Capítulo 14

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Xiao Zhan acordou numa cama de hospital tomando soro na veia

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Xiao Zhan acordou numa cama de hospital tomando soro na veia. Olhou ao redor assustado e arregalou os olhos ao ver Yibo dormindo numa poltrona ao lado com os braços cruzados e a cabeça caída para o lado. Xiao Zhan teve vontade de levantar e corrigir sua postura. Ele não devia estar confortável. Mesmo com os olhos fechados, o semblante do loiro era de preocupação. Sua boca semiaberta às vezes parecia murmurar algo.

Yibo sempre tivera problemas sérios para dormir. Ele não conseguia dormir com a luz totalmente apagada nem quando estava com Xiao Zhan, mas pelo menos nos braços de Zhan ele conseguia relaxar. Quando estava sozinho, Yibo tinha pesadelos constantes, preferia manter a televisão ligada e a luz do banheiro acesa. Aquela fragilidade toda vinha da época em que Yibo enfrentara a tudo e a todos sozinho para realizar seus sonhos.

Tanto Xiao Zhan quanto Yibo tinham histórias de assédio constante e inúmeros desafios durante a jornada para o sucesso. Mas Yibo havia sofrido maus tratos psicológicos e físicos que nunca haviam cicatrizado totalmente. E mesmo assim, ele sempre havia sido o primeiro a sair em defesa de Xiao Zhan quando este era atacado de alguma forma, enquanto Xiao Zhan preferia sempre se esconder. Dos dois, Yibo era sempre o mais forte, mesmo tendo sofrido mais.

Com um suspiro cheio de dor, Xiao Zhan permitiu-se observar seu anjo dormindo. Teve vontade de levantar e traçar com a ponta dos dedos cada centímetro daquele rosto de porcelana. A beleza de Yibo era surreal. Os lábios carnudos eram hipnóticos. Xiao Zhan estava tão concentrado em guardar cada pedacinho daquele homem na sua memória que nem notou a entrada de Na Ying no quarto.

- Ah, ele finalmente dormiu. – ela disse em voz baixa.

Xiao Zhan quase pulou da cama de susto.

- Na-Jie! O que aconteceu? – Xiao Zhan também manteve a voz baixa. – Por que eu estou aqui? E por que Yibo está...

- Você desmaiou. Zhi Ruo estava aos prantos achando que era culpa dela porque você quase não comeu, e ela deveria ter prestado mais atenção a isso. Além disso, teve o estresse que você passou ontem...

- Ontem? – Xiao Zhan arregalou os olhos. – Passei esse tempo todo aqui?

Ela assentiu. Seu rosto era pura preocupação.

- Xiao Zhan, não imaginei que você fosse se estressar tanto. Zhi Ruo pode se culpar por não alimentá-lo direito, mas eu tenho minha parcela de culpa de também. Exigi demais de você.

- Se alguém tem culpa de algo, sou eu. Desculpe pelo trabalho que dei. – Xiao Zhan estava extremamente envergonhado. Desmaiando na sua idade, e na frente de Yibo ainda. Odiava-se por ser tão fraco. – E Yibo? Por que ele está aqui?

Na-Jie o olhou como se ele fosse estúpido.

- E onde mais ele estaria? Tentamos convencê-lo de que você já estava medicado e bem, mas ele insistiu em ficar. Nem o médico conseguiu tirá-lo daqui.

O coração de Xiao Zhan encheu-se de esperança, que logo foi substituída por medo e confusão. Yibo não se importava mais com ele. Havia seguido com sua vida. Estava até mesmo noivo. Provavelmente só ficara ali por algum senso de obrigação.

- Vou chamar o médico. Ele disse que assim que você acordasse, poderia ir pra casa. – disse Na-Jie, retirando-se logo em seguida.

Fechando os olhos, Xiao Zhan quis soluçar de frustração e constrangimento. O barulho de Yibo se mexendo na poltrona o deixou tenso.

- Zhan-Ge? – ouviu a voz rouca de sono.

Zhan agradeceu por não estar com o coração monitorado, pois seus batimentos foram ao máximo.

- Ei. – Xiao Zhan respondeu.

Yibo levantou-se de um salto e postou-se ao lado da cama. Os olhos amendoados estavam cheios de ansiedade.

- Está acordado faz tempo? Por que não me chamou? Como está se sentindo?

Ser bombardeado de perguntas daquela forma quase o fez rir de nervoso. Estava tocado pela preocupação do seu ex. Sorriu.

- Estou bem. Acho. Quer dizer, tirando o fato de eu ter dado trabalho para todo mundo... Inclusive pra você. Não precisava ter ficado.

- Não precisava? – Yibo deu um sorriso amargo. – Você simplesmente apagou. Como queria que eu reagisse? Acha que eu ia simplesmente deixá-lo aqui depois de...

Yibo fechou os olhos com força. Xiao Zhan notou seu corpo enrijecendo, depois relaxando aos poucos. Quando abriu os olhos novamente estava mais calmo, mas também mais frio.

- Sua assistente me disse que você não comeu o dia todo. Cuide-se melhor. Você não é uma criança.

- Sim, sou um adulto. Não preciso de uma reprimenda. – Xiao Zhan rebateu quase fazendo bico.

- Discordo. Merecia um tapa na bunda pelo mau comportamento.

O comentário surpreendeu a ambos. Yibo ruborizou de leve.

- Não é o que crianças merecem? – Yibo tentou consertar. Xiao Zhan mordeu o lábio.

- Se me lembro bem, fiz esse mesmo discurso pra você depois que foi parar no hospital por exaustão.

Os olhos castanhos brilharam.

- Ficou bravo comigo e eu o obedeci não? Como se naquela época você também não testasse seus limites. – Yibo arguiu. - Mas não me lembro de ter levado tapas na bunda. Será que é porque eu fui um bom menino? Deveria ter sido mais atrevido.

Foi a vez de Xiao Zhan ficar vermelho. O guri estava provocando-o. Continuava com o olhar gélido, mas Xiao Zhan podia sentir o antigo Yibo por trás dele.

- Yibo! – chamou sua atenção como no passado.

- Zhan-Ge! – Yibo respondeu automaticamente tal qual costumava fazer.

Trocaram um olhar cheio de significados. De repente estavam ambos de volta aonde tudo havia começado, ao calor infernal de Hengdian, às filmagens de Chén Qíng Lìng, à paixão fulminante.

- Nós precisamos conversar. – disse Yibo.

- Precisamos?

- Sim.

- Posso te fazer uma pergunta?

Yibo o olhou com curiosidade.

- Claro.

Xiao Zhan respirou fundo.

- Ainda me odeia?

Antes que Yibo respondesse, o médico entrou com uma enfermeira, Na-Jie e Zhi Ruo. Xiao Zhan quase soltou um palavrão.

- Ah, nosso paciente parece melhor. A cor já voltou ao rosto pelo menos. Olha como ele está corado!

O rosto de Xiao Zhan ferveu ainda mais.

- Xiao Zhan. Preciso ir. – disse Yibo voltando a se distanciar dele. – Zhi Ruo tem meu número caso precise dele. Cuide-se.

Xiao Zhan queria pedir a ele que ficasse, mas não podia mais detê-lo. Não queria nem pensar na possibilidade da imprensa saber que Yibo passara a noite com ele no hospital.

- Ah, Zhan-Ge. – Yibo o chamou quando já estava perto da porta. Xiao Zhan sentiu o coração quase parar de bater. – A resposta a sua pergunta é sim.

Xiao Zhan cerrou os punhos sem notar que Yibo fizera o mesmo ao sair do quarto.

Tentou esconder a tristeza ao máximo, e ficou imaginando o que exatamente Yibo queria conversar com ele se ainda o odiava. Será que ele iria jogar a sua felicidade amorosa na cara de Xiao Zhan?

Novamente o seu sonho com Yibo pipocou em sua mente. Ele o odiava, mas o chamara de Zhan-Ge. O odiava, mas ficara com ele no hospital até que Xiao Zhan acordasse. Yibo estava lhe mandando sinais. Cabia a Xiao Zhan saber interpretá-los.

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