Capítulo 24

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Era quase meio-dia do dia seguinte quando Xiao Zhan recebeu o telefonema de Yibo

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Era quase meio-dia do dia seguinte quando Xiao Zhan recebeu o telefonema de Yibo. A princípio, ficou receoso em atender, mas a preocupação em saber do estado dele era maior do que tudo.

- Didi? Como você está? – foi logo perguntando.

- Melhor. Um pouco zonzo ainda. Mas já saí do hospital. Sinto dizer que fiquei com alguns hematomas. Talvez eles atrapalhem a sessão de fotos... – Yibo respondeu parecendo sonolento.

- Até parece que eu estou preocupado com isso e não com você. Eu quase morri quando o vi cair e sair do circuito desacordado. Eu queria estar aí com você, mas... – Xiao Zhan parou abruptamente ao lembrar-se da ligação de Li Ah-Kum. Não queria soar ciumento, mesmo que o ciúme o corroesse por dentro.

- Você pensou em vir? – Yibo perguntou como se estivesse medo da resposta.

- É claro que sim. Eu já estava no aeroporto quando Li Ah-Kum me ligou. – Xiao Zhan confessou frustrado. – Ela não te falou? Pensei que você tivesse pedido que ela me avisasse pra não ir porque as coisas estavam... caóticas.

Xiao Zhan tinha plena consciência de que soara amargo. Porém, cada vez que se lembrava da ligação sentia que estava bebendo vinagre.

- Eu pedi mesmo que ela te avisasse que eu estava acordado e bem, mas não que te dissesse pra não vir. Realmente, a entrada do hospital estava cheia de repórteres. Mas... – Yibo pareceu confuso. – Na verdade, eu...

- Você...

- Eu queria que você viesse. – Yibo confessou suavemente. – Zhan-Ge, eu realmente queria você aqui.

- Ela me disse que você não queria que eu fosse. – Xiao Zhan enfatizou o fato. Seu corpo fervilhava de raiva.

- Não. Pelo menos eu não me lembro de ter dito algo assim. Será que eu disse? – Yibo ficou em silêncio por um momento, depois suspirou. – Talvez eu tenha dito. Seria mesmo arriscado que você viesse.

Era bem possível, devido aos acontecimentos, que Yibo tivesse mesmo dito algo e se esquecido. Mas parecia bastante improvável que ele fosse pedir para Xiao Zhan não ir vê-lo, sendo que o guri estava sempre ansiando por provas de amor e mimos da parte de Xiao Zhan. Yibo nunca se importara com a opinião de quem quer que fosse. Sempre fora bastante verdadeiro quanto aos seus sentimentos. Xiao Zhan era normalmente o mais prudente, e porque não dizer, o mais covarde também. Levando tudo aquilo em consideração, estaria ele mesmo preocupado com a reação da imprensa caso fosse de conhecimento público que Xiao Zhan o visitara no hospital?

Por outro lado, havia a questão de Aiguo Bai. Esse sim era perigoso. Talvez Yibo estivesse apenas querendo poupar a ambos da dor de cabeça e de uma possível retaliação.

Mesmo assim, Xiao Zhan não conseguia parar de suspeitar de Li Ah-Kum. Ele não a conhecia. Não sabia que tipo de pessoa era. E se na verdade a história do noivado fosse verdadeira para ela? E se ela estivesse tentando dar um golpe em Yibo?

- Vocês se tratam pelo primeiro nome? – perguntou tentando soar casual.

- Li Ah-Kum e eu? Não.

- Mas ela o trata pelo primeiro nome.

Houve um período de silêncio do outro lado da linha. Xiao Zhan mexeu as pernas nervosamente.

- Tem certeza de que pra ela esse noivado de vocês é só de mentira? – Xiao Zhan insistiu.

- Tenho. Confie em mim. – Yibo soou levemente irritado. – Se ela disse algo estranho ontem, é por culpa da situação.

- Yibo...

- Zhan-Ge, acha que estou mentindo?

- Não! Eu tenho total confiança em você. Mas eu não a conheço. Se alguém tivesse te impedido de me ver...

- Ela impediu você de me ver? Ou apenas te pediu pra não vir? E por que a obedeceu? Por que simplesmente não ligou o foda-se e veio mesmo assim?

O tom de cobrança acertou Xiao Zhan em cheio e o pegou desprevenido. Pensando por aquele lado, o rapaz mais novo não tinha razão? Por que Xiao Zhan obedecera sem questionar? De repente, o pedido de Li Ah-Kum agora soava como um teste que ele havia falhado.

- Se alguém tivesse me impedido de te ver, o que você acha que eu teria feito? – Yibo perguntou.

O coração de Xiao Zhan doeu porque ambos sabiam a resposta. Nada nem ninguém teriam impedido Yibo de vê-lo. Assim como no passado, nada impedira Yibo de viajar quilômetros para passar o aniversário com Xiao Zhan, ou para enfrentá-lo na casa de seus pais quando o mais velho o deixou três anos antes.

- BoBo, me desculpe. Eu preciso trabalhar melhor a minha insegurança, mas principalmente a minha coragem.

Yibo suspirou.

- Eu sei o quanto é difícil pra você. Não queria soar como se estivesse cobrando algo. Me desculpe também.

- Não deve pedir desculpas. Nunca me peça desculpas. Aliás, entre eu e você, não precisamos de obrigado e nem de desculpas.

Aquela era uma frase entre Wei Wuxian e Lan Zhan, não entre Xiao Zhan e Wang Yibo, e só agora Xiao Zhan realmente a entendia.

- Preciso ser mais como Wei Ying. – disse Xiao Zhan.

- Você é tão cabeça-dura e difícil quanto ele era. Um verdadeiro idiota. – Yibo declarou.

Xiao Zhan fez uma careta.

- Mas Zhan-Ge, eu te amo mesmo assim.

- Eu também te amo, Didi. Muito. Demais. Tanto que chega a doer.

De fato, a saudade que Xiao Zhan estava de Yibo era tão grande que quando ele percebeu, estava indo em direção ao quarto e fazendo as malas.

- Zhan-Ge...

- Didi, você não precisa ter medo de me cobrar que seja mais proativo. Na verdade, me cobre. Não quero mais viver com medo. Nem quero mais ficar longe de você.

Silêncio. Xiao Zhan ficou imaginando se Yibo estava surpreso, cauteloso ou simplesmente curioso. O que o mais novo disse a seguir foi todo o incentivo que Xiao Zhan precisava:

- Gege, se está falando sério, então venha ficar comigo. Me avise quando chegar em Beijing e mandarei Ki-Zheng te buscar. Eu te quero. Preciso de você.

Xiao Zhan abriu um largo sorriso.

- Não precisa pedir duas vezes, Baobao. Já estou fazendo as malas nesse exato momento.

- Vai mesmo vir? – A excitação de Yibo era palpável.

- Vou. Dane-se tudo.

- Mas você realmente pode vir? Quer dizer, e o trabalho?

- Sou dono da minha empresa. E quer saber? Dane-se o trabalho. Você é mais importante.

Quando o silêncio no telefone se estendeu por muito tempo, Xiao Zhan preocupou-se.

- Yibo? Tudo bem?

- Bem? Mais do que bem. Ótimo. Maravilhoso. Quem é você mesmo?

Xiao Zhan fez uma careta.

- Muito engraçado.

Yibo riu, e sua risada aqueceu e acalmou o coração de Xiao Zhan. Por enquanto, deixaria Li Ah-Kum de lado para focar na recuperação do seu guri.

- Gege, venha logo. Te espero. Te quero.

- Estou indo, meu amor.

Xiao Zhan nem fazia ideia do quão emocionado deixara Yibo com aquelas palavras. Do outro lado da linha, o rapaz de olhos amendoados não conseguia conter o sorriso aberto, nem as mãos trêmulas. Seu Gege estava mesmo se abrindo pra ele.

Finalmente.

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