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NAQUELE DIA INFELIZ, cheguei no trampo atrasada demais da conta, tudo por culpa de ter perdido o horário do ônibus e dormido demais

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NAQUELE DIA INFELIZ, cheguei no trampo atrasada demais da conta, tudo por culpa de ter perdido o horário do ônibus e dormido demais. O lado bom foi que a minha cara de zumbi sonolento estava melhor que a do dia anterior. Mesmo assim, apareci na fachada da empresa desarrumada e suando feito bolinho de arroz cozido.

Ainda sem fôlego pela corrida esbaforida, mal consegui reagir quando observei Jeon Jungkook chegar e estacionar sua moto num canto ao lado. Depois tirou o capacete e arrumou a jaqueta escura que tinha no corpo, antes de se aproximar de onde eu estava com um grande pacote coberto de papel marrom nas mãos — pelo contorno do material, era como uma peça de roupa empacotada.

Mas minha cabeça estava avoada demais para prestar total atenção no objeto que ele levava, ou me preocupar em qual seria a nova traquinagem astuta que ele possivelmente estaria aprontando. Porque, naquele momento, eu só pensava em arrancar explicações do senhor-inconsequente, rei da bebedeira, aquele que saiu distribuindo mensagens confusas para as pessoas em plenas 00h da madruga.

Entretanto, minha vista que era preenchida de enfurecimento e confusão, ao observar das lonjuras o semblante despreocupado de Jungkook — além dele possuir aquele ar irritantemente charmoso e indiferente que, mais tarde, descobri detestar mortalmente —, foi tomada pela imagem fofa e desinformada de Jisoo, que invadiu meu caminho do nada.

— Senti sua falta ontem, no almoço — ela pontuou, encaixando sua mão no vácuo entre minha cintura e meu antebraço, em seguida, entrelaçando-o com o dela.

Jisoo provavelmente tagarelou sobre um monte de outras coisas que eu não consegui sequer assimilar, porque meus olhos procuraram desesperadamente pela figura alta de Jungkook, mas não o encontraram a tempo de detê-lo. Ele simplesmente passou por nós e entrou no alto prédio sem nenhuma consideração, andou rápido demais como um carro de corrida, era como se estivesse fugindo de mim.

Sério que ele acabou de me ignorar? Esse pirralho é tão irritante!

Meus sentidos ferviam de ódio a cada espasmo nervoso expressado por meus neurônios, ou a cada respiração que oxigenava minhas células mais minúsculas. Enfurecida em plena manhã. Contudo, quando meus olhos mudaram de direção, revelaram-me que Jisoo estava me encarando ansiosa e atenta, como se esperasse por uma resposta de meus lábios.

— Você não concorda comigo, Jiji? — minha amiga ressaltou, provavelmente referente ao assunto que ela conversou, conversou, mas não entendi nem uma sílaba.

— Claro que sim. Você tem toda razão, Chu! — Concordei e estreitei os olhos até ter certeza de que existiam várias ruguinhas ao seu redor, pedindo encarecidamente para Deus ter piedade de meu ser e fazer o seu melhor milagre para que minha amiga não percebesse minha falta de vergonha na cara por fingir entendimento.

— Foi por isso que eu dei um pé na bunda dele, bem feito! — Jisoo me puxava pelos corredores, satisfeita com minha resposta desleixada, enquanto conversava sorridente. Soltei um suspiro aliviado e agradeci ao meu Papai do Céu, por ter me livrado dessa enrascada. Ainda assim, ao meu lado Jisoo exalava uma aura indiferente ao meu caos, como se desvanecesse um resplendor de beleza que era difícil não notar, por isso, quando entramos no elevador todos os olhares masculinos estavam presos nela, num passe de mágica. — Fala sério, não é como se ele fosse Kim Seokjin...

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