Capitulo 9

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Eclipse

Os dias ao lado de Sakura estavam sendo os melhores da minha vida, conheci uma parte da garota que ela escondia de todos, a garota legal, divertida e menos  ranzinza. Fizemos algumas coisas malucas como escalar até o topo da maior montanha da cidade e gritar para todo mundo ouvir, fomos ao cinema também, e Sakura experimentou sua primeira bebida.
Ela gostou mas mudou de ideia quando passou horas vomitando.
Ela realmente não sabia o que era curtir a vida e estava se divertindo com essas loucuras, uma semana havia se passado e na escola não escondíamos que estávamos juntos, as pessoas também não escondiam os olhares surpresos e o falatório sem noção.
Mas não nos importávamos com os outros, o legal era que estávamos bem e o resto do mundo que se explodisse.
Apertei seus dedos entrelaçados aos meus e ela sorriu desviando o olhar para a agulha que perfurava sua pele. Fazer uma tatuagem era mais um de seus desejos, ela estava animada pra isso e não demostrava estar sentindo dor.
O desenho do sol e lua juntos estavam dando um belo contraste em sua pele clara.
Em tantos lugares não entendi o por que ela queria fazer uma tatuagem justo na palma da mão.
— Prontinho. — depois de um longo tempo o tatuador terminou.
— Obrigada Hidan. — Sakura agradeceu admirando o desenho e sua mão.
Havia ficado legal.
— Ficou perfeito, combinou com sua pele. — ele sorriu a olhando de uma forma que eu não gostei nadinha.
Na verdade desde que entramos aqui eu não gostei dos olhares que ele estava lançando a ela, olhares cheios de segundas intensões.
— Serio? — Sakura o olhou sorridente,
— E eu sou homem de mentir? e cuida disso direito para não inflamar.
— Pode deixar. — ela desceu da maca e eu cruzei os braços observando os dois em uma conversa intima demais pro meu gosto.
Sakura ate sorria, que merda é  essa?
— Faça o que eu te mandei e ficara tudo certo.
— Tudo bem, ate mais.
— Se cuida. — ele acenou e Sakura devolveu o cumprimento me puxando porta a fora.
Saímos do local e Sakura se agarrou em meu braço parecendo animada. Ela não parava de olhar para a palma de sua mão contornando o dedo em volta do desenho.
— Por que esta calado? — ela quebrou o silêncio.
— Nada. — respondi sem tirar os olhos do caminho a minha frente.
— Não vou perguntar de novo.
— Você e aquele cara parecem se dar muito bem. — respirei fundo a olhando de esguelha.
Sakura enrugou a testa e assentiu lentamente.
— Ele é  um velho amigo.
Amigo? contra outra.
— Percebi. — soltei uma lufada de ar.
— O que foi? — ela voltou a insistir.
— O que?
— Você esta com uma cara azeda.
Azeda?
— É a única cara que eu tenho. — retruquei começando a me irritar.
— Ei a rainha das patadas aqui sou eu. — murmurou ofendida.
— Hn.
— O que deu em você em?
— Nada.
— Me responda ou vai se arrepender. — ela ameaçou.
Bufei parando de andar e a encarei sério fitando seu olhar calma e inexpressivo.
— Eu não gostei daquele cara. — deixei claro todo o meu descontentamento por seu amiguinho.
— Mas por que? O Hidan e tão legal e gente boa.
Agora ela conseguiu realmente me irritar.
— Então vai ficar com ele. — explodi.
Lhe dei as costas saindo dali a passos pesados desviando de uma garota de bicicleta, Sakura era uma irritante.
— Sasuke espera, ta ficando maluco? — ela me seguiu alterando a voz.
— Sim eu sou maluco e enxergo coisas onde não tem. — ironizei.
— Realmente, o que é  isso? Não me diga que é ciúmes?  — ouvi sua risada atrás de mim.
Ela estava brincando com minha cara.
— E se for? — retruquei me virando para ela que quase se esbarrou em mim.
— Eu diria que você esta equivocado.
— Equivocado o caralho ele parecia querer te comer com os olhos.
— Você esta vendo coisas onde não existem Sasuke. — revirou os olhos balançando a cabeça.
— Que se foda.
— Ei não seja paranoico.
Sakura me abraçou de lado e eu ouvi sua risada divertida.
— Ta rindo do que? — a olhei de esguelha.
— Você fica fofo com essa cara emburrada. — apertou minhas bochechas e eu fiz uma careta.
— Não seja irritante. — resmunguei.
— Você me chamou do que?
— Irritante.
Sakura estreitou os olhos e entrou a minha frente andando de costas.
— Sabia que não devia insultar uma bruxa? Ela pode te matar. — riu maléfica me lançando um olhar sugestivo.
A puxei pela cintura chocando seu corpo contra meu e Sakura espalmou as mãos em meu peito.
— Não tem coragem de me matar. — sussurrei em seu ouvido beijando a pele exposta de seu pescoço alvo.
Sua pele era tão macia e cheirosa.
— Nunca duvide de um ser de outro mundo. — suspirou apertando o tecido da minha camisa.
Sorri segurando seu rosto vidrado em seus olhos brilhantes, Sakura era a garota mais linda que eu já havia conhecido, ela tinha aquela pose de durona mas por dentro era apenas uma garota frágil que queria ter apenas uma vida normal.
Imaginava o quanto ela sofria por ter que carregar o fardo dos outros nas costas. Isso era uma grande droga, as vezes eu queria apenas fugir com ela para longe de tudo, teria coragem de desafiar qualquer um que tentasse rouba-la de mim.
— Sasuke? — sua voz me tirou dos meus devaneios.
— Vamos já esta ficando tarde.
Ela assentiu me abraçando e voltamos a caminhar em direção a sua casa, já estava escuro e a noite estava agradável.
Tentei esquecer os pensamentos de que iria perde-la em algum momento e aproveitei sua companhia.
— O dia foi legal, obrigada. — ela soltou um suspiro assim que paramos no portão de sua casa.
Olhei o movimento violento das árvores a nossa volta e assenti lentamente.
— Estou aqui quando precisar.
— Nos vemos amanhã na escola. — acenou andando para trás sem tirar os olhos de mim.
Ergui uma sobrancelha a seguindo.
— Não esta se esquecendo de nada?
— Estou? — riu travessa parando no lugar.
— Acho que eu mereço um beijo de despedida. — parei a sua frente segurando sua cintura fina.
— Esta se achando demais Uchiha. — enlaçou os braços em volta do meu pescoço colando seus lábios macios sobre os meus em um breve selinho.
Aprofundei o beijo explorando cada canto de sua boca sedento por mais, sentindo a explosão de sentimentos que aquela garota me fazia sentir.
Era incrível.
Ouvi uma tosse forçada e Sakura se afastou de mim rapidamente se virando para sua tia que estava parada o portão com uma pose séria.
Bufei. A mulher estragou meu momento.
— Tia.
— Se despeça do seu namorado, o jantar esta servido. — disse lentamente sem desviar os olhos de Sakura.
Ela estava bem diferente de quando a vi pela primeira vez, não tinha mais aquele olhar divertido, pelo contrário seus olhar era sério e inexpressivo.
— Estou indo, até amanhã Sasuke. — Sakura riu fraco e se afastou seguindo até a tia.
Lhe deu um aceno e a mulher balançou a cabeça em minha direção antes de fechar o portão me deixando sozinho no meio da rua vazia.
Me virei indo embora confuso, será que ela não gostava de mim? ela parecia tão de boa quando eu a conheci.
Vai entender.
— Sasuke. — minha mãe me parou assim que entrei em casa.
Me olhava inquieta mordendo o canto da boca, depois daquele dia minha relação com minha mãe estava um pouco estranha, nós poucos nos víamos e não mantínhamos muito diálogos. Não havia acostumado ter uma mãe bruxa e acho que não me acostumaria tão cedo.
Mas não estávamos brigados, até que estávamos bem e até agora eu não a vi voando em alguma vassoura por ai.
Eu juro que se ela fizesse isso eu pularia da janela e me matava.
— Hn.
— Você esta chegando tarde esses dias, o que anda fazendo? — questionou me olhando cética.
Dei de ombros.
— Estava fazendo algumas coisas. — passei por ela subindo as escadas apressado.
— O jantar esta servido.
— Vou tomar um banho primeiro.
— Estarei te esperando na mesa. — ainda ouvi sua voz quando virei o corredor entrando em meu quarto.
Eu gostava de banhos era um lugar bom para pensar e esses dias meus banhos estavam se tornando mais longos. Minha cabeça estava a mil e eu tentava não entrar em pânico com meus pesamentos conturbados, a cada dia que se passava eu me sentia cada vez mais nervoso, eu só tinha mais uma semana com Sakura e era como se eu estivesse correndo contra o tempo.
Era como se eu fosse perde-la a qualquer momento.
Não demostrava para Sakura mas eu estava com medo, eu já havia me apegado demais e não sei o que faria quando ela partisse. Eu sabia que não seria fácil e eu estava me preparando psicologicamente para quando esse dia chegar.
Não me surpreenderia se eu agisse por impulso e fizesse alguma merda para que ela não me deixasse.
Eu estava fudido.
Quando entrei na cozinha encontrei Mikoto me esperando como prometido, estava sentada na pequena mesa cheia de comida parecendo pensativa. Puxei uma cadeira me sentando a sua frente sentindo seus olhos negros me fitarem.
— Você estava com ela não é? — Mikoto quebrou o silêncio.
Peguei um prato me servindo a olhando de esguelha.
— Sim.
Não havia porque mentir.
Ela não disse nada e eu comecei a comer em silêncio, o gato irritante de Mikoto começou a se esfregar em minha perna e eu o chutei para longe recebendo um olhar raivoso do animal cheio de pelos.
Ele parecia fazer de propósito, sabia que eu não ia com a cara dele e vivia se esfregando em mim.
Gato feio.
— Filho eu acho que você esta se precipitando. — Mikoto murmurou me fazendo desviar a atenção da bola de pelos.
— O que que dizer com isso? — ergui uma sobrancelha levando mais uma colher de comida a boca.
— Não se deixe levar por uma paixão adolescente que não te levará a lugar algum.
A comida desceu rasgando em minha garganta.
— Esta tentando me afastar da Sakura é isso? — forcei minha voz a sair controlada.
Espero que ela realmente não esteja fazendo isso porque não vai funcionar.
— Não entenda mal, eu sou sua mãe e só quero o seu bem, têm tantas garotas bonitas e legais pela cidade por que não dê uma chance de conhece-las? vai ser legal pra você e...
— Eu já tenho uma garota. — a cortei começando a me irritar.
O que ela tinha na cabeça pra vir falar uma coisa dessas para mim?
— Filho você sabe que isso é loucura, não cometa os mesmo erros que eu por favor. — soltou um suspiro cansado me olhando em súplica.
— E desde quando se apaixonar é um erro? acha que eu mando na porra do meu coração? — me exaltei batendo as mãos na mesa fazendo um barulho irritante.
Mikoto balançou a cabeça.
— Você é igualzinho o seu pai. — riu sem humor.
— Não meta meu pai nessa história.
— Não seja cabeça dura Sasuke, estou tentando te proteger meu filho, bruxas não podem se envolver com humanos e eu não quero te vê sofrer por uma paixão mal resolvida. — ela se exaltou me lançando um olhar repreendedor.
— Isso é problema meu.
— Me escuta filho, deixa essa garota antes que seja tarde demais. Ela vai embora Sasuke e isso está mais perto do que você imagina e eu não quero te ver sofrer.
— Era só isso que queria dizer? — me levantei da mesa puto da vida.
Eu sabia que ela iria embora mas não precisava jogar na cara, eu sei o que eu estava fazendo e não precisava que ninguém me desse lição de moral.
— Por favor Sasuke não faça isso, aquela garota é importante para o nosso mundo, ela têm uma missão e não pode perder o seu foco.
— Não fale como se ela fosse apenas um mero objeto descartável. — trinquei os dentes apertando os punhos.
— Não estou a ofendendo, Sakura é muito poderosa e nasceu com o dever de cuidar do seu povo.
— Você passou pela mesma situação, devia me entender.
— É por isso que eu quero te proteger, eu só quero o seu bem meu filho, ja passei por isso e acredite vai doer muito. — me olhou com pena se levantando.
Eu não precisava de sua pena, eu não precisava dos seus conselhos malucos.
— Estou disposto a enfrentar isso.
— Sasuke.
Sai daquela cozinha ignorando seus gritos, eu queria gritar e quebrar alguma coisa mas isso não resolveria nada.
— Inferno de vida.

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