- 'Cause Penny and me like to roll the windows down – Elena entrou em seu apartamento e ouviu a voz de Doug cantando longe, seguiu o som até o quarto de Penn e encontrou a pequena dançando vestida de fada e calçando suas galochas amarelas enquanto Doug tocava violão e cantava, sentado no chão - Turn the radio up, push the pedal to the ground... And Penny and me like to gaze at starry skies... Close our eyes, pretend to fly... Vai, Penelope!
- It's always Penny and me tonight! – ambos gritaram a última frase, fazendo um enorme sorriso se abrir no rosto de Elena, que assistia boba da porta do quarto.
- Mamãe, você chegou! – a pequena foi correndo para seus braços fazendo as asinhas cor de rosa balançarem loucamente em suas costas – Você ouviu nossa música?
- Eu ouvi e adorei, meu bem! – respondeu ao beijar a bochecha corada da filha.
- O tio Doug disse que essa música se chama Penny and Me – contou olhando para o rapaz ainda sentado no chão – Ele disse que queria ter escrito pra mim.
- Esse tio Doug te ama demais – Len foi até onde Dougie estava e sentou ao seu lado, com Penn ainda em seu colo.
- Amo as duas – ele sorriu e se inclinou para dar um selinho na namorada, logo se afastando ao ouvir uma exclamação de nojo vinda de Penny.
- Tá, tá, a gente também te ama, mas nada de beijação na minha frente! – a pequena disse fazendo careta e os adultos riram.
- Beijação? – questionou e a viu concordar como se fosse a palavra mais comum do mundo e apenas ele não a conhecesse – Ai que saudade do seu tio Sean que te enrolava pra eu poder beijar a mamãe em paz.
- Saudades Sean – Elena concordou ao apoiar as costas na cama de Penn e aproximar mais o corpo do de Doug – O tempo tá passando muito rápido, amanhã faz quatro meses que ele foi embora.
- Quatro meses que eu não posso ficar de beijação sossegado? – ele se fez abismado, colocando o violão de lado para passar a pequena para seu colo e começar a enchê-la de beijos e cócegas – Ah, mas se eu não posso ficar de beijação com a mamãe, eu vou beijar você!
- Não, não! Eu deixo, eu deixoooo – ela esperneava as gargalhadas – Pode beijar a mamãe!
- Posso mesmo? – Doug passava a barba por fazer pelo pescocinho da criança que se contorcia tentando escapar – Você não vai fingir ânsia de vomito dessa vez?
- Não vou, prometo! Prometo! – Penny ria a ponto de lágrimas saírem de seus grandes olhos azuis e suas bochechas ficarem ainda mais coradas.
- Temos um acordo então? – Dougie parou a tortura e estendeu a mão para a menininha em seu colo.
- Temos um acordo! – colocou a mãozinha na dele e balançou.
- Vem cá, mãe da Penelope – ele logo passou um dos braços pelos ombros de Len, que assistia a cena sorrindo, e deu um selinho demorado em seus lábios.
- Ai que eu vou lá pra sala já que não posso falar 'eeeeeca' – a pequena comentou tentando controlar a careta e saiu correndo do quarto.
- Não sei se tô preparado pra quando ela deixar de sentir nojo de beijos – Doug disse ainda com a boca encostada na de Len, ambos de olhos fechados.
- Eu dei meu primeiro selinho com nove anos, se ela seguir esse caminho você tem três anos pra lidar com a ideia – Elena contou e ao abrir os olhos viu o namorado fazendo cara de dor, a fazendo rir – É a vida, meu amor.
- Mas assim, ela podia ser lésbica, né? Meninas são muito mais respeitosas que qualquer moleque pervertido – resmungou sentido, causando uma gargalhada alta em Len - Ser pai de menina é muito difícil.
- Eu ainda sinto calafrios cada vez que você fala isso – Elena se aconchegou no abraço de Doug e descansando a cabeça em seu peito.
- De ela ser lésbica? – ele perguntou fazendo graça e beijou a testa da namorada.
- De ser pai dela, idiota – ela respondeu ao beliscar de leve a barriga dele, que riu alto.
- Tô contando os segundos pra podermos contar pra ela, pra todo mundo – confessou baixinho – Será que ela vai querer me chamar de papai?
- É sério que você tem alguma dúvida disso, Poynter? Eu tô com medo é de quando ela vai parar de repetir uma vez que começar!
- Ah justiça, analisem logo esses papéis e me deem minha filha!
- Segura essa emoção, cara, só tem seis semanas que demos entrada na adoção e eles disseram que o processo pode demorar – Len virou o rosto e beijou o pescoço de Doug para acalenta-lo. A tela do celular dele acendeu com uma notificação e uma foto de Penny apareceu como plano de fundo.
- Esses dias eu quase postei uma foto de nós três com a hashtag família – comentou sem pensar e sentiu Elena se enrijecer em seus braços – Mas eu não vou, baby, fica tranquila. Eu sei que você tem medo do Hoult ver.
- Doug, a conta vai ser muito fácil pra ele fazer – passou os braços pela cintura do namorado e escondeu o rosto em seu pescoço, falando baixinho contra sua pele – Nós dois com uma menininha que é a cara dele, seria coincidência demais pra ele não sacar.
- Eu sei, meu amor, eu sei – Dougie a abraçou apertado, também falando baixo – É por isso que nenhum dos nossos amigos ou familiares nunca postam nada que mostre o rostinho dela... Mas você acha que vai sentir esse medo pra sempre? Ou quando os papéis da adoção saírem você se sentirá mais segura?
- Acho que sim, sei lá, será como se o posto de pai dela não estará mais vago pra ele surgir e querer toma-lo... Toma-la de mim – toda a linguagem corporal de Len gritava insegurança e Doug podia sentir – Faz sentido?
- Claro que faz, baby – ele afagava as costas da namorada que agora estava praticamente em seu colo, ambos ouvindo as risadinhas de Penny vindo da sala de estar – Você se arrepende de não ter contado pra ele antes?
- Demais! Se tivesse contado assim que ela nasceu, a gente teria entrado em acordo e eu não viveria nessa agonia. Mas eu perdi o timing tão feio que... – Len se afastou um pouco para olhar Doug nos olhos ao prosseguir – A Penny foi tudo o que eu tive na vida que foi unicamente meu, e depois da burrada que eu fiz em te deixar, o pensamento de poder perdê-la pro Nicholas sempre me tirou o ar.
- Mamãe! – o tema do assunto entrou correndo de repente no quarto, assustando os adultos – A gente pode fazer biscoitos pra eu levar para a escola?
- Claro, gatinha – Elena levantou do chão com o coração quase saindo pela garganta tamanho o susto que a filha havia lhe dado – Algum motivo especial?
- O Josh tá bravo comigo, eu acho, ai eu queria levar um presente pra ele – contou ao aceitar a mão que a mãe lhe oferecia e foram para a cozinha, seguidas por Doug.
- Porque ele estaria bravo com você? – Elena começou a pegar os ingredientes enquanto Dougie prendia o cabelo da pequena num rabinho de cavalo, causando um sorriso em Len.
- Ele ficou magoado que eu deixei o Dex escrever o nome dele na minha galocha antes dele – a menininha vestiu seu avental lilás e virou para Doug amarra-lo, ambos numa sintonia invejável – Eu acho isso muito bobo.
- Se você acha bobo, porque quer levar biscoitos pra ele, princesa? – o rapaz pegou o banquinho que servia para dar altura necessária que ela precisava para alcançar a pia e ajudou a pequena a subir.
- Porque ele é meu amigo, tio – respondeu como se fosse obvio – E eu não quero que ele fique chateado comigo.
- Mas se você levar biscoitos só pro Josh, o Dex não vai ficar com vontade? Agora que ele estuda lá na sua escola, ele vai ver – Len questionou – Vamos fazer pros dois.
- Não precisa, mamãe, o Dex não fica chateado com nada. Ele vai entender que só o Josh precisa ganhar amanhã. Ele sabe que os dois são meus amigos.
- Tem certeza? – Doug genuinamente gostava do pequeno Dexter.
- Tenho! – respondeu decidida – Agora me dá farinha, por favor, pra eu misturar com a manteiga.
***
- Essa é a primeira vez que me separo dela por mais de três dias – Elena contou à cunhada fazendo bico – E ela tá saindo de uma infecção no ouvido agora.
- Ai amiga, é só uma semana – Jazzie a consolou enquanto tirava a mala de Elena do porta malas – Sem falar que Paris é aqui do lado, você pode voltar em duas horas, caso seja preciso. A infecção já sarou, não?
- Já, e pelo jeito não vai ser preciso eu voltar antes mesmo – indicou com a cabeça a filha fazendo voz de monstro e perseguindo Dougie pela praça em frente à estação do Eurostar – Ela não tá dando a mínima por ficar longe de mim, cara!
- Eu falei pra ela que não precisava ficar com saudade de você, que eram só uns dias e que a vovó, tio Dougie e eu estaríamos com ela – Jazzie contou saindo do estacionamento com a cunhada, em direção ao irmão e a sobrinha – Sabe o que ela respondeu? 'Relaxa tia Jazz, o tio Doug vai ficar lá em casa, então tá tudo bem'. Elena! Ela me dispensou pelo Dougie!
- Ah amiga, bem vinda ao meu mundo – Len riu da revolta de Jazzie – Ela agora acha que o Doug mora lá em casa, então todo dia que ele não aparece pra dormir, ela fica brava! Liga pra ele pra tirar satisfações e dá broncas que seu irmão diz serem iguaizinhas as minhas.
- Eu já vi uma cena dessas! Ela faz os gestos da mãozinha igual a sua! – ambas riam ao atravessar a rua e entrar na praça.
- Ai, a mamãe está tão triste de saudade – Elena fez drama e a filha logo correu em sua direção – Tô até fraca, olha, minhas pernas nem me aguentam.
- Eu te seguro, mamãe! – Penn abraçou as pernas de Len com força – Vem tio Doug, me ajuda!
- Eu que não vou aguentar de saudade da mamãe – ele comentou ao obedecer a pequena e abraçar Elena de lado – Vou chorar todas as noites até dormir.
- Não precisa chorar, a mamãe volta rapidinho, né? – Penn questionou Len a encarando com seus grandes olhos azuis, essa por sua vez afastou a franja dos rosto de sua pequena e concordou sorrindo – Viu? E se a gente se comportar, ela vai trazer chocolates.
- Chocolates? Eu não sabia desse acordo! Prometo não chorar – Dougie sorriu para a namorada e deu um selinho em seus lábios.
- Lá vem a beijação – Penny reclamou fazendo Jazzie, que assistia a cena e até havia tirado uma foto, rir da cara da pequena – Mas tudo bem só porque a mamãe tá indo ver o Roger.
- Amorzinho, a mamãe já disse que o Roger Vivier morreu faz tempo, só o nome da marca é Roger, meu chefe se chama Jean-Michel, lembra? O que te mandou o vestido da Bella?
- Ah é! – respondeu rindo e deu um tapinha na própria testa.
- Agora eu preciso mesmo ir – Elena abraçou primeiro Jazzie – Obrigada por tudo, amiga! Me liga se precisar de qualquer coisa ou se tiver alguma duvida.
- Você tem que falar isso pro Dougie, já sei que ele não vai dividir a Penny com a gente a semana toda – disse rindo da cara do irmão – Vai tranquila, Len. Bom trabalho na semana de moda e boa viagem.
- Obrigada, Jazz – Elena então virou para o namorado e o abraçou com força ao esconder o rosto em seu pescoço respirando fundo, enquanto ele a envolvia com os dois braços pela cintura, também inalando o cheio de seus cabelos – Tchau, meu amor.
- A única coisa que consegue me acalmar em te ver partindo é saber que a Penny tá comigo, então você tem que voltar, mais cedo ou mais tarde – Doug confessou baixinho no ouvido da namorada, fazendo com que ela o abraçasse ainda mais apertado e desse um beijo demorado em seu pescoço antes de afrouxar o abraço para olha-lo nos olhos – Boa viagem, baby. Eu amo você.
- Te amo – Elena respondeu ao encara-lo – Tipo, muito.
- Eu também – a puxou novamente e beijou seus lábios de leve, deixando suas línguas se encontrarem brevemente antes de ouvirem Penny fingir limpar a garganta, do jeito que Dougie fazia quando queria chamar sua atenção – Ok, ok, ciumenta, já paramos!
- Não é ciúme! É que a gente não precisa ver isso – a pequena se defendeu e os adultos riram.
- Eu tenho uma adolescente presa no corpo de uma menininha de seis anos e não sabia, gente! – Elena brincou ao pegar a filha no colo – Ô dona adolescente, sua dor no ouvido passou mesmo?
- Passou sim, mamãe, tô boa boa – a pequena enfatizou com a cabecinha.
- Promete pra mamãe que vai falar pro tio Doug se doer de novo, tá? Se sentir qualquer coisa, fala pra ele na hora, combinado?
- Combinado!
- Se comporta, faz todas as lições, não é pra faltar em nenhuma aula e é pra comer comida, mocinha! Nada de passar a semana comendo porcarias – nesse momento Doug piscou para a menininha mas foi flagrado por Elena – Ah pronto, vou ter que fazer vídeo chamada com vocês todos os dias durante as refeições pra garantir que vocês não vão viver de besteiras?
- Nããããão, pode confiar na gente, né tio Doug? – ambos concordaram de forma confidente, fazendo Elena e Jazzie rirem.
- A mamãe tem que ir agora – Len abraçou a filha e beijou seu rostinho diversas vezes – Eu te amo, um montão de confeitos de chocolate.
- Eu te amo, um montããão de confeitos de chocolate!
***
- Oi, baby! Como está sendo o terceiro dia sem mim? – Elena atendeu a ligação no viva-voz, conferindo o acabamento de um stiletto púrpura que seria usado na passarela naquela tarde.
- Oi, amor – apenas essas duas palavras já serviram para Elena perceber que algo não estava certo – Tudo bem?
- Me diz você, o que houve? A Penny tá bem? – ela pegou o celular e tirou do viva-voz, sinalizando para sua assistente que voltaria em instantes.
- Ela sentiu dor no ouvido de novo durante a madrugada, eu dei o remédio, fiz a compressa e ela dormiu, mas acordou com febre – a voz de Dougie não disfarçava a preocupação – Eu liguei para o Dr. Fowler, ele achou que pudesse ser saudade de você, então passou um remédio pra febre e disse pra não manda-la para a escola, que um pouco de mimo e atenção poderiam resolver – Elena sentia um bolo se formar na garganta ao acompanhar a historia - Mas há umas horas ela estava cochilando e acordou chorando e reclamando de dor de cabeça. Liguei de novo para o Dr. Fowler e ele achou melhor trazê-la para o hospital para vê-la.
- Cadê ela, Doug? O que a minha filha tem?
- Ela reclamou de dor de cabeça o caminho todo e vomitou assim que chegamos ao consultório e isso o fez desconfiar o que os sintomas pudessem ser – quem não o conhecesse acharia que Dougie estava falando normalmente, mas Elena notava o leve tremor em cada palavra que saia da boca do namorado – Ele fez uns exames para ter certeza.
- O que minha filha tem, Doug? – repetiu, fechando os olhos e tentando manter a respiração controlada.
- Ela acabou de ser internada com meningite bacteriana, Len – a voz dele falhou ao final da frase – Você tem que voltar pra casa agora.
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A Garota da Porta Vermelha 2
FanfictionAnos depois Elena está de volta. Só que agora com Penelope, sua filha nascida e criada no Texas, longe de Dougie. Será que o tempo cura tudo mesmo? Até um amor que era chamado de épico?