Capitulo 1

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Eclipse
 


Batucava meus dedos na perna em um tique nervoso enquanto olhava pela janela da velha picape do meu pai. Soltei uma lufada de ar e tombei a cabeça para trás, eu queria sair correndo.
— Pare de resmungar Sasuke. — Fugaku reclamou pela milésima vez.
Preferi ficar calado para não perder a paciência, já bastava aquela música irritante que tocava no rádio.
Lana del rey era deprimente.
— Não é tão ruim assim. — Ele murmurou me olhando de lado.
— Pra você. — Retruquei cruzando os braços.
— É apenas um ano e sua mãe esta com saudades.
— Não venha bancar o bom samaritano, acha que não sei que só quer se livrar de mim? — Me exaltei o olhando e ele respirar fundo.
— Tudo bem, você acertou. Mas é pecado um pai querer descanso do filho rebelde e inconsequente?
Trinquei os dentes e tombei a cabeça para trás.
— Foda-se.
— Já falei para parar de xingar.
— Foda-se outra vez.
— Você é caso perdido.
— Hn.
Coloquei os fones de ouvido e fechei os olhos, torcia para que um meteoro caísse no meio da estrada. Eu não queria voltar a Konoha, odiava aquele lugar. 
Konoha ou vila da folha era uma pequena cidade abitada no norte do japão, chove o ano todo e não dá trégua nem ao menos no verão, era nessa cidadezinha pacata que minha mãe morava desde que se separou do meu pai.
Tudo era tão ridículo e sem graça naquele lugar.
— Sasuke acorde. 
— Que é? — Tirei meus fones passando a mão no rosto.
— Chegamos.
— Maldição. — Resmunguei olhando para a floresta a nossa volta.
Esse lugar têm mais mato do que casas, deveria ser proibido a existência de pessoas aqui.
Seria bem legal se uma manada de lobos saísse da floresta e comesse todo mundo, assim eu nunca mais precisaria colocar os pés nesse lugar.
— Você vai sobreviver. — Meu pai continuou a falar e eu o ignorei.
Logo as casinhas ridiculamente pequenas começaram a aparecer, as pessoas andavam nas ruas com casacos e guarda chuvas coloridos.
— Boa sorte. — Fugaku parou o carro em frente a uma casa azul e me deu leves tapinhas no ombro.
Peguei minha mochila no banco traseiro e lhe mandei um olhar irritado antes de sair do carro e bater a porta com força.
— Não dê trabalho para sua mãe. — Ele gritou buzinando e acelerou indo embora.
Soltei um suspiro olhando para a caixa de correio caída.
Eu deveria estar em Tóquio agora, curtindo com meus amigos ou pegando alguma garota. Mas olha só onde eu vim parar.
No fim do mundo.
Tomei coragem e segui pelo caminho de pedras em direção a casa, subi os pequenos degraus de madeira fazendo um barulho irritante. Parei em frente a porta e quando ergui o punho para bater a mesma é aberta antes.
Analisei a figura feminina a minha frente e antes que eu pudesse fazer algo ela pula em meu colo.
— Sasuke que saudades. — Gritou em meu ouvido.
Havia me esquecido de quanto ela era barulhenta.
— Mãe, esta me apertando. — Sorri forçado a empurrando.
— Filho como esta grande e bonito, olha só esses músculos. — Exclamou passando a mão por todo o meu corpo.
— Acho que cresci.
— Nem parece que tem quinze anos.
— Na verdade eu tenho dezoito.
Esquecer a idade do próprio filho era bem a cara de Mikoto.
— Hum é mesmo? mas isso não importa, venha eu fiz sopa de tomates a sua preferida. — Ela sorriu me puxando para dentro da casa.
Pelo menos ela lembra o que eu gosto de comer.
Ela seguiu falando pela casa sumindo em algum cômodo e eu parei no centro da sala analisando tudo, minha mãe tinha um gosto para decorações um tanto exótico.
Tinha dois sofás de couro de algum animal, onde dois gatos dormiam em cima. Havia um tapete no centro de pele de urso, uma estante repleta de livros e vidrinhos com líquidos coloridos.
E o teto era cheio de apanha sonhos e lamparinas coloridas.
— Pode guardar suas coisas no seu quarto filho. — Mikoto gritou de algum canto da casa.
Olhei para as pequenas escadas e subi para o andar de cima, ao chegar no pequeno corredor encontrei três portas. Segui para a segunda me lembrando que era ali o meu quarto.
Fazia oito anos que eu não vinha em Konoha.
Abri a porta marrom e me deparei com um quarto azul, havia uma cama de solteiro no centro, uma prateleira repleta de carrinhos e brinquedos e um guarda roupa vermelho, estava do jeito que eu tinha deixado.
Infantil demais.
Joguei minha mochila na cama e olhei para a janela que batia por conta do vento.
— Está do jeito que você deixou. — Ouvi a voz de Mikoto e me virei a encontrando parada na porta.
A analisei por inteiro, ela vestia um vestido negro rodado, os cabelos eram lisos e batiam na bunda. A velhice era algo que não chegava nem aos pés de Mikoto Uchiha.
— Percebi.
— Vá tomar um banho e depois desça para comer.
— Hn.
Ela saiu do quarto encostando a porta e eu segui para o banheiro.
Depois de tomar um banho quente vesti uma roupa qualquer e desci para o andar de baixo, parei no batente da porta da cozinha encontrando minha mãe sentada em  uma mesa redonda com um olhar perdido.
— Pode se servir. — Ela disse assim que notou minha presença.
— Hn. — Murmurei entrando na cozinha.
Me servi e me sentei a sua frente.
— Amanhã você já pode ir para escola. — Ela quebrou o silêncio me fazendo soltar um suspiro.
Escola, que legal.
— Hn.
— Não me parece animado.
— E não estou. — Disse seco.
Ela ficou em silêncio apenas me encarando.
— Seu pai me disse que estava tendo problemas com você. — Ela disse calma e eu larguei a colher.
Lá vem bronca, era só o que faltava.
— Vai encher meu saco também? — Cruzeis as mãos em frente ao rosto.
— Não Sasuke, eu entendo que todo adolescente tem sua fase de rebeldia. — Ela cruzou os braços sorrindo divertida.
Ergui uma sobrancelha me sentando mais relaxado na cadeira.
— Eu só saio pra me divertir com meus amigos.
— Ele disse que esses amigos eram más companhias e que você até fez uma tatuagem.
— O que têm demais ter uma tatuagem? — Fiz a mesma pergunta que fiz ao meu pai quando ele descobriu.
Qual o problema em ter uma tatuagem?
— Eu acho super legal, seu pai que é careta. — Ela gargalhou.
— Jura?
— Claro.
Minha mãe era tão imprevisível que não me surpreenderia se ela também tivesse uma tatuagem.
Balancei a cabeça segurando um sorriso, minha mãe era louca.
Ficamos em silêncio e eu voltei a comer sendo avaliado por um olhar divertido dela.
— Pode ir se deitar, amanhã você acordará cedo. — Ela tomou meu prato assim que fiz questão de me levantar.
— Hn.
— Boa noite filho. — Ela me deu um beijo na bochecha e se afastou.
Fiquei a olhando se distancia e passei as mãos nos cabelos.
— Boa noite. — Sussurrei me virando para a saída da cozinha.
Subi para meu quarto ouvindo sons de trovões e fechei a janela que batia cada vez mais forte.
Uma tempestade estava por vir, ignorei e me joguei em minha cama logo adormecendo.

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