1 - Histórias Pra Boi Dormir

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OLHANDO PARA CIMA, admirado com a altura das árvores, Douglas tentava imaginar como seria o pequeno vilarejo lá do alto.

"Do tamanho de uma formiga, talvez", pensou o garoto.

Adorava explorar as árvores mais altas, era sua brincadeira favorita desde que tinha apenas oito anos de idade. Algo que o tempo não foi capaz de mudar, já que agora resta muito pouco para completar seus onze anos.

Duas noites, no máximo.

Mas, aquele pé de eucalipto era muito alto, talvez o mais alto que já avistou desde que sua mãe veio morar com a avó.

O brilho das folhas aumentava a cada novo movimento e algumas até chegaram a cair sobre a janela do seu quarto, que estava coberta por uma infinidade de trepadeiras.

Uma ventania trouxe consigo pequenas nuvens cinza, Douglas sabia que uma tempestade estava a caminho.

— Oh, querido! O café está na mesa. — Exclamou à avó abrindo a porta do quarto — Preparei aquele bolo delicioso que você adora.

Por mais fascinante que fosse o tamanho daquela árvore, Douglas nunca recusava o bolo de fubá que sua avó preparava.

Nunca.

— Oba! Oba! — gritou o menino, contente em ouvir aquilo.

E antes que a avó pudesse se aproximar de seu neto, Douglas já tinha saído do quarto em uma velocidade, que para Dona Trurds, era semelhante à da luz.

De longe, o garoto já conseguia respirar o delicioso aroma que vinha da cozinha. Sentou-se em uma das cadeiras da mesa e esperou ansioso pela avó que se aproximava aos poucos.

Dona Trurds havia caído na noite anterior, quando escorregou no Satelyt - o cão vigia. Isso só aconteceu por causa da escuridão no quintal, e Dona Trurds estava sem lanterna. O motivo de ter saído no escuro surgiu após os latidos de Satelyt, e já fazia três dias que as galinhas estavam sumindo misteriosamente.

Em poucos minutos, Dona Trurds entrou na cozinha, agarrou uma faca e seguiu em direção à mesa onde fatiou o bolo em vários pedaços.

— Aposto toda a minha coleção de gibis que a senhora nunca tinha observado aquela árvore antes. — Desafiou o menino.

Dona Trurds colocou um pedaço do bolo no prato, entregando para seu neto, em seguida deu-lhe um copo com leite quente. Douglas nem ligou para a temperatura do copo, estava faminto.

Cuidado! — gritou Dona Trurds, quando o garoto leveu o copo em direção a boca sem nem ao menos esfriar aos sopros — Acabei de retirar do fogo.

— Quase. — aliviou-se o garoto ao perceber que ainda estava quente.

Passaram-se alguns segundos com Douglas tentando esfriar o leite enquanto comia, e, durante esse tempo, o garoto havia conseguido esquecer a enorme árvore. Era como se a cada sopro em seu copo, fosse um estalo de amnésia. Porém, ao olhar para o neto, Douglas observou através dos óculos de Dona Trurds, o reflexo das folhas de eucalipto.

O REINO ESCONDIDO (As Crônicas de Darren Cook - LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora