Capítulo I - A chegada

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Tudo à minha volta andava à roda e uma névoa tomou conta da minha visão, será que estaria cega, tentava concentrar-me nas palavras que tinha ouvido anteriormente... Birmingham? Como é que fui parar a Birmingham ?  Tentei desviar esse pensamento com a desculpa de que certamente era uma grande partida do Félix e do Dylan, desde o início da nossa amizade que ambos tinham uma grande paixão pela desgraça dos outros.

Desviei os pensamentos, doí-me o corpo todo, parecia um vaso que tinha caído sem querer e que estava todo partido no chão. Ninguém quer um vaso partido.

- Movam-se para o lado! O que se passou ? - ouvi uma mulher aos gritos os seus passos iam aumentando até que pude senti-los perto de mim - Quem é esta jovem ? Levem-na já para Watery Lane, eu vou pedir aos rapazes para chamarem um médico!

Pouco me lembro do resto do meu caminho, caí num sono profundo e só vi a escuridão, escuridão essa que mais tarde veio acompanhada por um sonho que era nada mais nem nada menos do que os acontecimentos da noite anterior. No fundo tinha esperanças de quando o sonho acabasse de acordar e estar na cama do hospital rodeada pela Marie, Félix e Dylan, mas rapidamente essa esperança transformou-se numa grande desilusão...

- Calma querida, devagar, não tentes sair da cama! - olhei para a rapariga à minha frente, tinha os cabelos castanhos e aparentava ter a minha idade - Que rude não me apresentar, olá o meu nome é Ada e não te preocupes sou uma enfermeira completamente treinada para estas situações.

Ouvi um riso do lado da porta, o quarto era pequenino, muito provavelmente de hóspedes, tinha pouca mobília, mas a que havia era de uma madeira envernizada castanha escura e fazia lembrar a casa da minha avó.

- Ada não tentes enganar a nossa hóspede, todos nós sabemos que foste expulsa logo na primeira aula de enfermagem.

- Ah ah ah, que piada Arthur, vai me buscar um jarro com água e avisa a Polly que a ... - era a primeira vez que tive oportunidade para dirigir uma palavra, mas na minha cabeça só ecoava um único pensamento " quem sou eu ?" , "onde estou ?", "o que estou aqui a fazer ?"

- Penélope

- Diz à Polly que a Penélope já acordou ela pediu-me para avisá-la assim que a nossa misteriosa hóspede acordasse. Chop chop!

O homem do bigode riu-se e fechou a porta indo na direção de umas escadas. O quarto mergulhou num silêncio de três minutos, conseguia ver a inquietação da Ada, as suas pernas tremiam ligeiramente e a boca abria e fechava-se como a de um peixe. Por fim, na terceira ou quarta tentativa de formular uma pergunta, as palavras saíram da boca dela.

- Diz-me Penélope lembras-te de alguma coisa da noite passada ? Alguém atacou-te ? Ou fugiste de alguém ? Se existe alguma maneira de eu ou os Peaky Blinders te ajudarem diz-me.

A minha cabeça mergulhou numa nuvem de pensamentos, noite passada... Peaky Blinders ? Atacada ? Fugir ?

Nada na minha cabeça fez sentido depois daquela pergunta, tentei concentrar-me unicamente na noite passada e tentar relembrar do acontecimento...

Noite... Passada... Festa... Tempestade... Marie... Félix... Dylan...

Aos poucos pequenas imagens iam-se conectando como num jogo do ABC e o filme estava a ser projectado dentro de uma pequena sala de cinema dentro da minha cabeça.

Na noite passada estava eu na minha festa de final de curso quando uma tempestade tomou conta do Atrium e eu acordei rodeada de pessoas estranhas e agora estava numa casa totalmente desconhecida, com pessoas totalmente estranhas, vestidas como se fossem atores de uma peça de teatro de 1920.

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⏰ Última atualização: Sep 09, 2020 ⏰

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