Capítulo 2: Quarto Frio

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Era mais um tarde agradável em Qinghe. Xichen estava com seus irmãos juramentados Nie Mingjue e Jin Guangyao. Feliz por esse raro encontro. Ser um Líder de Seita nem sempre o permitia estar na presença de seus irmãos. Ele ensinou A-Yao a tocar guqin, desse modo poderia tocar para seu irmão mais velho quando ele mesmo não estivesse presente. E nesse momento eles tocavam juntos para A-Jue.

Todos sabia do temperamento violento Nie Mingjue, mas poucos sabiam que o poderoso espírito do seu sabre influenciava na sua personalidade. Xinchen era uma das poucas pessoas que ele se abria e confiava. Ambos eram jovens com o peso de se tornar líderes de sua seita, ambos tinha um irmão mais novo pra cuidar. Por mais que fossem diferente em personalidade, compartilhavam muitas coisas em comum e logo se tornaram muito próximos. 

Um longo tempo depois ele aceitou a contragosto MengYao como um irmão juramentado, ele sempre confiou no julgamento de Xichen. Mesmo que seu instinto dizia que não era uma boa ideia.

Xichen por sua vez, achava ele um homem honrado que protegia aqueles que amava. Admirava sua moral e seu senso de justiça inquestionável. Se sentia feliz em ajudar e apoiar seu irmão de todas as formas, e sempre que possível entre uma viagem e outra parava em Qinghe para vê-lo. Apreciando de todo coração estar em sua presença. Onde passavam varias horas falando as vezes de tudo e as vezes de nada. Pelo simples prazer de estar com o outro. 

Eles tocavam a Canção da Clareza¹, uma melodia bela e suave, extremamente eficaz em reprimir e acalmar o poder do espírito do sabre. De olhos fechados Mingjue parecia relaxar e absorver o poder de cada nota que saia dos instrumentos, A-Yao tocava com satisfação e um sorriso encantador no rosto. Xichen também fechou os olhos para gravar esse essa sensação de paz e felicidade.

Neste instante, ele percebe que uma nota não está de acordo. MengYao é inteligente demais para errar essa canção que eles treinaram várias vezes juntos. Ele abre os olhos confuso,  A-Yao agora tem um sorriso malicioso em seu rosto e está o olhando de volta, continuando a tocar com dedicação. 

Ele tem um ímpeto de o questionar sobre a falha, mais parece que o corpo não lhe pertence. Além de não conseguir parar de tocar, ele está reproduzindo as mesmas notas que não existe na canção, Xichen está confuso e não entende. Por que ele não consegue parar? Por que ele está reproduzindo essas notas continuamente?

Sua atenção é direcionada a MingJue. Sua expressão está mudando de angústia para dor, ele usa seu sabre para sustentar o peso do seu corpo, se curvando cada vez mais parecendo sufocar.

O desespero e o medo toma conta de Lan Xichen, ele precisa se mexer, levantar e socorrer seu irmão. Dar sua energia espiritual, ser o seu suporte. Seu corpo continua rígido e inflexível, como se ele fosse apenas uma marionete sem vida sendo controlado. Ele assistir e chora, as lágrimas são a única coisa que o pertence.

Em meio a sua agonia Mingjue o questiona com seu olhar "Por que você não faz nada?", em seguida começa agonizar. E sou eu quem está o matando.

A-Yao sorri de seu lugar como se estivesse apreciando a melhor das apresentações, e diz calmamente. "A-Huan está tudo bem! Agora seremos apenas eu e você."

Lan Xichen acorda no meio da noite no seu Hanshi². Está escuro e frio. Sente seus membros pesados, o seu peito dói. Mais uma vez ele está caindo sem nada para se agarrar, as lágrimas caem discretamente sem cessar. 

Ele desperta antes do horário habitual dos Lan. Se ele volta a dormir será assombrado por seus sonhos, se permanece acordado ele tem que lidar com fato que seus irmão não estão mais aqui. E parte disso é culpa sua. Que não foi capaz de perceber, que todas as dores de A-Yao viveu não desaparecia tão facilmente, seu apoio não foi suficiente, ele precisava e queria sempre mais. Xichen deixou e ajudou matar seu irmão mais velho, ele nunca iria se perdoar por isso. 

Tentar o ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora