- Mamãe, o tio Doug também vai encontrar com a gente lá no parque de pular? – Penn questionou a mãe ao entrarem no carro no meio da manhã de quarta-feira.
- Não, meu amor, ele não vai – Elena sentiu um aperto no coração ao falar do ex.
- Ué, então o que o seu amigo Nick vai fazer lá? – a vontade de Len era de dizer que nem ela fazia ideia, mas estava seguindo as instruções do psiquiatra infantil e do acordo entre os advogados de que a pequena deveria passar algum tempo com Nicholas antes de contarem sobre a paternidade.
- Ah, filha, ele gostou tanto de participar do nosso passeio ao cinema na semana passada e na pizzaria ontem que quis ir brincar de pular nas camas-elásticas com a gente hoje – Nick vinha sendo a definição de pai perfeito durantes os encontros, atencioso, carinhoso, brincalhão, cuidadoso e paciente. Aquele era o Nicholas que Elena lembrava, sabia que tudo era genuíno – Por quê? Você não queria que ele fosse?
- Ah, preferia que o tio Doug fosse, mas ele está trabalhando, né? Então tudo bem o Nick ir com a gente, ele é legal – Len viu pelo retrovisor o sorriso no rosto corado da filha e sentiu um alivio tomar conta de si, afinal, quem olhasse a pequena Penelope agora jamais diria que há vinte dias ela estava internada. Sua recuperação havia sido rápida e completa, para alegria de todos que agora revezavam entre as visitas e passeios para mimar ainda mais a menina.
- Olha quem já tá ali – apontou ao descerem do carro, quase meia hora depois, ao chegarem ao endereço do passeio escolhido por Penny.
- Oi, Nick! – disse a pequena já correndo para os braços abertos do pai, que sorria largo.
- Oi, meu amor! – ele a pegou no colo e a abraçou apertado, dando um beijo em sua testa – Como você está?
- Bem! Adorei seus óculos escuros – Penn mal terminou a frase e o pai já tirava o acessório e colocava em seu rostinho – Tô bonita, mamãe?
- Tá linda, filha – Elena sorriu fraco ao se aproximar e cumprimentar Nicholas com um beijo no rosto – Bom dia, tudo bem?
- Bom dia, Len! Tô melhor agora vendo essa princesa com a roupa combinando com a minha – indicou sua calça de moletom preta, camiseta vermelha e All Star branco, enquanto Penny usava uma legging preta, blusinha listrada de branco e vermelho e All Star também branco. Não tinha como negar que eram pai e filha, não era a roupa, era a semelhança física gritante. O tom da pele, os cabelos pretos e tão lisos, a boca sempre avermelhada e os marcantes olhos azuis.
- Olha só, somos gêmeos – a pequena riu com gosto, sendo acompanhada por Nick. Elena não resistiu e tirou uma foto dos dois, achando adorável a ligação que eles vinham criando nas últimas semanas.
- Bom, vocês vão brincar que eu vou ficar aqui nessa mesa trabalhando, ok? – Len avisou poucos minutos depois, já que Nick havia comprado os ingressos com antecedência, ao entrarem no galpão colorido e movimentado que ecoava gritos e risadas de crianças, cheio de camas-elásticas e pula-pulas de todos os tamanhos.
- Ah mamãe, você não vai pular? – Penny fez bico enquanto Nick colocava os tênis dos dois ao lado da cadeira de Elena.
- Mais tarde, amorzinho, preciso responder uns e-mails e fazer umas ligações primeiro – disse ao puxar a filha para uma sequencia rápida de beijos e cosquinhas – Mas o Nick vai em todos que você quiser – piscou para o rapaz que riu conformado.
- Posso deixar minhas coisas aqui, Len? – ambos eram sempre muito educados e até simpáticos um com o outro na frente da filha.
- Claro– e colocou os óculos escuros, celular e chave do carro dele em sua bolsa – Divirtam-se!
- Tchau, vovô! Te amo, beijo – Penn encerrou a ligação em português fazendo a mãe e a avó se derreterem de amor e orgulho – O vovô mandou beijo pra vocês.
- Eu não entendi nada, mas quero aprender - Nick comentou em inglês observando a filha devolver o celular de Len.
- Eu te ensino – prometeu a pequena, para logo ir até a avó e abraça-la, se despedindo em um português com sotaque extremamente fofo. Então foi para o colo da mãe, que escondeu o rosto em seu pescocinho e respirou fundo o cheiro de neném da filha – Porque você tá triste, mamãe?
- Não tô triste, tô cansada – mentiu ainda respirando seu aroma favorito do mundo todo. Len vinha se esforçando ao máximo para não deixar transparecer como estava sofrendo no último mês. Um mês desde que Dougie havia terminado com ela e ido visitar James nos Estados Unidos.
- Eu não preciso ir dormir na casa da vovó Dorothy e do vovô Colin se você estiver triste – Penn abraçava a cabeça da mãe e fazia carinho em seus cabelos, sendo observadas por Nick, que sorria ao ouvir a filha chamar seus pais de avós, ainda sem saber oficialmente que eles eram mesmo – Nick, tudo bem a gente fazer a festa do pijama outro dia? A mamãe precisa de mim.
- Não, a mamãe só precisa descansar, pode ir sim, vai ser divertido – Elena se afastou o suficiente para encostar sua testa na da filha e sussurrar – Eu te amo, um montão de confeitos de chocolate.
- Eu te amo, um montão de confeitos de chocolate – Penny respondeu e beijou a ponta do nariz da mãe, logo descendo de seu colo e dar a mão que Nick estendia em sua direção, ele já segurava a mochila roxa com estampa de coroas douradas na outra mão – Qualquer coisa você liga e o Nick me traz de volta rapidinho, né Nick?
- Claro, princesa – prometeu, logo se despediu das mulheres num português ensaiado e saiu com a filha.
- Ai Lena, chega dar gosto de ver como esse rapaz gosta da Penny – a senhora Alvarez tomou o lugar da neta e abraçou a filha.
- Eu sei, mãe, também vejo nos olhos dele como ele ama a Penn... E como ela passou a gostar dele nesse último mês, a felicidade que ela fica quando sai com ele... E isso me deixa com ciúme, ai me sinto culpada por isso... – resmungou manhosa ainda abraçada a mãe.
- Ninguém disse que seria fácil, Lena. Vocês vão mesmo contar amanhã durante a consulta com o psicólogo?
- Vamos e sinto dor de barriga só de lembrar.
- E nada dele desistir da guarda total?
- Ainda não, mas agora que o Doug não está mais por perto... – parou para fungar ao sentir o nariz pinicar denunciando a vontade de chorar – ele já parece mais inclinado a ideia de termos a guarda compartilhada. O que eu ainda não sei como vai funcionar com ele morando em outro país!
- E aquela sua ideia de pedir transferência para a Califórnia?
- Não sei, não quero impor outra mudança drástica na vida da Penny, ainda mais agora que ela já acostumou a ter a Joan e a Jazzie por perto o tempo todo... Já está difícil pra ela ficar longe do Doug esse mês, imagina ficar longe de todos eles e numa escola nova?
- O Nick precisa levar isso em consideração.
- Ele leva, o problema é a mãe dele, ela disse que se ele ganhar a guarda total vai se mudar pra Califórnia para ter participação ativa na vida da Penn.
- Ela gostava muito de você, Lena, achava que seria a garota ideal pro filho dela, faz um pouco de sentido ela estar se sentindo traída, ela não esperava um segredo desse tipo vindo de você.
- Eu sei, mãe, eu fiz tudo errado – se soltou do abraço e deu de ombros – Mas eu tô tentando consertar tudo da melhor forma pra Penny.
- E Deus tá vendo, vai te abençoar, só ter fé – sorriu tentando passar segurança para a filha, que devolveu um sorriso forçado.- E então, Penny, você tem gostado de passar um tempo com o Nick? – perguntou o Doutor Campbell em sua voz doce e afeminada. Os dois, Elena e Nicholas estavam sentados no chão forrado de carpete de seu consultório enquanto a pequena jogava no iPad do médico.
- Sim, ele é legal – respondeu sem tirar os olhos do aparelho.
- E os pais dele, o que você achou deles? – continuou o jovem psicólogo de gravata borboleta rosa pink.
- São muito bonzinhos, eles disseram que o quarto de hospedes da casa deles pode ser meu - seus dedinhos eram rápidos ao completar o quebra-cabeça na tela.
- Você gostaria de passar mais tempo com o Nick e a família dele?
- Ah, acho que sim, eu me divirto com eles – o médico indicou que aquele era o momento que havia instruído Elena anteriormente, essa respirou fundo e assumiu a liderança da conversa.
- Filha, você gostaria se eles passassem a ser da nossa família? – a criança parou de jogar e olhou para a mãe.
- Sim! Tipo tia Jazzie, tio Doug, vovó Joan e vovô Mark, né? – questionou e Elena viu Nick franzir os lábios ao ouvir o nome de Dougie.
- É, tipo isso, a vovó Dorothy e o vovô Colin vão continuar sendo seus vovós mesmo... mas o Nick, ele... – a garganta de Len parecia fechar e para sua surpresa Nicholas colocou a mão em seu joelho e apertou de leve, a encorajando, sabendo que isso era algo que somente ela poderia fazer, por mais que ele quisesse gritar a noticia à filha.
- Eu posso chamar de tio Nick? – sugeriu sem entender a hesitação da mãe.
- O que você acha... – Len tomou folego e tomou coragem para completar – O que você acha de chama-lo de papai?
- Papai? – a expressão de surpresa tomou o rostinho da pequena imediatamente – Mas e o tio Doug?
- Ele não é seu pai, princesa – Nicholas respondeu rápido, de forma calma, mas com a voz rouca.
- E você é? Meu papai? – a surpresa passou para apreensão, percebida imediatamente por Elena, que esticou os braços e pegou a filha no colo.
- O Nick é sim seu papai, gatinha – ela beijou a cabeça de Penn e começou a fazer carinho em suas costas – Mas você não precisa chama-lo assim senão quiser.
- Você pode me chamar do jeito que quiser, meu amor – o rapaz estava visivelmente emocionado, lutando contra as lágrimas – Pode continuar chamando de Nick ou de tio.
- Mas você é meu papai? – quis confirmar, o olhando desconfiada, se afundando nos braços da mãe.
- Eu sou, Penn, eu sou seu papai e eu te amo muito.——————————————————
Nota da Autora: capítulo menor que o normal, porém publicado MUITO mais rápido que o normal.
Tudo especialmente pra Jade Martins, que tá grávida do Thiago!
Eu não poderia deixar uma McMommy e um McBaby apreensivos esperando uma atualização! 💜
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A Garota da Porta Vermelha 2
FanfictionAnos depois Elena está de volta. Só que agora com Penelope, sua filha nascida e criada no Texas, longe de Dougie. Será que o tempo cura tudo mesmo? Até um amor que era chamado de épico?