2. O Segredo

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Eu nunca tive muitas expectativas sobre meu futuro. Sabia que como um Malfoy, todas as decisões sobre minha vida teriam intervenções de meus avós e meu pai. Nunca passou pela minha cabeça, que aos dezesseis anos, eu estaria aqui em Hogwarts.

O salão comunal da Corvinal ficava em uma das torres mais altas do castelo. Saí cedo, logo atrás de um grupo de estudantes, que eu percebi, cochichavam sobre mim. Imaginei que isso fosse acontecer, afinal, eu não estive aqui nos anos anteriores. Eu deveria me encontrar com a diretora McGonagall em sua sala antes de seguir para alguma aula, porém, havia um problema: eu não conhecia Hogwarts e não fazia ideia de por onde seguir.

Passei uns bons minutos rodando pela escola, alunos iam e vinham, mas senti um certo constrangimento em ter que perguntar onde ficava a sala da diretora, além de me parecer um pouco suspeito que um aluno do sexto ano não soubesse. Suspirei. Talvez se eu pedisse ajuda a algum professor...

— Black? — ouvi o soar da única voz que eu conhecia naquele lugar. Virei para olhar. Albus Potter estava parado atrás de mim, um uniforme tão amassado quanto seus cabelos, a bolsa de couro pendurada no ombro direito.

— É Greenblack — respondi, mas realmente não me importava que errassem meu falso sobrenome.

— Que seja — Albus deu de ombros — Perdido?

— Quê? Não.

— Sério? Porque parece. A onde está indo? — lentamente, ele veio se aproximando até parar ao meu lado.

— Sala da diretora.

— Tá, e você sabe que está indo para o lado errado, não sabe?

— Ahn... eu estou? — senti minhas bochechas esquentarem — A verdade é que eu não me lembro exatamente a onde fica e...

— Vem, eu te levo até lá — Albus deu as costas e seguiu para o sentido oposto ao que eu seguia, e eu fui a passos calmos atrás dele.

A cada nova curva, um fantasma, um quadro ou um novo objeto decorativo para que eu admirasse. Tudo me fascinava e eu não podia conter minha empolgação. Sentia Albus virar para me encarar com uma expressão esquisita vez ou outra, mas não me importava. Hogwarts era linda e eu queria absorver cada novo detalhe que se mostrava sob meus olhos.

— Blueblack? — chamou-me Albus — Chegamos. É aqui.

Ele apontou para uma grande gárgula de pedra que parecia estar tapando uma entrada para a sala.

— Ahn, obrigado — olhei para estátua, depois para Albus, esperando que algo acontecesse — Como faço para entrar?

— Quê? Tá falando sério? — Albus franziu as sobrancelhas ao me olhar, parecia um tanto desconfiado.

— Que foi? Nunca vim na diretoria antes — tentei demonstrar indiferença, mas senti nos olhares de Albus que ele não acreditava muito em mim. Ele se pôs em frente a gárgula e balbuciou alguma coisa que não consegui identificar. A estátua de moveu para o lado, dando passagem para uma escada caracol de pedra.

— Boa sorte, seja lá o que veio fazer aqui — disse Albus, e deu as costas — Te vejo por aí.

— Tá. — foi a única coisa que consegui responder. Não queria que ele fosse embora.

Balancei a cabeça numa tentativa falha de esquecer o jeito esquisito de Albus e focar no plano e no que me esperava lá em cima, mas por algum motivo, subi as escadas de pedra pensando em como o jeito dele me fazia querer tê-lo por perto.

The Night We Met | ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora