1/7 - Sexta-feira - LeBlanc, depois da aula.
Não havia muito o que fazer com o dinheiro falso obtido ao roubar o Tesouro de Kaneshiro. Se, pelo menos, parecesse real... Não! Contra pessoas assim que lutavam! E, afinal, uma coisa era mais preocupante que dinheiro de mentira: O que lhe puxou a atenção ao voltar da escola foi aquela carta. Era envelopada em papel branco, bem cuidada e recortada. O selo, que demonstrava a integridade do que lá estava escrito — e do disfarce perante a Sojiro, que não sabia sua identidade —, também tinha a função de ilustrar a fineza de quem a enviou. Todos que precisavam de Akira — ou o contrário — já tinham seu contato, então quem enviaria uma carta?
O relógio parecia berrar em seu ouvido as horas que haviam se passado apenas pensando nisso; Seus pais? Não enviaram cartas nos últimos meses, desde que se mudou — obviamente contra a vontade — para Tóquio, então não imaginava tal atitude vinda deles. Com certeza não era uma carta de amor, não exalava a perfume, mas sim um cheiro diferente: Responsabilidade.
Depois de algumas horas apenas encarando o papel, teorizando — e sequer se aproximando do responsável pelo envio, decidiu finalmente abri-la. Sim, era cheiro de responsabilidade, de trabalho. Parecia o tipo de carta que um advogado criminal o enviaria. Não tinha essa experiência, entretanto. Quando foi intimado, sequer teve contato com o advogado. Parecia que seu pai sabia a magnitude do responsável, que sabia que brigar não levaria a bons termos. Do que importa? Dinheiro não pode alugar o mundo como parque de diversões, alugar pessoas como moldes e pás para criar um belo castelo de areia.
A carta, entretanto, não era um papel branco e formal de um advogado, mas sim, para sua surpresa, um Calling Card. Era uma pegadinha? Não se parecia com os que eles enviavam, claro. Não era vermelho, mas sim azul. Não tinha letras recortadas, mas sim finas e moduladas camadas de tinta que geravam uma caligrafia delicada. Ryuji fazia piadas, mas não acreditou — nem cogitou — que Yusuke se daria ao serviço de criar um design diferente para uma simples brincadeira. Então, se não era deles, de quem seria?
"Todos corações são dominados;
Todos os sonhos são corrompidos;
Todos ideais são deturpados;
Todas as mentiras são reveladas;
Inclusive seus nomes.
Akira, Ann, Ryuji, Makoto, Yusuke,
Venham para Ginza, Stella, amanhã.
Estou esperando."
Assinado...
— Ikki... — Não era um nome comum. Pronuncia-lo em voz alta trazia uma sensação diferente. Conseguia lembrar, no máximo e caso se esforçasse, de apenas três atores ou famosos com esse mesmo nome, mas parecia, ao mesmo tempo, tê-lo em sua mente muito claramente. Onde ouviu? Não conseguia se lembrar, mas não importava, aquela não era a sua maior preocupação, mas sim o que a carta trazia. Afinal, seja quem Ikki for... — Ele sabe sobre nós.
A mensagem era bem clara: Precisavam ir. Se fosse uma armadilha, por que convidar para um lugar público — ao julgar pelo nome — os alvos, não abatê-los em casa, já que o responsável sabia o nome e, provavelmente, endereço de cada um deles? Não passou sequer um minuto desde que uma foto da carta foi enviada no grupo de conversa, quando veio a confirmação:
"Stella é uma boate em Ginza", disse Ann.
"Como você sabe disso?", perguntou Ryuji.
"Porque eu sei pesquisar ;P"
Ler as discussões entre Ryuji e Ann sempre fazia com que Akira se sentisse em casa. Afinal, agora aquela era sua casa. Nunca tivera amigos tão próximos quanto Ann e Ryuji, e agora a família cresceu com Yusuke e Makoto.
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Persona 5: New Wing of Rebellion
AventuraOs Ladrões Fantasmas haviam comemorado a vitória sobre Kaneshiro há apenas duas semanas, quando um novo problema chegou na LeBlanc, envelopado e perfeitamente selado. A carta, entregue para Akira por Sojiro, continha um perigoso conteúdo: As identid...