tudo nela, e foi exatamente por respeitar o seu espaço pessoal que eu nunca corri atrás do prejuízo de vê-la se afastando.

Deixo um beijinho no topo da cabeça de cada um dos meus gatos e saio do quarto, meus pais estão na sala conversando alto, como dois malucos, sequer me veem chegar. Me aproximo, um pouco nervosa, e cutuco o ombro de meu pai.

— Pai, — chamo, ele rapidamente se cala e me olha, abrindo um sorriso instantâneo — eu vou dormir na casa de Jennie hoje, tudo bem?

— A vizinha? — Minha mãe arqueia a sobrancelha esquerda, confusa. — Isso é novidade, não dorme lá há anos, filha... Pensei até que não fossem mais amigas.

— Conversamos por telefone e às vezes na escola, ela é muito ocupada e eu também, por isso decidimos nos reunir hoje para por a conversa em dia, sabe? — Não é cem por cento verdade, mas eles parecem acreditar. — Então tudo bem por vocês?

— Claro, meu amor. Você está sempre correndo, trabalhando e estudando, merece uma folga e um dia com suas amigas. Pode ir, é aqui do lado mesmo. Se precisar de algo, me ligue. — Meu pai sorri, então vira o corpo grande de volta para a TV.

Minha mãe não diz nada, apenas me olha de um jeito estranho e faz como meu pai. Sem dar muita importância, deixo minha casa e caminho pela calçada para a casa ao lado; tiro meu celular só bolso e mando uma mensagem para Jennie avisando que estou na porta, antes mesmo de chegar até lá.

Eu entendo minha euforia e, por esse mesmo motivo, não consigo acalmar meus batimentos cardíacos. Jennie e eu somos amigas, nada de novo. Eu gosto dela, sim, gosto muito mesmo, e talvez seja por isso que eu sinto que essa noite vai ser difícil para mim, pois serão horas de conversas sobre homens e o massacre de minhas esperanças.

Eu a respeito acima de qualquer coisa, gosto que ela confie em mim e esteja tentando passar um tempo comigo. Nada me faz mais feliz do que vê-la tomar a iniciativa, mesmo que ela queira falar sobre homens.

— Lisa! — Jennie abre a porta de sua casa assim que piso na passarela de concreto que vai da cerca até as pequenas escadas da varanda, ela está linda e sorridente.

Não respondo, apenas me aproximo com um sorriso pequeno e entro na casa, mas antes que eu possa aproveitar a sensação de nostalgia, ela envolve meu pulso com a mão e corre escada acima direto para o seu quarto, numa pressa que quase me faz tropeçar nos degraus.

— Que bom que chegou, eu estava ansiosa, pensei que não viria! — É o que ela diz, assim que me solta e fecha a porta, se encostando nela. — Não repara a bagunça.

Seu quarto está impecável, não existe bagunça alguma. Ela é louca?

Tiro a mochila das costas e faço um coque no cabelo comprido, Jennie unnie continua parada, me olhando, ela estava assim tão preocupada que eu não fosse vir?

boys boys boys • kjn+llmOnde histórias criam vida. Descubra agora