Eclipse

Capitulo 8

Eclipse

Seus olhos continuaram a me fitar espantados e incrédulos, sua boca se abria repentinas vezes mas nenhum som saia. Eu fui pego totalmente de surpreso e o que estava sentindo naquele momento não era nada legal.
— Filho eu...você não deveria estar na escola? — perguntou em um fio de voz.
Esfreguei a mão no rosto soltando um suspiro tentando manter minha sanidade, tentando convencer a mim mesmo de que eu sou normal. Bati a porta atrás de mim e tomei coragem para entrar totalmente em casa.
— Sasuke? — sua voz saiu cautelosa e me seguiu com o olhar até eu me jogar no sofá.
Cruzei as mãos apoiando meu queixo fitando a parede colorida a minha frente. Minha cabeça doía e tudo girava. Foi ai que eu percebi que estava farto, cansado de tudo que me rondava. De todos os mistérios e loucuras, a minha própria mãe me enganou a vida inteira.
— Acabou? — perguntei soltando um suspiro cansado.
— Como? — murmurou confusa dando alguns passos em minha direção.
Balancei a cabeça soltando um sorriso irônico e sem vida.
— As surpresas, vamos, acaba logo com isso e joga tudo na minha cara, porque eu não vou mais me surpreender com mais nada.
— Filho o que você...
— Qual é a de vocês? vai me dizer que centauros também existem? a fada do dente, lobisomens, vampiros, os animais falam também?
— Sasuke.
— Melhor ainda, vai me dizer que não é minha mãe e que bruxas não podem ter filhos e eu sou adotado. — sorri abrindo os braços em deboche.
Seus olhos negros se estreitaram e ela me olhou surpresa.
— Sasuke pare.
— Não paro, eu cansei ta legal? isso tudo é uma loucura sem cabimento, maldito dia em que vim parar nessa droga de cidade. — me exaltei pulando daquele sofá seguindo para a cozinha irritado.
Cansado de toda essa confusão, de todas essas coisas sem cabimento.

             — Filho me escuta, o que ouve com você? — ela me seguiu apressada.
— Estou farto. — rosnei abrindo a geladeira virando uma garrafa de água na boca.
Arfei jogando a garrafa da pia olhando para qualquer lugar menos para ela.
— Você sabe? mas como?...me deixa explicar.
— Eu não quero ouvir merda nenhuma. — passei por ela correndo para o andar de cima.
Nunca me senti tão irritado em minha vida.
— Sasuke Uchiha. — Mikoto gritou e eu não precisava parar para ver que ela estava zangada.
— Me deixa.
— Eu sou sua mãe e você vai me ouvir.
— Que se foda, eu não quero saber. — grunhi entrando em meu quarto batendo a porta.
Inferno de lugar, inferno de vida.
— Olha a boca menino mal criado. — ela brigou abrindo a porta de supetão invadindo meu quarto.
Respirei fundo me virando para ela encontrando sus olhos irritados me fitando seriamente.
— Agora vem me falar de educação? se esta incomodada por que não me deu educação mamãe? ah lembrei, você me deixou e sumiu pra essa maldita cidade, e ainda por cima escondeu a vida inteira que é uma bruxa. — minha voz saiu cheia de raiva e escárnio.
Seu olhar que estava sério se transformou em decepção. Mikoto soltou um suspiro e se aproximou parando a minha frente. A olhei de cima com os punhos cerrados e a respiração descompassada.
— Eu cometi um erro Sasuke, um erro muito grande, e esse erro me fez a mulher mais feliz do mundo, me trouxe a criaturinha mais linda e marrenta que existe. E logo esse erro se tornou a razão do meu viver, se tornou os meus momentos de alegria, erro que eu não pensaria duas vezes em comete-lo de novo. — sussurrou me dando um sorriso triste com os olhos cheios de água.
Apertei os punho com mais força sentindo o clima tenso a minha volta. Mikoto não chorava, ela sempre estava sorrindo seja qual for a situação.
— Hn.
Ela abaixou a cabeça limpando uma lágrima fujona e eu me senti mal.
— Eu não sei como você sabe da existência das bruxas, mas você acertou, eu sou uma bruxa. Eu sei que pode parecer loucura mas é algo muito mais complexo, nós bruxas existimos desdes os primórdios, não é algo assombroso como as histórias que os humanos costumam inventar. Pense em nós como qualquer humano normal, apenas com poderes misticos, poderes que usamos para ajudar a humanidade. Bom, algumas de nós. — disse baixo com a voz calma.
A imagem de Sakura veio a minha mente assim como suas palavras, desviei o olhar para a janela vendo as folhas das árvores balançarem.
— Você é uma bruxa da paz.
— Como sabe de tudo isso? seu pai lhe contou?
Até ele sabia? parece que eu fui engando a minha vida inteira.
— Isso não vem ao caso agora. — murmurei e ela ficou em silêncio me observando.
Depois de alguns segundos ela soltou um suspiro e começou a andar pelo quarto, fiquei parado a observando até que a mesma se sentou em minha cama.
— Sim eu sou uma bruxa da paz. A verdade é que bruxos não podem se envolver com humanos, e eu cometi esse pecado. Quando me tornei madura o suficiente para sair do meu mundo e vir para a terra, eu acabei deixando um sentimento mais forte dominar meu coração, o amor. Ao conhecer seu pai eu fiquei encantada, completamente apaixonada por aquele homem gentil mas ao mesmo tempo marrento que me salvou de um atropelamento. Eu tentei lutar contra aquele sentimento intenso mas não consegui, era mais forte do que eu. Acabei me entregando aquele amor intenso e foi muito além do que eu imaginava, eu engravidei de você. — Mikoto disse olhando para a janela com um sorriso no rosto.
— E depois? por que me deixou? — a curiosidade falou mais alto e eu me aproximei interessado naquele história.
Foi inevitável não pensar em Sakura e na nossa maldita situação. Seria uma história igual a dos meus pais? o que eu sentia por ela era amor? era loucura amar alguém que mal conheço em tão pouco tempo, mas aconteceu. Era extraordinário o que eu sentia por aquela garota. Agora estou sofrendo por isso.
— Sabe Sasuke, existe coisas que é sempre melhor nunca sabermos. — murmurou me dando um sorriso triste.
— Eu quero saber.
— Acho que já te contei o bastante.
Soltei uma lufada de ar e um pensamento maluco veio a minha mente fazendo-me olha-la
— Se você é uma bruxa, então eu posso... — comecei a falar me embolando nas palavras mas não consegui terminar.
Aquela ideia era bem estranha, eu poderia ser um bruxo? que maluquice.
— Bom o caso é que isso nunca aconteceu antes, no inicio eu achei que você poderia ser um mestiço mesmo nunca ter existido um. Mas até hoje você não demonstrou ter nenhum poder e já tem 18 anos, então acho que não. Você é humano igual seu pai. — ela explicou me analisando.
— Hn.
Não sei se me sinto aliviado ou me decepciono. Por um momento tive esperanças de poder ficar com Sakura. Eu aceitaria qualquer coisa para tê-la para mim, até mesmo ser um ser de outro mundo.
— O que se passa nessa cabeça confusa? — Mikoto me tirou de meus devaneios.
Balancei a cabeça e me sentei ao seu lado.
— Eu conheci uma garota. — murmurei olhando para o nada.
— Oh, que legal filho. — ela abriu um lindo sorriso.
— Não, não é nada legal. É uma merda na verdade. — resmunguei bufando.
— Por que esta dizendo isso?
— Você deve conhece-la. Seu nome é Sakura Haruno e ela acabou com minha vida. — murmurei e seu sorriso morreu.
— Sakura. Oh meu filho. Eu não...só pode estar brincando. — ela se levantou exaltada soltando um suspiro cansado.
— Queria que fosse brincadeira e que esse tormento acabasse.
— Não me diga que esta apaixonado por ela? — perguntou ansiosa e cautelosa.
Estou condenando.
— É mais forte que isso.
— Céus Sasuke, a Sakura ela...a situação ainda é pior do que aconteceu comigo. Sakura não é uma bruxa qualquer. Ela é especial. — ela disse penosa cobrindo a boca com as mãos.
— Eu sei. — soltei um suspiro cansado.
Droga de vida.
— Então é por isso que você sabe de tantas coisas, ela te contou?
— Sim.
— Qual o nível de relacionamento de vocês?
— Não têm nível, não têm merda nenhuma.
Baguncei os cabelos frustrado.

           Mikoto me encarava com uma expressão triste e dolorosa, quando pensei em me levantar ela pulou em cima de mim me abraçando. Fiquei estático e surpreso mas logo retribui o abraço. Acho que precisava disso.
— Eu sinto muito meu filho, eu nunca imaginaria que isso aconteceria com você, só pode ser uma maldição de família, kami isso é loucura. Eu não quero que você passe pelo o que eu passei meu amor, eu não quero vê-lo sofrer. — disse baixo em meu ouvido enquanto fazia carinho em meus cabelos.
— Já é tarde.
Eu já estava sofrendo mãe, sofrendo por alguém que eu não poderia ter, sofrendo por amar alguém de outro mundo. Um amor proibido.
Maldição.
Mas quer saber de uma coisa? se for pra sofrer que seja por algo que eu tenha feito. Sakura ainda tinha duas semanas antes do eclipse e depois eu não a veria nunca mais. E foi com esses pensamentos que eu tive uma pontada de esperança, esperança de ficar com ela ao menos alguns dias.