O Tempo

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A chuva forte castiga meu guarda-chuva. Quando era garoto eu costumava amar a chuva e o cheiro de terra molhada, mas hoje em dia não passa de um infortúnio. Eu nunca esperei voltar à essa cidade, mas as circunstância me trouxeram de volta. 

As minhas costas o vento soprou forte fazendo o algo rangir. Olho para trás e me deparo com a praça, o barulho vinha do balanço quebrado e enferrujado, ou outros brinquedos também estavam acabados. Por um instante me vejo criança brincando nesse mesmos brinquedos, memórias gravadas da minha infância nesse lugar.

Me viro novamente para a casa na qual morei quando menino, uma construção grande para abrigar uma família de muitos membros, embora que na minha época não passava de meia dúzia. Abro a porta que range escandalosa, a casa está vazia, fria e com cheiro de mofo, acendo a luz e ela pisca algumas vezes antes de permanecer acesa. Há bolor em alguns cantos e goteiras no teto, o pó tomou conta de todo o lugar. Uma tristeza profunda se instala em mim pelo abandono e descaso da casa.

Cada parte que vistorio me traz de volta lembranças quase esquecidas, como o cheiro constante de algo assando na cozinha, o pique-esconde pelos cômodos, o corre corre incansável de criança. Memórias doces de tempos melhores que não voltaram. É por isso que não queria voltar aqui. Eu não queria ver o estado desgastado da casa,  da qual guardei meus momentos mais felizes, e constatar que nada permanecesse como nós nos lembramos.

O Não EscreverOnde histórias criam vida. Descubra agora