P.O.V Amelie // 1920
A reunião havia sido tranquila, discutimos quando seria nosso próximo protesto pacifico e como iriamos agir. Nosso último protesto havia sido um fracasso. Algumas das esposas dos membros do partido oposicionista se misturaram conosco e vandalizaram lojas e as ruas, quase nos levaram até a delegacia de polícia por causa disso, mas fugimos a tempo, pelo menos algumas de nós. Eu e Lizzie tínhamos trabalhado duro para que tudo fosse impecável e ver nosso esforço sendo desmerecido daquela forma, ainda mais por mulheres, nosso próprio gênero, era deverás um desanimo a mais que estamos enfrentando.
A pouca iluminação naquela parte do caminho sempre me assustou e saber que de certa forma eu estaria sozinha em casa por pelo menos mais uma semana e meia, me amedrontava ainda mais. Mas bem, era por esse motivo que eu e meu partido lutávamos, para que moças sozinhas não se sentissem desprotegidas. Os conservadores dizem que se quisermos proteção, bastava que nos casássemos que nossos maridos iriam dispor dessa função. Somente essa menção de lembrança em minha mente foi o suficiente para me fazer revirar os olhos de forma insolente, discrição que mamãe fazia toda vez que me via ter esses modos.
Passos suaves ecoaram atrás de mim logo após que passei por um beco e depois de mais alguns metros de caminhada já estava óbvio que eu estava sendo seguida. Respirei fundo e segurei com mais força a bolsinha de tricô que estava em minha mão, infelizmente ela era leve demais para causar qualquer tipo de dor a pessoa que me seguia tão descaradamente. Faltavam apenas duas quadras para que eu chegasse em casa, minha mente me mandava correr, mas meus pés por outro lado tiveram uma ideia diferente do que se fazer.
— Posso saber o por quê do Senhor estar me seguindo? — virei-me para encarar o perseguidor e tive um pequeno sobressalto ao ver um jovem de no máximo vinte e poucos anos, com um maxilar travado e olhos surpresos enquanto me observava de cima a baixo, ele estava bem vestido e segurava uma maleta grande, dei um passo para trás no mesmo instante que ele deu um a frente, querendo se aproximar — Vou-lhe dar uma chance de se explicar antes que eu comece a correr e gritar se der mais um passo em minha direção!
— D-Dolores... V-você... Como é possível... — o rapaz parecia um pouco perdido nos próprios pensamentos, até mesmo atordoado, aquela seria minha deixa para correr já que provavelmente não haveria explicações —
Não pensei duas vezes antes de dar as costas a ele e correr, porém não fui longe, em menos de cinco metros acabei tombando com algo, ou melhor, alguém, ou melhor ainda, com o mesmo rapaz que instantes atrás estava parado razoavelmente longe me mim. Agora quem se encontrava atordoada era eu. Como que em nome de Deus ele tinha corrido mais rápido que eu e parado na minha frente, sem ou menos que eu percebesse. O impacto levou nós dois ao chão sujo da calçada, os cachos presos atrás da minha cabeça se soltaram e caíram sobre meu rosto me impedindo de ver muito coisa além de fios castanhos.
— Você não ira a lugar nenhum, Dolores! — suas mãos me seguraram firmemente e aquela foi a última coisa que ele disse antes que uma sensação de desconforto tomasse meu corpo me fazendo ficar com os joelhos moles e o estomago totalmente revirado, fechei os olhos com força e levei uma das mãos a boca, eu sentia que poderia colocar tudo pra fora naquele exato momento — Por Deus garota, não vomite nos meus sapatos! E saia de cima de mim!
Ele se levantou e me pôs de pé também, permanecer assim que foi um problema, tateei as cegas pela parede da loja para poder me apoiar, mas tudo o que achei foi uma estante de ferro daquelas onde se guardam quinquilharias na garagem. Abri os olhos assustada, aquilo não estava ali antes, olhei em volta e já não estávamos mais na rua e sim em um local que parecia um deposito. Eu desmaiei e o perseguidor me levou até lá, aquela era a única resposta plausível. Por mais que eu me lembrasse de em um segundo estar naquela rua escura em cima de um rapaz estranho e depois de abrir os olhos estar aqui e ainda em cima do rapaz estranho. Meu estomago se acalmou e eu procurei pelo jovem, ele estava de costas a certa distancia de mim, eu poderia tentar correr novamente e bem, pela primeira vez em tempos, meu cérebro e meu corpo concordaram um com o outro. Me afastei lentamente, caminhando de costas, tentando fazer o mínimo de barulho possível, estava certa que desta vez eu iria conseguir, mas bem, eu não consegui. Em um instante o rapaz estava diante dos meus olhos e no outro atrás de mim me amarrando.
— C-como você fez i-isso? C-como e-estava lá e agora está a-aqui? — minha voz falhava, tamanho nervosismo que eu me encontrava, aquele garoto não era uma pessoa normal, e meu Deus, ele tinha acabado de me sequestrar — Ai! — reclamei quando fui posta sentada em uma cadeira velha e amarrada a ela — Me solte! Eu exijo que me solte! Isso é um ultraje! Se não me soltar agora vou começar a gritar até que o faça!
— Pode gritar a vontade, ninguém vai ouvi-lá querida. — seu tom de voz era calmo quando dirigiu a palavra a mim e se encostou em uma mesa que estava na frente de onde eu me encontrava amarrada —
— Não sou sua querida! — praticamente cuspi essas palavras para ele, eu sentia meu rosto quente, por mais que o resto do meu corpo tremesse de frio ou medo — Onde estamos? Por que me sequestrou? Quem é você? Eu exijo que me diga.
— Lamento informar, mas você não está na posição de exigir muita coisa nesse momento. E eu faço as perguntas aqui querida. — sinto que meu rosto esquentar mais ainda e abro a boca para proferir alguns bons xingamentos a aquele rapaz, mas antes que eu possa começar ele volta a falar — Certo vamos começar. — puxa uma cadeira e se senta em minha frente — O que você anda fazendo que pode alterar a linha do tempo?
— A linha do tempo? — minhas sobrancelhas se unem — Não faço ideia do que você está falando seu maluco!
— Srta. Wilson, geralmente eu não interrogo pessoas, eu só as mato, mas bem, no seu caso eu tenho meus motivos para interroga-lá primeiro. — seus olhos se fixam em mim de forma intensa, e depois de analisar todo meu rosto, aqueles olhos que eu ainda não havia descoberto se eram azuis, verdes, cinza ou uma mistura de todas essas cores, são mirados para o lado por um segundo e depois voltam para mim no meu instante que ele volta a falar — Sugiro que comece a pensar bem nas minhas perguntas antes de responde-lás.
Ele mata pessoas. Ele vai me matar. Eu não quero morrer agora. Meus cérebro estava em alerta vermelho. Aquilo não podia estar acontecendo. Ele deve ter me confundido, na rua até me chamou por outro nome. Dolores, foi esse o nome que usou. Eu não conheço nenhuma Dolores, mas ele parece conhecer, acho que ela que deveria estar aqui, não eu.
— Tudo bem, isso só pode ser um equivoco. Eu não te conheço, não sei nada sobre a linha do tempo e meu nome não é Dolores. Meu nome é Amelie Bridgette Wilson, tenho 18 anos, sou filha de Margareth e John Wilson. Minha mãe costura roupas para lojas e meu pai é um fabricante de manequins que fez a questão de estampar meu rosto em todas as suas peças. Faço parte de um partido de mulheres que lutam pelo seu direito ao voto nesse estado e as vezes ando de calças por ai só para irritar meus vizinhos. Sou uma garota normal. Por favor não me mate.
— Eu sei quem é você, e não pretendo matá-la.ㅤ
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤoii babys, como estão?? eu espero que bem💖🥺
primeiro capítulo do ponto de vista da nossa (pelo menos minha) queridinha Amelie, ela não é um amor?
momento de esclarecer algumas coisas para não ficar confuso: o pai da Amy é fabricante de manequins e em homenagem a filha começou a fazer moldes com os traços dela e de alguma forma que vcs ainda vão ler durante a fic, o Five achou uma dessas manequins no apocalipse (a Dolores) e se apaixonou por ela e sim, esses sentimentos pela Dolores mudaram assim que ele viu a Amy, mas isso vai ficar mais claro no próximo capítulo.
— XOXO <3
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just plastic // five hargreeves (PAUSADA)
FanfictionOnde Five é resgatado pela Comissão poucos anos após sua chegada ao mundo pós apocalíptico e para testar sua lealdade Handler o envia para uma missão que talvez ele não consiga cumprir. Em 1920, Amelie Wilson, uma ativista dos direitos de voto da mu...