Cap. 2

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Ryan's P.O.V.

— Ryan, acorda agora! Assim você vai perder o voo! — Ouço a voz do meu pai ecoando pelo quarto.

— Já tô indo! — grito de volta, jogando as cobertas de lado e correndo para o banheiro.

Hoje é o dia em que volto para os EUA depois de dois anos fora. Esses últimos anos foram uma experiência incrível. Passei um ano com meu pai na Alemanha e outro morando sozinha na Espanha, mas agora é hora de retornar à rotina e encarar o último ano do ensino médio. Não vejo a hora de reencontrar o Dylan e o Chad. Sinto falta de tudo, desde as piadas idiotas deles até as nossas competições de skate.

Aeroporto, 5h30

— Trate de me visitar, ouviu, Ryan? — meu pai fala com um tom autoritário, mas seus olhos entregam que ele está mais emotivo do que gostaria de admitir.

— Vou sentir sua falta, pai — digo, abraçando-o com força.

— Eu também, pequena. — Ele sorri, mas dá para perceber a tristeza.

— Prometo que vou te ligar todos os dias, coroa — brinco, tentando aliviar o clima.

— Falou a que sempre perde nas nossas corridas de skate! — ele provoca, e eu reviro os olhos.

— Competir com você é sacanagem, né? Você faz isso há 30 anos! — rebato, o fazendo rir.

— Um dia você chega no meu nível — ele diz, me dando um sorriso orgulhoso.

— Última chamada para o voo 827, com destino a Chicago, EUA — a voz no alto-falante interrompe nosso momento.

Dou um último abraço nele. — Eu te amo, pai. Se cuida, tá?

— Também te amo, bebê. E, pelo amor de Deus, não faça besteira e obedeça sua mãe. — Ele me entrega minha guitarra nova, um presente que virou tradição entre nós. Toda vez que estamos longe, ele me dá uma nova guitarra para a minha coleção, algo que sempre me lembra dele.

— Tchau, até logo — digo, segurando a emoção enquanto vou para a sala de embarque.

— Te amo, minha filhinha! Tchau, bebê do papai! — ele grita, tentando me constranger, e eu só mostro a língua antes de desaparecer no portão.

Chicago, 14h56

Assim que pego minhas malas, vou em direção à saída do aeroporto. De longe, vejo minha mãe e Dylan me esperando. Largo tudo e corro até eles, abraçando os dois de uma vez só.

— Sentimos tanto a sua falta, querida — minha mãe diz com um sorriso enorme.

— Eu também, mãe. E você, Dylan? Andou malhando enquanto eu estava fora? Tá querendo competir comigo, é isso? — brinco, mostrando minha barriga.

— Claro que sim — ele responde, rindo. — Mas estava com saudades, pirralha.

— Você tá pedindo para levar um soco, Dylan Kross — digo, estreitando os olhos.

— Vamos, amores? — minha mãe sugere, e todos concordamos.

Em casa

Meu quarto parece diferente. Olho em volta e percebo como ele não reflete mais quem eu sou. As paredes estão cobertas por quadros e fotos de pessoas com quem não falo há anos, e a decoração colorida já não combina comigo. Suspiro. Vou mudar tudo, mas não hoje. O cansaço do voo está me vencendo.

No dia seguinte

— Mãe, estou indo ao shopping. Quero comprar algumas coisas para redecorar meu quarto — aviso enquanto me preparo para sair.

— Espera aí, vou com você — Dylan diz, pegando as chaves. — Combinei de encontrar o Ash e umas garotas lá.

Reviro os olhos, mas pelo menos isso significa que tenho uma carona.

Chegando ao shopping, vejo uma loja de decoração que parece promissora.

— Vou nessa loja, te encontro depois — digo, e Dylan assente antes de me dar um beijo na testa.

Dentro da loja, me perco entre quadros bonitos, uma colcha nova e algumas latas de tinta. Pago tudo e vou em direção à praça de alimentação. De longe, vejo Dylan sentado com algumas garotas. E... espera aí, aquele é o Ash? Meu Deus, ele era gato antes, mas agora?

— Voltei, amor — digo, sentando na coxa de Dylan.

— Você me disse que era solteiro! — uma das garotas reclama, cruzando os braços.

Faço minha melhor cara de atriz e respondo: — Não acredito que você não contou pra ela! Estou grávida de dois meses, Dylan Kross.

— Idiota! — ela grita, levantando e indo embora.

— Você é ridículo — a outra diz, seguindo a amiga.

Dylan me encara incrédulo. — Porra, Ryan!

Dou risada alto e me sento na cadeira ao lado dele.

— Oi, Asher — digo, sorrindo para ele.

— Ryan... tipo Ryan? — ele pergunta, me analisando como se estivesse vendo um fantasma.

— Que eu saiba ainda sou a Ryan, tipo Ryan.

Ele ri, e é quase como se o tempo tivesse voltado. — Você mudou nesses dois anos, pirralha.

— E você também, Ash. E, só para lembrar, eu sou só seis meses mais nova que você.

— Tá bom, tá bom — ele responde com um sorriso divertido.

— O que você comprou aí, Ryan? — Dylan pergunta, mudando de assunto.

— Um monte de coisas legais para redecorar meu quarto. Finalmente vou tirar aquelas porcarias bregas das paredes.

— E vai pintar tudo sozinha? — Ash pergunta, arqueando uma sobrancelha.

— A menos que algum de vocês queira me ajudar... — faço um sorriso pidão.

— Eu te ajudo — Dylan diz, e eu sorrio agradecida.

— Já que vou acabar na sua casa de qualquer jeito, também posso ajudar — Ash acrescenta, casualmente.

— Ótimo! Com a ajuda de vocês, terminamos tudo ainda hoje — digo animada.

— Vamos embora, então? Eu estava curtindo com a Melanie, mas você teve que estragar tudo.

— Pobrezinho — respondo com sarcasmo, enquanto saímos do shopping.

— E aí, Kross, ainda anda de skate? — Ash pergunta, provocando.

— Claro que sim, Thorn.

Ele me encara, e ambos sabemos que usamos os sobrenomes para irritar um ao outro. Não mudou nada.

My Brother's Best Friend Onde histórias criam vida. Descubra agora